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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 19

Vittorio Bianchi

O relógio marca quase meia-noite, mas o sono não vem. Estou sentado no escritório improvisado da casa de Hugo, um copo de uísque intocado ao meu lado. A única iluminação vem do abajur sobre a mesa, lançando sombras pelo cômodo.

Minha mente está presa no que aconteceu mais cedo. O telefonema sobre o problema com o novo espumante foi o suficiente para me fazer decidir que preciso voltar para a Itália. Mas agora que estou aqui, encarando a mala meio aberta no canto do quarto, algo me incomoda mais do que qualquer problema na vinícola.

Ela não está aqui.

Ela está na França, conhecendo a Casa Blanca, deixando Augustus Bernard guiá-la por corredores que não deveriam ser dele.

Meu maxilar se contrai ao pensar nisso. Não deveria me importar, deveria? Afinal, incentivei que ela fosse. Disse que esperaria. Que deixaria ela tomar essa decisão sozinha.

Mas agora que estou prestes a partir, tudo parece... errado.

Meu celular vibra sobre a mesa, e eu o pego sem pensar. Talvez seja algo da vinícola de novo. Talvez seja Hugo. Mas quando olho para a tela, meu peito aperta.

Heloisa.

Por um segundo, tudo dentro de mim congela.

Ela nunca me ligou antes. Nunca foi ela quem procurou contato primeiro.

Atendo no terceiro toque, mantendo a voz controlada.

— Heloisa.

Do outro lado da linha, ouço um suspiro. Há ruído ao fundo, vozes distantes, o barulho de um copo sendo colocado sobre uma mesa.

— Você ainda está acordado? — A voz dela é baixa, quase hesitante.

Meu peito aperta.

— Estou. — queria falar pensando em você, mas minha voz não sai.

Ela fica em silêncio por alguns segundos. Posso imaginar sua expressão, o jeito que provavelmente está mordendo o lábio, incerta sobre o que dizer.

— Como está a Itália? — pergunta, enfim.

Meu maxilar trava. Então é isso? Ela quer fingir que não está na França, que não está na maldita Casa Blanca?

— Não estou na Itália — respondo. — Continuo na casa de seus pais.

O silêncio do outro lado é instantâneo.

— O quê? Por que?

— Ainda estou aqui. Te esperando…

Posso ouvir sua respiração acelerar levemente.

— Pensei que já tinha voltado para la.

— Preciso voltar amanhã.

Mais silêncio. Meu peito pesa. Ela não perguntou por quê. Não perguntou o que me fez ficar tanto tempo.

— Você gosta de lá? — solto, antes que possa me conter.

Ela hesita.

— É diferente. Mas interessante.

Diferente. Interessante. Quero rir. Quero socar algo. Quero saber se Augustus está por perto.

— Augustus tem sido um bom anfitrião?

Ela solta uma risada baixa, e algo dentro de mim se revira.

— Você quer mesmo falar sobre isso?

— Quero saber de tudo que envolva você.

— Quero um relatório completo até o fim do dia. E encontre uma solução para evitar que isso aconteça novamente.

Angelo assente, e eu saio dali, indo direto para o escritório.

O escritório está silencioso, exceto pelo leve tilintar do gelo no copo de uísque que repousa sobre a mesa. O relatório de Angelo está à minha frente, detalhado e direto. O problema foi um erro na temperatura durante a fermentação—algo que deveria ter sido evitado.

Respiro fundo, massageando as têmporas.

— Luiz — chamo, e ele entra quase de imediato.

— Sim, Senhor?

— Quero uma reunião com toda a equipe de produção amanhã de manhã. Precisamos resolver isso antes que vire um problema maior.

— Entendido. Mais alguma coisa?

Penso por um momento.

— Não, por enquanto.

— Senhor, não seria melhor chamar a senhorita Heloísa, ela participou de toda elaboração do espumante?

— Não Luiz, ela tem outros assuntos para resolver.

Ele assente e sai, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Olhando para a grande janela do escritório, vejo os vinhedos estendidos sob a luz do início da noite. Normalmente, essa visão me trazia paz. Hoje, tudo parece diferente.

Tento me concentrar nos números, nos planos, na estratégia para recuperar a produção. Mas há algo que continua rondando minha mente, algo que nem a distância, nem o trabalho intenso conseguem dissipar.

Dou um gole no uísque, sentindo o líquido queimar na garganta. O silêncio pesa.

E eu percebo que, mesmo rodeado por tudo o que construí, há algo—ou talvez alguém—faltando aqui.

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