Leonardo
O aroma de café fresco me puxou do torpor da febre, mas foi o toque suave de Amber em minha mão que realmente me despertou. Abri os olhos devagar, ainda lutando contra a dor pulsante no ombro e a fraqueza que me prendia à cama.
"Desculpe, não queria te acordar," ela murmurou, sua voz doce, mas carregada de preocupação.
"Não tem problema," respondi, entrelaçando nossos dedos. O simples contato me trazia algum conforto, mesmo enquanto meu corpo protestava a cada respiração mais funda.
Amber apontou para a bandeja ao lado da cama. "Trouxe café da manhã pra você. Como está se sentindo?"
Desviei o olhar para a comida, mas só a visão da sopa e do pão já me deixava nauseado. Tentei sorrir. "Estou bem."
Ela estreitou os olhos, me estudando com aquela expressão que eu conhecia bem. "Para de mentir pra mim, Leo."
Suspirei, derrotado. "Está doendo pra caralho, mas logo passa."
Ela não respondeu de imediato, mas ergueu a mão, pousando-a em minha testa. Sua pele era fria contra a minha, o que só confirmou o que ela já sabia. "Ainda está com febre," disse com um suspiro. Amber se levantou, claramente com a intenção de buscar algo, mas segurei sua mão antes que ela se afastasse, levando-a aos meus lábios.
"Não se preocupe tanto. Eu estou bem, de verdade." menti, tentando aliviar aquela carga que ela tinha pego para ela.
Ela me encarou, séria, os olhos avaliando minha expressão. Após alguns segundos, soltou a mão e caminhou até o banheiro. Quando voltou, trazia uma compressa fria, que colocou delicadamente na minha testa.
"A equipe médica já foi chamada," ela disse.
Bufei, irritado. "Não precisa disso."
"Precisa sim," sua voz firme não deixava espaço para discussão. "Você teve febre a noite toda, e os remédios não estão funcionando."
Fechei os olhos, derrotado. Ela estava certa, claro, mas aceitar ajuda sempre foi uma batalha para mim. Ainda assim, sabia que não podia continuar relutando. Talvez o médico pudesse me dar algo mais forte para lidar com a dor e a febre.
"Preciso ir ao banheiro," anunciei, tentando mudar de assunto.
"Deixa que eu te ajudo."
Tentei levantar sozinho, mas assim que me movi, a tontura me atingiu como um golpe. Sentei de volta na cama, respirando fundo, lutando para não mostrar o quanto estava mal.
Amber rapidamente se posicionou na minha frente. "Se apoia em mim," ofereceu, estendendo os braços.
"Você não aguenta meu peso," brinquei, tentando aliviar a tensão.
Ela arqueou uma sobrancelha. "Não vou te carregar no colo, Leo. Só te apoiar."
Apesar da relutância, aceitei. Com a ajuda dela, consegui chegar ao banheiro, cada passo uma luta contra a fraqueza que tomava conta de mim. Quando chegamos, pedi para que ela esperasse do lado de fora.
No pequeno espaço do banheiro, deixei minha máscara cair. Minhas pernas tremiam, e o suor frio que escorria pelo meu rosto era prova de que eu estava muito pior do que queria admitir. Fiz o que precisava rapidamente e saí, me apoiando nas paredes.
Amber estava me esperando. Sem dizer nada, passou meu braço sobre seus ombros e me ajudou a voltar para a cama. A dor pulsava em meu ombro, e o esforço me deixou mais tonto do que antes.
"Quer comer alguma coisa?" ela perguntou, preocupada.
"Não," murmurei, fechando os olhos. "Estou bem."
"Você precisa se alimentar, Leo. Como vai recuperar as forças assim?"
"Já disse, estou bem, B."
Antes que ela pudesse insistir, batidas suaves na porta interromperam a discussão. Amber foi até lá e abriu, revelando o médico e uma enfermeira. Ela os cumprimentou rapidamente e fez sinal para que entrassem.
"Agora, limpe a área com esta solução," continuou a enfermeira. "Use movimentos suaves, assim."
Amber seguiu as instruções, enquanto eu respirava fundo, reprimindo qualquer som que pudesse preocupá-la ainda mais.
"Ótimo trabalho," a enfermeira elogiou. "Agora, aplicamos o antibiótico tópico e cobrimos com um novo curativo."
Amber finalizou a troca sob o olhar atento da enfermeira. Quando terminaram, ela se virou para mim, passando a mão suavemente pelo meu braço. "Está tudo bem?"
Assenti, tentando sorrir. "Está perfeito. Obrigado, B."
A enfermeira e o médico se prepararam para sair. "Troque os curativos diariamente," o médico recomendou. "E, por favor, nada de esforços físicos. Seu corpo precisa de descanso para combater a infecção e cicatrizar."
Amber os acompanhou até a porta e agradeceu antes de fechar. Quando voltou para o quarto, sua expressão tinha mudado. Seus olhos estavam sérios, quase ferozes.
"Agora você vai se comportar," ela declarou, cruzando os braços.
"Amber, eu—"
"Nada de desculpas, Leonardo. Você passou dos limites, e olha onde isso nos trouxe. Inflamação, febre, ponto estourado! Você tem ideia de como fiquei apavorada? Você precisa parar de agir como se fosse imortal."
Suspirei, levantando as mãos em rendição. "Eu sei. Você está certa."
Ela soltou o ar, aliviada, e se sentou ao meu lado. "Bom. Porque, da próxima vez, eu mesma vou te amarrar na cama se for preciso."
Não consegui segurar a risada, apesar da dor. "Huum, algumas ideias surgem em minha mente com suas palavras."
"Safado!" ela bateu a mão em minha coxa, "Agora descanse." Ela me ajudou a achar uma posição melhor, e saiu levando a bandeja intocada de café da manhã.

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