Vittorio Bianchi
Assim que minha pequena adormece saio de seu quarto, por mais que eu queira falar para o Hugo e a Ava que estou com a Heloísa, não quero que eles descubram da maneira errada.
Entro em meu quarto e sinto como se não pertencesse a este lugar, é como se tivesse faltando uma parte de mim, e essa parte é a mais importante, pois se trata da minha pequena.
Coloco minhas roupas molhadas na secadora e visto uma cueca boxe, me jogando na cama, lembro das palavras que troquei com minha pequena e não vejo a hora do dia amanhecer e falar logo com o Hugo e resolver isso de uma vez por todas.
Meu celular toca o alerta de mensagem, penso em ignorar, mas lembro que pode ser a Heloísa que acordou e não me encontrou na cama e quando abro a mensagem sinto meu sangue fugir das veias.
*Se não vir me encontrar no Hotel Royalty amanhã esse vídeo vai parar nas mãos do Hugo e da Ava. Bons sonhos. Liliane.*
E logo após essa mensagem abro o vídeo e se trata do momento de prazer que tive com a Heloísa ainda no salão de eventos.
Ligo para a Liliane imediatamente.
— Oi, amor. Saudades de mim? Mas já? Ainda estou com o sabor de seu beijo.
— Liliane pode parar de ironia, o que você quer?
— Ai, amor, estou com saudades quero relembrar os velhos tempos.
Meu sangue ferve de raiva, minhas mãos apertam o celular com força. Fecho os olhos, inspirando fundo, tentando controlar o ódio que cresce dentro de mim. Liliane sempre foi ardilosa, manipuladora, mas isso? Isso ultrapassa qualquer limite.
— Você enlouqueceu? — rosno, minha voz saindo baixa, carregada de fúria.
— Ah, Vittorio, que grosso. — A risada dela é irritante, cheia de malícia. — Eu só quero conversar. Passamos tantos anos juntos, tantas lembranças boas… Você não sente falta de mim?
— Nem por um segundo.
O silêncio do outro lado da linha é breve, mas eu sei que a feri. E sinceramente? Pouco me importa.
— Que pena — ela murmura, mas logo recupera a compostura. — De qualquer forma, espero você amanhã. Se não quiser que seu querido Hugo veja esse vídeo e tenha um infarto ao descobrir que o grande amigo dele andou brincando com a menininha de estimação.
Minha mandíbula se contrai. Eu queria dizer que não tenho medo de suas ameaças, que ela não tem poder sobre mim, mas isso seria mentira.
Liliane não quer apenas me atormentar—ela quer destruir o que eu tenho com Heloísa antes mesmo de começarmos.
— Qual é o seu objetivo? — pergunto, tentando manter a calma.
— Já disse. Quero você, Vittorio. Nem que seja por uma última vez.
Nojento. É isso que tudo isso é. Ela quer me forçar a traí-la, a me jogar de volta em um passado que eu já enterrei.
— Você está se humilhando — cuspo as palavras.
— E você vai se arrepender se não vier.
A chamada é encerrada antes que eu possa dizer mais alguma coisa. Jogo o celular na cama, sentindo meu coração martelar contra as costelas.
Merda.
Passo as mãos pelo rosto, tentando pensar. Não posso contar isso para Heloísa agora. Ela ficaria devastada.
Não posso deixar Liliane vencer.
Mas também não posso deixar que Hugo descubra da pior forma possível.
Me levanto, começo a andar pelo quarto. Meu instinto me diz para pegar aquele celular, sair agora mesmo, encontrar Liliane e acabar com isso. Mas isso seria agir com a emoção, e eu preciso ser estratégico.
A única certeza que tenho é que, amanhã, vou até aquele hotel.
E seja lá o que for preciso fazer para proteger minha pequena, eu farei.
A noite passa arrastada. Fecho os olhos inúmeras vezes, mas o sono não vem. Tudo o que consigo pensar é no vídeo, nas ameaças de Liliane, na possibilidade de perder Heloísa antes mesmo de termos a chance de viver isso de verdade.
Cada vez que olho para o relógio, menos tempo falta para o encontro no hotel. Cada minuto que passa só aumenta o peso no meu peito.
Viro de um lado para o outro na cama, mas não adianta. Minha mente não me dá trégua. Levanto, caminho pelo quarto, respiro fundo. Tomo um copo de água, depois outro. Nenhuma dessas tentativas me acalma.
No fundo, sei o que me incomoda tanto: a sensação de estar de mãos atadas. Sempre fui um homem que toma as rédeas da própria vida, que resolve seus problemas sem hesitar. Mas agora? Agora estou sendo colocado contra a parede por uma mulher que não mede esforços para conseguir o que quer.
Quando o sol finalmente surge no horizonte, minha cabeça pesa como se não tivesse descansado um segundo. E de fato, não descansei.
Tomo um banho demorado, tentando afastar o cansaço e organizar meus pensamentos. Mas não importa o quanto tente, a verdade é clara: hoje pode ser o dia que define tudo.
No café da manhã, meu corpo está presente, mas minha mente está longe. Meus olhos percorrem o ambiente, minha perna balança sob a mesa, minhas mãos apertam a xícara de café com força.
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