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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 111

Aurora Rossi

Terminada as apresentações em Florença, fui surpreendida pelo meu professor de história da arte quando me falou que por conta do meu sucesso aqui em Florença terei duas, semana de folga, podendo assim ir visitar minha família que não via há quase um ano.

Embora seja feliz com a novidade, meu coração se aperta ao lembrar que o Lorenzo também estará lá e com ela.

*******

A viagem para casa foi tranquila e quando finalmente cheguei não podia imaginar a felicidade dos meus pais ao me ver.

O som do portão se abrindo ecoou como música nos ouvidos dos meus pais. Quando desci do carro, mal consegui dar dois passos antes de ser engolida pelos braços da minha mãe. Ela chorava sem se importar com mais nada, apertando-me como se quisesse recuperar o tempo perdido em um só abraço. Meu pai, mais contido, esperou pacientemente ao lado até que conseguiu me puxar para ele, me levantando do chão com facilidade, mesmo depois de tantas primaveras vividas.

— Minha filha, olha só para você! — disse ele, com os olhos marejados. — Veneza e Florença fez bem demais para ti.

— Estamos tão orgulhosos! — completou minha mãe, segurando meu rosto entre as mãos, como se quisesse ter certeza de que eu era real.

Entramos em casa entre risos, histórias atropeladas e muitos “você não vai acreditar no que aconteceu!”. Me sentei à mesa da cozinha, o cheiro de alecrim e pão recém-assado me envolveu como um cobertor quente. Era o sabor de casa, de pertencimento. Meus tios de coração e donos do vinhedo, pais do Lorenzo, chegaram pouco depois, e o reencontro foi uma mistura caótica de abraços, piadas internas e gritos de alegria. Por um instante, esqueci do que me esperava.

Mais tarde, enquanto o sol tingia o céu com tons de rosa e dourado, todos se reuniram na sala. Me pediram para contar sobre Florença, sobre a exposição, sobre o reconhecimento.

— Quando o curador veio falar comigo, pensei que fosse uma brincadeira — contei, rindo. — Mas ele realmente queria incluir minhas obras na galeria. E depois, quando os convites começaram a chegar… bem, foi tudo muito rápido.

Meus pais se entreolharam, os olhos brilhando de orgulho. Minha mãe levou a mão ao peito como se quisesse conter o coração.

— Você sempre foi talentosa, Aurora. Só precisava do lugar certo para brilhar.— falou tia Heloísa, orgulhosa.

Queria congelar aquele momento. Guardar em frascos cada sorriso, cada olhar cheio de carinho. Mas a realidade não demora a bater à porta — ou melhor, a tocar a campainha.

O som estridente cortou o riso da sala. Meu tio Vittorio se levantou para atender, e, quando a porta se abriu, ouvi uma voz que conhecia bem demais. Uma voz que meu coração ainda reconhecia mesmo que eu tentasse ignorá-la, uma voz que mexe comigo por mais que tente esquecer.

— Boa noite! — disse Lorenzo, entrando como se aquele espaço ainda fosse dele.

E talvez ainda fosse, para todos os outros. Mas não para mim.

Meu olhar buscou o dele por reflexo, mas foi interrompido quando ela apareceu atrás dele, colada ao seu braço. Meu coração parou por aquele contato.

— Pai, mãe, tia Isa e tio Matheu. Esta é a Camille — disse ele, com um sorriso leve e orgulhoso. — Minha namorada.

Quando voltei à sala, percebi que Camille contava uma história sobre Paris — claro, ela morava lá, e estudava em Nova Iorque, na mesma turma do Lorenzo ou algo assim. Era o tipo de lugar que Lorenzo sempre sonhou conhecer comigo, mas que nunca tivemos a chance de visitar juntos. Agora ele escutava atentamente cada palavra dela, os olhos brilhando. Os mesmos olhos que já haviam brilhado por mim.

Senti uma pontada aguda de algo que não sabia nomear — ciúmes, talvez, ou só saudade do que poderia ter sido. Mas não deixei transparecer.

— Vou para casa um pouco, deixar minhas malas no quarto — anunciei, com um sorriso rápido.

Ninguém pareceu notar a urgência na minha voz, exceto Lorenzo. Seu olhar me seguiu, curioso. Por um segundo, pensei que ele fosse dizer algo, mas permaneceu calado, com a mão de Camille entrelaçada à sua.

O caminho até minha casa nunca foi tão longo, mas assim que cheguei, fui direto para o quarto, fechei a porta e encostei-me a ela, respirando fundo. A madeira fria nas minhas costas era um contraste reconfortante diante da tempestade que borbulhava dentro de mim. Caminhei até a janela e empurrei as cortinas. Lá fora, o céu ainda guardava os últimos tons dourados do entardecer. O vinhedo se estendia além do jardim, sereno, como se nada tivesse mudado. Como se o mundo continuasse no lugar, mesmo quando tudo dentro de mim estava fora de ordem.

Sentei-me na beira da cama e deixei os pensamentos me invadirem.

Ele seguiu em frente.

E eu…?

Eu voltei para casa esperando reencontros, abraços, talvez até um pouco de cura. Mas havia esquecido que algumas feridas não se fecham só com o tempo. Algumas, a gente aprende a conviver. Outras, a gente é forçada a reabrir, mesmo quando não quer.

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