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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 110

Camille Dubois

Desde o primeiro momento em que vi Lorenzo, soube que ele era diferente.

Tinha aquele ar distraído de quem pensa mais do que fala, e uma doçura nos gestos que contrastava com os outros caras barulhentos da faculdade.

Enquanto todos competiam para serem ouvidos, ele falava de taninos e terrois como se estivesse contando segredos.

E eu... me encantei.

Me encantei pelo jeito como ele analisava um vinho, mas também por como ele parecia alheio a tudo o que o cercava. Como se estivesse sempre longe — ou preso em alguma lembrança.

E talvez fosse isso que mais me atraiu: a ausência dele.

Naquela época, Lorenzo ainda era um mistério. Um pouco distante, evasivo. Não era o tipo que se jogava de cabeça em nada.

Mas eu estava decidida. Usei tudo o que sabia — meu charme, minha presença, meu tempo. Me aproximei aos poucos, sem pressionar.

Comecei sentando ao lado dele nas aulas, depois nos grupos de estudo. Ofereci caronas, convidei para cafés, sugeri almoços.

E então veio Diego.

O amigo que sempre sabe demais e fala um pouco além da conta.

Numa tarde qualquer, entre uma taça de vinho tinto e risadas leves, perguntei:

— Lorenzo ainda pensa naquela garota da Itália?

— Primeira paixão dele. Primeiro beijo também. Acho que foi num parreiral ou algo assim... Meio poético. Acho que sim.

Senti um gosto amargo na boca. E pela primeira vez, soube: havia alguém antes de mim. Alguém que ainda morava nele.

— Mas não se preocupa — Diego disse, quase como um consolo. — Já levei ele para algumas festas. O cara não é mais virgem, te garanto. Mas com a italiana foi... diferente.

Diferente.

Essa palavra me perseguiu por semanas. Lorenzo não era meu ainda. Mas eu queria que fosse.

Queria apagar aquela memória. Queria que ele olhasse para mim com o mesmo brilho que — eu imaginava — ele um dia teve por ela.

Então tomei uma decisão. Fui eu quem o beijei pela primeira vez. Fui eu quem o levou para o quarto.

Fui eu quem acendeu as luzes, mesmo sabendo que ele ainda andava às escuras por dentro.

E na manhã seguinte, quando ele me olhou com olhos calmos e confusos, achei que tinha conseguido.

Achei que ele começaria a esquecer.

Fui me tornando presente. Constante. Previsível.

A namorada. A parceira nas apresentações. A companhia para o jantar.

Palavras doem. E eu já estava muito machucada. Queria senti-lo, e com essa ideia comecei a tirar minhas roupas, uma a uma, como quem se despede de uma dor.

Me aproximei dele sem fazer alarde. Apenas deixei meu corpo falar onde minha alma já estava rouca.

Me sentei em seu colo e encostei minha testa na dele.

— Me olha — sussurrei, quase num pedido.

E ele olhou. Por um segundo, fui tudo. Fui consolo, abrigo, calor. Fui Aurora e não fui. Fui Camille inteira, crua, entregue.

Seus braços hesitaram, mas depois me envolveram. Seu toque era terno, mas distante. Como quem segura algo que teme perder.

Eu sabia. Sabia que o corpo podia mentir, que a pele podia fingir amor onde só havia necessidade. Mas, ainda assim, continuei. Não por ele. Por mim. Porque naquele instante, eu precisava lembrar que estava viva.

Que ainda tinha algo a oferecer. Mesmo que não fosse amor, fosse apenas desejo. Mesmo que fosse só presença. Fechei os olhos, e por um momento, fingi que ele me amava.

Que aquele silêncio entre nós era cheio de promessas, e não de despedidas. Mas quando tudo acabou, quando nossos corpos se separaram e só restava o peso do que não foi dito, eu soube. Ele ainda era dela.

E eu? Eu era só o ponto final de um parágrafo que já havia sido escrito em outro idioma.

Me levantei, vesti minha camisola em silêncio e me deitei virada para o outro lado da cama, longe dele.

Fechei os olhos, para as lagrimas não caírem. E adormeci ao seu lado, nos braços do meu amado. Não importa o quanto errado minha cabeça grita que é, meu coração fala que é o certo e tenho que tentar de todas as formas.

Após as apresentações em Florença partiremos para Toscana para casa dos pais dele, e lá, serei a namorada, a Aurora será apenas a garota que cresceu com ele. Nada mais.

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