Heloísa Moura
Assim que a conversa com meu pai termina, sinto a necessidade de respirar ar fresco. Saio pelos fundos da casa em direção ao jardim, onde as videiras se estendem como um mar verde sob o céu dourado do entardecer. Caminho sem rumo por entre as fileiras de uvas, tentando organizar meus pensamentos sobre o jantar com Vittorio e tudo o que aconteceu.
Enquanto observo as folhas balançando suavemente ao vento, ouço passos leves atrás de mim. Me viro e encontro Matteo, com as mangas da camisa arregaçadas e um olhar hesitante no rosto.
— Heloísa — ele chama, olhando ao redor para se certificar de que ninguém está por perto. — Podemos conversar um minuto?
Assinto, curiosa com seu tom. Caminhamos juntos até um banco de pedra mais afastado, rodeado por roseiras discretas. Ele se senta ao meu lado, inquieto.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, observando sua expressão preocupada.
Matteo suspira e passa a mão pelos cabelos escuros.
— Eu precisava falar com alguém… alguém que não fosse me julgar. — Ele faz uma pausa, como se estivesse reunindo coragem. — Estou apaixonado, Heloísa.
Minha curiosidade se transforma em surpresa.
— Apaixonado? Por quem?
Ele olha para as mãos, claramente nervoso.
— Isabella. A filha da dona Carmela.
Minha boca se abre em choque. Isabella era doce, trabalhadora, sempre discreta. E, claro, a filha de uma das empregadas mais antigas do vinhedo.
— Matteo… — começo, escolhendo as palavras com cuidado. — Você sabe que, se descobrirem, isso pode complicar as coisas para vocês dois, certo?
Ele assente rapidamente, o olhar cheio de preocupação.
— Eu sei. É por isso que tenho sido tão discreto. Mas não quero mais esconder o que sinto. Eu a amo, Heloísa. E não sei como lidar com isso sem colocar o trabalho dela ou o meu em risco.
Olho para ele, sentindo um lampejo de compreensão. Matteo estava preso entre o dever e o coração, assim como eu. Talvez até mais, considerando a posição dele.
Um sorriso surge em meus lábios enquanto uma ideia se forma.
— Sabe de uma coisa? Podemos ajudar um ao outro.
Ele franze o cenho, confuso.
— Como assim?
Cruzo os braços, inclinando-me levemente em sua direção.
— Digamos que eu tenho um compromisso importante e preciso sair sem que meu pai saiba pra onde eu vou. Enquanto isso, você encontra Isabella. E eu… bem, eu irei para o meu compromisso sem levantar suspeitas.
Os olhos de Matteo se arregalam por um instante, depois ele solta uma risada surpresa.
— Então é isso? Você vai mesmo me ajudar a ver ele?
Sorrio de lado, sem nem negar.
— Vamos focar no seu romance por enquanto, certo?
Ele balança a cabeça, ainda rindo.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo