Amber
A madeira antiga das escadas rangeu sob meus passos enquanto descia com a bandeja, aproveitando o silêncio raro da casa para organizar meus pensamentos. Mas esse momento foi curto. A porta da frente se abriu com força, revelando um casal que exalava autoridade e sofisticação.
A mulher, alta e elegante, vestia um conjunto Chanel creme que parecia saído de uma revista. O homem ao seu lado, impecável em um terno azul-escuro, irradiava a mesma aura de poder, seu olhar avaliador cruzando o hall. Senti minha coluna se enrijecer instintivamente.
"Bom dia," cumprimentei, parando a meio caminho das escadas.
Eles mal tiveram tempo de responder antes que Magnus surgisse do corredor. Seu tom cortês parecia tenso, como se soubesse o impacto que aquela visita teria. "Senhor e senhora Martinucci, bom dia."
Congelei. Os pais de Leonardo. A revelação caiu como uma pedra no estômago. Eles eram exatamente como imaginei: imponentes, exigentes, o tipo de gente que espera que o mundo gire ao seu comando.
"Magnus," a mulher começou com impaciência, "onde está meu filho? Fomos ao hospital e nos disseram que ele teve alta. Como ele pode não nos avisar?" Terminei de descer os degraus querendo sair daquele lugar.
Porém, Magnus, em um gesto calculado, tomou a bandeja de minhas mãos. "Amber pode explicar melhor." Ele lançou um olhar significativo, como se passasse a responsabilidade diretamente para mim.
Mordi o lábio, o olhando feio, mas voltei minha atenção aos dois.
"O café da manhã era para ele?" Tomaso, o pai de Leonardo, perguntou, a voz grave carregada de autoridade.
"Sim, senhor," murmurei, engolindo em seco. "Ele precisa se alimentar para melhorar."
"Quero ver meu filho," Eleonora declarou, já se movendo em direção às escadas com passos decididos.
"Agora não é o melhor momento," intervi, parando na frente dos degraus. "Ele acabou de ser medicado e precisa descansar. Teve febre alta durante a noite inteira."
Eleonora parou, voltando-se para me encarar. Seus olhos eram frios e avaliadores. "Tenho certeza de que Leonardo quer ver os pais."
"Não é essa a questão," retruquei, mantendo a calma. "O médico foi claro sobre a importância de repouso absoluto. Por favor, peço um pouco de compreensão."
Ela resmungou algo em italiano que não consegui decifrar e tentou seguir em frente, mas me posicionei delicadamente em seu caminho. "Senhora Martinucci, foi uma noite muito difícil. Ele só precisa de algumas horas para o medicamento fazer efeito. São as recomendações médicas, tenho certeza que assim que ele se sentir melhor, poderão vê-lo."
"Quem você pensa que é?" Tomaso explodiu, a voz ecoando pelas paredes do hall. "Saia da frente, empregada. Nós sabemos o que é melhor para nosso filho!"
Engoli a raiva crescente que queimava dentro de mim, mas antes que pudesse responder, o som retumbante de uma bengala batendo no chão preencheu o ambiente. Todos se viraram em direção à origem do som.
Nonna Rosa sorriu de forma discreta, quase como quem já tinha planejado aquele momento. "Sim, cara mia. E estes são seus possíveis netos. Agora, o que acham de agirem como uma família civilizada e pararem com esta cena?"
O choque nos rostos dos Martinucci era palpável. Fiquei dividida entre a vontade de rir da situação e o medo do que viria a seguir. Não era assim que Leonardo havia planejado que eles soubessem, mas parecia que a verdade havia finalmente encontrado seu caminho.
O olhar atordoado que trocaram me fez perceber algo: aquela era a primeira vez que sua visão de controle e perfeição havia sido abalada. E, ironicamente, talvez fosse exatamente o que precisavam.
"Como..." O ar parecia lhes faltar.
"Crianças, vão ficar com as babás. Em alguns minutos vou ficar com vocês." Bella os olhou de cima a baixo, enquanto Louis já corria de volta para o quarto.
"Vocês são os papais do tio Léo?" Bella perguntou, estreitando os olhos de forma suspeita.
"Sim," Tomaso respondeu, hesitante. "E você... se parece com..."
Sua voz falhou, enquanto o peso da verdade os atingia.

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