Leonardo
Acordei com uma pontada aguda no ombro. Era como se um ferro quente tivesse sido cravado em minha carne, irradiando uma dor constante que me fez prender a respiração. O quarto estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas pela luz fraca da lua que atravessava as cortinas. O som leve da respiração de Amber ao meu lado era quase reconfortante, mas mesmo isso não conseguia aliviar o incômodo no meu ombro.
Levantei-me com cuidado, tentando não fazer barulho. Cada movimento parecia amplificar a dor, mas a última coisa que eu queria era acordá-la. Caminhei até o banheiro, acendendo a luz fria. O reflexo no espelho revelou meu estado: o suor brilhava na minha testa, e a bandagem ao redor do meu ombro estava manchada de sangue seco. Tinha me esforçado mais cedo, forçando o ferimento, mas não me arrependia. Qualquer dor valia o momento que passei com Amber. E quando estivesse curado, eu a faria lembrar de tudo. De nós. De como era impossível resistir ao que tínhamos. Nem mesmo essa m*****a dor seria capaz de refrear meu desejo por ela.
Enquanto buscava o remédio no armário, ouvi um som vindo do quarto. Um gemido baixo, quase sufocado. Fechei a gaveta rapidamente e voltei, o coração acelerando. Amber estava se debatendo na cama, a testa franzida, os lábios tremendo. Ela murmurava palavras desconexas, e as lágrimas que deslizavam por seu rosto reluziam à luz suave do abajur.
"Não... por favor, não..." A voz dela, mesmo baixa, estava carregada de angústia.
"Amber?" minha voz soou firme, mas hesitante. Me aproximei, sentando na beira da cama, tocando seu braço levemente. "B, estou aqui."
Ela não respondeu. Em vez disso, começou a chorar mais alto, seus soluços preenchendo o silêncio do quarto. "Para... por favor, para..." As palavras dela eram um sussurro apavorado, carregadas de um medo que eu não compreendia.
"Amber, acorde," insisti, minha voz ficando mais alta e urgente. Tentei segurá-la pelos ombros, mas seus gritos estrondaram, me congelando no lugar.
Quando finalmente abriu os olhos, ela se afastou com um pulo, encolhendo-se contra a cabeceira da cama. Seus braços rodearam os joelhos, escondendo o rosto. Ela tremia visivelmente, como se estivesse tentando se proteger de algo ou alguém.
"B?" minha voz saiu rouca, cheia de preocupação. Levantei a mão para tocá-la, mas ela recuou, como se meu toque fosse queimar sua pele. Meu peito apertou. "Está tudo bem, você está segura. Sou eu, Leonardo."
Ela permaneceu imóvel por longos segundos, e então murmurou, a voz falhando: "Foi só... um pesadelo. Me desculpe se o assustei."
Seus olhos finalmente me encararam. A confusão deu lugar à preocupação quando percebeu minha posição, sentado com as pernas para fora da cama. "Por que está assim? Você precisa de algo?" perguntou, limpando o rosto com pressa, tentando soar firme. "Eu te acordei? Te machuquei de alguma forma? Leo, o que eu fiz?"
"Não," fale, tentando afastar a culpa do olhar dela. "Eu estava no banheiro quando você...Só precisava ir ao banheiro."
"Devia ter me chamado," ela insistiu, a voz mais doce. "Eu teria ajudado."
"Você acha que pode resolver tudo sozinho, Martinucci," ela retrucou, com um sorriso breve e cansado. Mas havia algo em seus olhos, um misto de cansaço e dor que me deixou inquieto.
Ela ajeitou os cobertores ao meu redor, os gestos rápidos, como se quisesse terminar logo. Antes que pudesse se afastar, segurei sua mão.
"Amber," minha voz era baixa, mas firme. "Com o que você sonhou?"
Ela hesitou, o corpo inteiro congelando. Por um instante, pensei que fosse responder, mas, em vez disso, desviou o olhar, puxando a mão delicadamente. "Durma, Leo. Você precisa descansar."
Sua voz era doce, mas carregava um peso que parecia me sufocar. Não insisti, não naquela noite. Ela precisava de descanso, mesmo que eu não conseguisse dormir. Enquanto ela se ajeitava ao meu lado, com os olhos ainda marcados pela dor, tomei uma decisão silenciosa.
Eu descobriria tudo o que Calton tinha feito a ela. Cada palavra, cada toque, cada marca que ele deixara em sua alma. E faria ele pagar – não apenas por cada lágrima que roubou, mas por cada momento de paz que ela perdeu. Não havia força no mundo que me impedisse de desfazer o que ele fez.
Amber merecia mais. Ela merecia sentir-se livre novamente. E se isso significasse atravessar o inferno por ela, então eu faria isso com um sorriso. Porque ela era minha, e eu nunca mais permitiria que alguém a ferisse.

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