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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 105

Lorenzo Bianchi

No dia seguinte, acordei com a luz entrando pela janela, cortando o quarto em faixas douradas. Era como se o sol me chamasse de volta à realidade, mas minha cabeça ainda estava lá — na noite anterior, na voz da Aurora, no céu cor de vinho. Me espreguicei devagar, como quem tenta prolongar o tempo entre o sonho e o mundo.

Desci para a cozinha, onde meu avô já estava sentado, mexendo devagar o café com uma colher de metal que parecia ter mais anos que eu.

— Dormiu bem, Lorenzo? — ele perguntou sem olhar, os olhos fixos na xícara.

— Dormi, sim, nonno. Sonhei com casa.

Ele me lançou um daqueles olhares que furam a pele, como se soubesse exatamente o que eu queria dizer mesmo sem eu explicar.

— Às vezes, a gente só entende onde é a nossa casa depois que vai embora dela — disse, antes de levar o café à boca. — E às vezes, a gente descobre que casa pode ser uma pessoa também.

Fiquei quieto. Ele sempre foi assim, direto, certeiro, como se conversasse com o coração da gente sem passar pelo resto.

Saí para o quintal depois do café. Sentei de novo nos degraus da varanda, no mesmo lugar de ontem, esperando talvez que alguma resposta viesse com o vento. Mas o que veio foi a lembrança do nome dela no papel. Aurora. Lembrei da forma como soava quando ela ria, do jeito que seus olhos se apertavam quando o mundo a deixava desconfiada, da coragem silenciosa com que segurava a tristeza quando achava que ninguém via.

Peguei meu caderno. Rabisquei uns traços sem pensar, e logo a silhueta do parreiral apareceu, com uma figura no meio — cabelos soltos, mãos sujas de tinta, o vestido de sempre. Era ela. Sem querer, sempre era ela.

O dia passou devagar. A cada hora, eu contava mentalmente quantas faltavam até voltar. Já não era só saudade — era ansiedade, uma espécie depressa mansa de vê-la, de ter certeza de que ela ainda estava ali, do mesmo jeito.

À noite, jantei com meus pais e meu avô. Conversamos sobre coisas bobas: as reformas na casa, as histórias antigas do vilarejo, a vez em que meu pai caiu do galho do limoeiro tentando impressionar minha mãe. Mas minha cabeça estava longe. Estava nos olhos castanhos da Aurora, que pareciam me enxergar mesmo quando eu fingia estar bem.

Quando subi para o quarto, o celular já estava na minha mão antes mesmo de eu perceber. Tinha uma mensagem dela.

Aurora:

Hoje o céu tá sem graça. Acho que ele também sente sua falta.

Ri sozinho, encostado na cabeceira da cama.

Lorenzo:

Prometo colorir ele de novo quando voltar.

Ela respondeu quase na hora.

Aurora:

Então volta logo.

Fiquei olhando aquela frase como se ela fosse uma porta entreaberta. Quis atravessar. Quis dizer tudo. Que eu pensava nela o tempo todo. Que sentia falta até do jeito que ela brigava comigo quando eu esquecia o avental sujo em cima das cadeiras. Que a voz dela era o meu abrigo.

Mas escrevi só:

Lorenzo:

Mais um dia. Aí eu volto para casa.

Não precisava dizer mais. Ela ia entender.

Naquela noite, dormi mais leve. Como se o coração soubesse que, mesmo longe, eu não estava sozinho. E que às vezes, o amor é isso: uma conversa no fim do dia, uma foto de um céu estranho, um silêncio compartilhado.

Ou o nome dela no meu caderno, esperando ser parte de um futuro que, talvez, já tivesse começado.

Na manhã seguinte, a notícia chegou como chegam as mudanças de estação: sem pedir licença, mas inevitável. Meus pais estavam sentados à mesa junto aos meus avós quando desci, a mesma de todos os dias, mas havia algo diferente no ar — como se o mundo tivesse mudado de cor durante a noite.

— Lorenzo — meu pai começou, com a voz de quem pesa cada palavra antes de soltá-la —, chegou a resposta da universidade. Você foi aceito. Sua avó e seu avô falou que pode ficar aqui com eles caso não queira ir para o alojamento da universidade.

Capitulo 105 1

Capitulo 105 2

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