Vittorio Bianchi
Olhei novamente para Heloísa, e pela primeira vez naquela noite, senti algo além da tensão e do peso da responsabilidade. Eu senti admiração.
Ela não apenas percebeu o que ninguém havia notado, mas também provou — mais uma vez — que seu lugar sempre foi ao meu lado, nos desafios e nas vitórias.
— Você acabou de nos salvar de uma crise gigante.
Ela sorriu de leve, cruzando os braços.
— Não gosto de ver você preocupado assim.
Meu peito aqueceu com aquela confissão simples, mas carregada de significado.
— Eu sabia que você voltaria para casa por um motivo.
O sorriso dela diminuiu um pouco, mas seu olhar ficou mais intenso.
— Talvez eu nunca devesse ter ido embora.
Eu segurei o olhar dela por um longo momento, deixando o peso daquela frase se assentar entre nós. Se antes havia dúvidas, agora não havia mais nenhuma. Heloísa estava aqui. E dessa vez, eu não a deixaria partir.
Ao cair da noite a vinícola ficou silenciosa e a única iluminação vinha das luzes amareladas espalhadas pelo jardim e do brilho suave da lua. Depois da tensão dos últimos dias, finalmente havia um respiro. O problema com o espumante estava perto de ser resolvido, e Heloísa… bem, ela estava aqui.
Andávamos lado a lado pelo vinhedo, o vento frio da noite soprando contra nossos rostos. Ela tinha os braços cruzados, protegendo-se do frio, e eu não resisti. Tirei meu paletó e o coloquei sobre seus ombros.
— Você sempre fazendo isso… — Ela sorriu de canto. — Cuidando de mim, mesmo quando eu te dou motivos para não fazer.
Meu olhar percorreu seu rosto à luz fraca da noite.
— Sempre vou cuidar de você, Heloísa. Quer você queira ou não.
Ela desviou o olhar por um instante, respirando fundo.
— Sinto que deveria dizer o mesmo. Mas acho que falhei algumas vezes nisso.
— Você voltou. Isso é o que importa.
Ela parou de andar e me encarou. O silêncio entre nós era carregado, intenso. Seus olhos brilhavam de um jeito que me fazia querer segurá-la ali para sempre.
E então, sem dizer nada, ela se aproximou e deitou a cabeça no meu peito.
Minha respiração ficou presa por um momento. Meus braços se moveram sozinhos, envolvendo-a. O cheiro dela, a sensação de tê-la ali, encaixada contra mim, fez meu coração bater diferente.
— Estou cansada, Vittorio… — sua voz saiu abafada contra minha camisa. — Cansada de fugir do que sinto.
Fechei os olhos, deixando minha testa descansar sobre seus cabelos.
— Então para. Fica aqui.
Ela não respondeu, apenas me apertou mais forte.
Não houve promessas, nem palavras desnecessárias. Apenas nós dois, no meio do vinhedo, como se o tempo tivesse parado.
Depois de um tempo, segurei sua mão e a guiei de volta para dentro. Assim que chegamos ao quarto dela, ela hesitou na porta, olhando para mim como se não quisesse que eu fosse embora.
— Inevitável.
E, dessa vez, foi ela quem me puxou de volta para seus lábios…. Mas logo nos separamos. Heloísa se deitou sobre meu peito, e eu pude sentir que finalmente ela seria minha.
— Boa noite Vittorio — Ela disse se acomodando
— Boa noite — Respondi depositando um beijo em sua testa.
Envolvo a Heloisa em meus braços e logo vejo seus olhos pesarem e ele se entrega em um sono profundo, cansada da viagem e do dia estressante que foi hoje.
Quando estou já me entregando a sono sinto meu celular vibrar em meu bolso, pego e ao olhar no visor sinto meu sangue fugir. O Hugo me ligando uma hora dessas não pode ser coisa boa, sem falar que estou com a filha dele em meus braços.
Tento controlar minha voz e atendo no quarto toque:
— Hugo? O que foi? — Pergunto apreensivo, imaginado ser más notícias.
— Vittorio! Pelo amor de Deus, me diga que a Heloísa está com você!
Respiro aliviado por não ser nada com as empresas. Mas fico imaginando o que eles irão pensar da Helô, ter vindo para minha casa.
— Sim, ela está aqui. Chegou hoje de manhã. — Ele me pergunta se ela está bem e me lembro como a Helô chegou hoje pela manhã, e deixo bem claro que não importa o que aconteça vou ficar do lado dela.
A Ava, por sua vez, dispara falando que estão vindo para cá, e por mais que queira ver meus amigos sinto que essa não é uma boa hora.
Encerro a ligação e volto para cama, envolvendo Heloísa, em meus braços, quero apenas sentir seu cheiro amanhã quando seus pais chegarem, inventarei uma desculpa qualquer para passar o dia inteiro com ela.

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