Vittorio Bianchi
Acordo ao lado de Heloisa, meus braços em torno de seu corpo, seus cabelos espalhados por todo travesseiro, sorrio com toda bagunça que ela é pela manhã, não tem como negar, a Helô, é tudo que sempre sonhei, o que nos impede? Talvez minha amizade com seu pai... Por falar no Hugo, melhor eu ir para meu quarto.
Se ele chega e me encontra na cama com sua filha depois de tudo que aconteceu, não sei como ele reagiria.
Com cuidado, deslizo meu braço debaixo dela, temendo acordá-la. Seus fios dourados caem sobre o rosto, sua respiração é tranquila, e por um momento, apenas fico ali, observando-a. Mas então a realidade me atinge. Hugo.
Preciso ir antes que ele chegue.
Levanto devagar, me movendo com a maior delicadeza possível. A última coisa que quero é acordá-la e enfrentar seu olhar sonolento me pedindo para ficar. Mas no instante em que meus pés tocam o chão frio, sinto sua ausência se manifestar. Um resmungo suave escapa de seus lábios, seguido por seu corpo se remexendo na cama.
— Vittorio… — sua voz rouca pelo sono me paralisa. — Aonde você vai? Volta para cama.
Fecho os olhos por um segundo e suspiro antes de me virar. Seus olhos ainda meio fechados me encaram com uma mistura de sono e confusão. Eu deveria mentir? Dizer que só ia pegar um copo d’água? Mas não posso mais fugir disso. Preciso encarar.
— Seus pais estão chegando.
Ela franze a testa, se sentando na cama e puxando o lençol contra o peito.
— O quê? Como assim?
— Eles ligaram ontem à noite. Perguntaram por você, seu pai estava muito nervoso. Confirmei o que eles já sabiam e sua mãe falou que estavam vindo.
Heloisa pisca algumas vezes, absorvendo minha confissão. Seus lábios se entreabrem, mas nenhuma palavra sai no início. Então, finalmente, ela sussurra:
— Meu Deus…
Passo a mão pelos cabelos, sentindo o peso da situação. Eu sabia que esse momento chegaria, mas uma parte de mim ainda queria prolongar essa bolha em que estávamos vivendo. Onde era só eu e ela. Onde o mundo lá fora não importava.
— Helô. Sei que é difícil, mas terá que ter essa conversa com eles e é melhor que seja mais rápido possível.
Seus olhos encontram os meus e, por um instante, vejo um brilho diferente neles. Algo entre medo e esperança. Ela engole em seco antes de sussurrar:
— Vittorio, não quero falar sobre nós dois, não agora, meu pai surtaria.
Hugo. O obstáculo entre nós.
Dou um passo à frente, me sentando na beira da cama e segurando sua mão.
— Eu vou enfrentar ele. Por nós.
Ela hesita por um momento, então aperta minha mão de volta.
— Não acho que seja um bom momento, ele deve estar furioso porque não aceitei me casar com o Augustus. Tem certeza que quer falar sobre nós agora?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo