Heloísa Moura
Assim que meu pai sai do quarto, solto a respiração que nem fazia ideia que estava prendendo. Vou em direção ao banheiro e sou agarrada pela cintura pelo Vittorio.
Não dá tempo nem de falar nada pois ele busca minha boca com desespero. Assim que os lábios de Vittorio encontram os meus, tudo ao meu redor desaparece. Seu beijo é intenso, carregado de urgência e algo mais que não consigo identificar. Meus dedos se entrelaçam em seus cabelos enquanto me deixo levar por aquela sensação eletrizante. Mas não posso me perder ali. Não agora.
Com esforço, me afasto, respirando com dificuldade. Ele me encara com os olhos escuros brilhando de desejo e confusão.
— Preciso descer — murmuro, colocando as mãos em seu peito e criando uma distância segura.
Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos em um gesto frustrado.
— Tudo bem, Heloísa. Mas isso não acabou. Lembre-se que a noite iremos jantar, só nós dois. — Seu tom é carregado de promessa.
Desvio o olhar, sabendo que, de fato, aquilo não tinha terminado. Apenas adiado.
Vou até o closet e pego uma roupa mais apropriada para descer. Troco-me rapidamente, ajeito os cabelos e respiro fundo antes de sair do quarto, deixando Vittorio ali, ainda parado no meio do cômodo.
Conforme desço as escadas, sinto o peso do que está por vir. Meu pai já sabe. Ele sempre sabe. Quando chego à sala, ele está sentado na poltrona, com um copo de uísque na mão. Minha mãe está ao seu lado, com um olhar mais ameno, mas igualmente atento.
— Por que você não aceitou a proposta de Augustus? — A voz dele corta o silêncio, firme e direta.
Engulo em seco, mas mantenho a postura.
— Porque eu não quero — respondo, sem rodeios.
Ele solta uma risada sem humor e recosta-se na poltrona.
— Não quer? Heloísa, essa é a melhor oportunidade que você poderia ter. Augustus é um homem influente, de boa família e sabe muito bem o que quer. Você tem ideia do que está jogando fora? Sua carreira como sommelier iria aumentar gradativamente.
Sinto minha mãe se mexer ao meu lado, como se estivesse prestes a intervir, mas meu pai continua:
— Não se trata apenas de você. Essa união traria benefícios para todos nós. Para a família. Até para essa vinícola aqui.
Cruzo os braços, tentando ignorar a pressão crescente dentro de mim.
— Eu não sou uma peça de xadrez para ser movida conforme a conveniência dos outros. Não vou me casar com alguém só porque é um bom negócio ou porque terei nome. Papai jamais me casaria sem amor.
Ele me encara por um longo momento, seu olhar avaliando cada centímetro da minha expressão.
— Então me diga, Heloísa, o que você realmente quer? — Sua voz agora está mais baixa, mas não menos intensa. — você está apaixonada por alguém?
A resposta está na ponta da minha língua, mas quando vou falar algo, Matheu entra e fala:
— Não acreditei quando meu pai falou que você tinha voltado e salvado todo lote do novo espumante.
Meu pai olha para ele como se ele tivesse duas cabeças então ele se dá conta que não falou com ninguém.
— Desculpe minha empolgação é porque o lote do novo espumante estava comprometido, até o Senhor Vittorio tinha dado por perdido, mas quando a Heloísa apareceu e analisou toda papelada, logo viu onde estava o erro e tudo pode ser revertido. Essa mulher é um gênio, não se fala em outra coisa em toda vinícola.
Olho diretamente para meu pai, minha voz firme e convicta:
— É dessa maneira que quero ser lembrada, pai, e não por ser esposa de alguém. Quero cometer meus próprios erros e crescer diante da resolução deles.
Minha mãe, que até agora estava calada, se inclina ligeiramente para frente e, pela primeira vez, toma uma posição clara ao meu lado.
— Ela está certa — diz, sua voz tranquila, mas cheia de determinação. — Heloísa tem talento e capacidade. Se isso é o que ela quer, então devemos apoiá-la.
— Não foi fácil — respondo, soltando um riso nervoso.
— Mas nada que vale a pena é, não é? — Ele ergue a sobrancelha e eu balanço a cabeça, concordando.
Assim que a tensão na sala diminui, sinto a energia retornando ao meu corpo. Ainda há algo que preciso resolver antes que a noite acabe. Algo que envolve um certo homem que me espera para um jantar.
Respiro fundo, me despedindo rapidamente de minha mãe e de Matheu antes de voltar para o quarto. Vittorio ainda está lá, me esperando, com as mãos nos bolsos e um olhar intenso que me paralisa por um segundo.
— Como foi? — ele pergunta, analisando minha expressão.
— Como esperado — murmuro, fechando a porta atrás de mim. — Meu pai não gostou, mas aceitou.
Ele solta um pequeno sorriso, se aproximando lentamente.
— Então, agora você pode respirar tranquila?
Solto uma risada baixa, passando as mãos pelos cabelos.
— Mais ou menos. Ainda há muito para provar.
Vittorio para à minha frente, erguendo uma mão para acariciar meu rosto. Seu toque é quente, familiar. Olho para ele, sentindo aquele mesmo turbilhão de emoções que tentei afastar antes.
— Ainda vamos jantar, hoje a noite? — ele pergunta, a voz rouca e carregada de promessas.
Meu coração dispara, mas eu sorrio, finalmente permitindo-me ceder um pouco.
— Vamos, sim, não vejo a hora de descobrir o que você quer de mim hoje.

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