Lorenzo Bianchi
Não esperava encontrar com a Aurora aqui novamente, ela saiu de Florença sem falar comigo nem me agradeceu pelas flores.
Trouxe Camille comigo, pois tinha certeza que a Aurora tinha ido para Veneza, mas agora não acho que tenha sido uma boa ideia ela ter vindo.
— Amor, onde fica nosso quarto? — Camille perguntou me torrando dos meus pensamentos.
— Você pode dormir no quarto de hóspedes, só espera mandar preparar. — falou minha mãe.
— Não Mãe, a Camille vai ficar no mesmo quarto que eu. Isso não é um problema para nós.
Com um sorriso no rosto minha mãe acompanhou Camille até meu quarto e foi a hora do meu pai me encarar, dessa vez sei que não tenho saída.
Fiquei parado por alguns segundos, observando as costas da minha mãe sumirem corredor adentro com Camille. Meu peito ainda apertado com a imagem da Aurora ali, naquela sala, tão perto e, ao mesmo tempo, inalcançável. Ela estava diferente. Mais bonita, mais forte. E também mais distante. Não olhou para mim como antes. O sorriso dela foi educado, impessoal. Um estranho. Eu me tornei um estranho para ela.
— Lorenzo. — A voz do meu pai cortou meus pensamentos como uma navalha. Baixa, firme.
Levantei os olhos e encontrei os dele. Não era raiva o que vi. Era decepção. Pior. Muito pior.
— Vem comigo.
Segui em silêncio, como se estivesse indo para um julgamento cujo veredito eu já conhecia. Entramos no antigo laboratório, agora transformada em um escritório. Ele fechou a porta atrás de nós e cruzou os braços, se encostando na escrivaninha. O silêncio entre nós era denso, como uma tempestade prestes a desabar.
— Você sabia que ela estaria aqui?
— Não. Achei que estivesse em Veneza — respondi, com honestidade. — Ela não respondeu minhas mensagens. Não me procurou. Deixei flores na recepção do hotel e ela não me respondeu.
Meu pai arqueou uma sobrancelha.
— E você procurou ela de verdade, Lorenzo? Você foi atrás? Ou achou que umas flores seriam o suficiente?
Engoli em seco.
— Eu… Eu tentei. No começo, tentei. Mas ela foi embora sem dizer nada, pai. Sumiu. Eu estava magoado também. Achei que talvez fosse melhor assim.
— Magoado? — ele riu, sem humor. — Você prometeu voltar para ela. Prometeu que estudaria e voltaria para ela como um enólogo de sucesso. A Aurora acreditou. E, pelo que eu sei, esperou. Até que o silêncio virou resposta. E ela seguiu em busca dos próprios sonhos.
Abaixei a cabeça, sentindo o peso da verdade. Ele estava certo. Eu havia dito que voltaria. Que só precisava de um tempo. Que tudo entre nós seria diferente depois de Nova Iorque. E depois… nada. O tempo passou, e eu me afundei em uma rotina cômoda ao lado de alguém que não exigia nada do meu coração. Com Camille era fácil. Seguro. Mas nunca foi Aurora.
— Ela merece uma explicação, Lorenzo. Merece ouvir a verdade de você. — A voz dele suavizou um pouco. — Eu vi o jeito como você olhou para ela hoje. E também vi como ela olhou para você… antes de ver a outra no seu braço.
Fechei os olhos. A cena ainda latejava na minha cabeça. O olhar da Aurora. Um breve instante de surpresa, depois mágoa contida. Uma muralha erguida com pressa. Ela não disse nada, mas disse tudo.
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