Vittorio Bianchi
Ao sairmos do hospital decido perguntar para Heloisa se ela já se decidiu se vai ou não ficar aqui. Ela me olha com tom de desafio e fala que está considerando e o mais tentador é quando ela me desafia a convencê-la a ficar.
Dou um sorriso de lado e a prendo entre meu corpo e o carro, sinto sua respiração ficar irregular e o brilho desafiador em seus olhos me instiga, mas é a forma como sua respiração vacila que me dá a certeza de que estou no caminho certo. Meu rosto se aproxima do dela, e posso sentir o calor de sua pele, desço meus lábios até seu pescoço e depósito um beijo ali, seguindo meus lábios até sua orelha.
— Quer que eu a convença, Heloisa? — murmuro, minha voz saindo baixa, rouca. Um pouco mais alto que um sussurro.
Seus lábios se entreabrem, e o brilho nos olhos vacila por um segundo, como se ela própria estivesse surpresa com sua reação. Gosto dessa oscilação, desse conflito que vejo se desenrolar em sua expressão. É um jogo, e ela sabe disso. Mas, diferente do que talvez imagine, não estou aqui apenas para vencer.
Deslizo os dedos pela linha de seu maxilar, um toque leve, quase uma carícia.
— O que exatamente você quer que eu diga? Que há mil razões para ficar? Que sua vida pode ser diferente aqui? Que talvez, só talvez, eu possa ser um motivo para você reconsiderar? — Meus lábios quase tocam os dela, mas seguro o momento, apreciando a tensão que cresce entre nós.
Ela inspira profundamente, seus olhos deslizando dos meus para minha boca. O silêncio entre nós é carregado de expectativa. Então, Heloisa ergue o queixo, tentando retomar o controle que lentamente se esvai de suas mãos.
— Você realmente acha que pode ser um motivo para mim? — sua voz sai baixa, mas firme, desafiando-me mais uma vez.
Sorrio, sabendo que a batalha ainda não terminou. Aproximo novamente minha boca de seu ouvido e sussurro:
— Eu não acho. Eu sei.
A tensão se intensifica, e por um momento, tudo ao redor desaparece. É só nós dois, esse jogo de vontades e a dúvida pairando no ar. Será que ela vai ceder? Será que eu quero que ceda tão rápido? Ou será que o verdadeiro prazer está justamente em fazê-la desejar ficar por conta própria?
Sei que preciso dar a ela um motivo, mas, no fundo, também quero descobrir o que exatamente me faz querer que ela fique.
No caminho de volta para casa, o silêncio entre nós é denso, carregado de tudo o que ficou sem ser dito. Dirijo com uma das mãos no volante e a outra apoiada sobre minha perna, tentando ignorar a forma como o ar dentro do carro parece eletrizado.
Heloisa olha pela janela, mas sei que está ciente de cada movimento meu. Posso sentir sua inquietação, o modo como desliza os dedos pelo tecido da calça, como se precisasse de algo para ocupar as mãos.
— Por que tanto silêncio? — pergunto, minha voz cortando a tensão.
Ela vira o rosto em minha direção, os olhos brilhando sob a iluminação fraca da rua.
— Talvez eu só esteja pensando se você realmente sabe do que está falando.
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