Heloísa Moura
Um mês… Um mês que não tenho notícias do Vittorio, mas um dia que amanheço na força do ódio pois meus dias estão sendo assim, um dia após o outro.
Quando decidi vir embora, estava magoada, ferida, triste e por mais que ele falasse que me amava, eu não conseguia acreditar pois a imagem dele deitado completamente nu na cama dela me quebrou por inteiro.
Balanço a cabeça para afastar esses pensamentos, faço minha higiene e desço para o café da manhã.
Encontro meus pais conversando alegremente e por um momento ele vem em minha mente, será que se chegasse a me casar com o Vittorio nosso relacionamento seria como o dos meus pais?
— Bom dia, família. O que aconteceu para vocês estarem nesta animação logo pela manhã.
— Filha, o Vittorio nos mandou o convite para o lançamento do espumante e falou que exige sua presença já que você foi peça importante para que ele não fosse um total fracasso.
Ao escutar o nome do Vittorio meu estômago revira e corro para o banheiro ou então colocaria tudo para fora ali mesmo, na frente dos meus pais.
Seguro a pia com força, tentando controlar a náusea que me domina, mas não sei se é apenas física ou emocional. A simples menção do nome dele já é suficiente para me desestabilizar. Olho meu reflexo no espelho e vejo alguém que ainda está tentando juntar os cacos, alguém que não deveria ser afetada por Vittorio dessa forma.
Respiro fundo, componho minha expressão e volto para a mesa. Meus pais me encaram, preocupados.
— Heloísa, você está bem? — minha mãe pergunta, sua voz carregada de apreensão.
— Estou — minto, forçando um sorriso. — Só não esperava essa notícia logo de manhã.
Meu pai pigarreia, observando-me atentamente.
— Ele insistiu para que você fosse — ele diz, com a calma de quem não tem ideia do turbilhão que essa insistência me causa.
Vittorio sempre foi assim, insistente. Quando queria algo, fazia de tudo para conseguir. E agora, depois de um mês sem uma única palavra, ele resolve me “exigir” em um evento? Como se nada tivesse acontecido? Como se eu não tivesse encontrado ele na cama com outra?
Sinto meu peito arder de raiva.
— Ele pode insistir o quanto quiser — falo, cruzando os braços. — Mas eu não vou. Estou bem aqui.
Minha mãe troca um olhar com meu pai antes de dizer:
— Tem certeza, filha? Sei que está magoada, mas talvez essa seja uma oportunidade para encerrar esse ciclo de vez. Seu tio te ama, e você não deve se deixar levar pelo que o Matteo fez, sei que ele fez algo embora insista que ele é inocente, nos dias que passei lá vi o quanto eram próximos.
Encerrar esse ciclo.
Talvez seja exatamente disso que eu precise. Olhar nos olhos dele e mostrar que não sou mais a mulher que ele quebrou. Que eu segui em frente. Que ele não tem mais nenhum poder sobre mim.
Engulo em seco.
— Quando é esse lançamento? E mamãe o Matteo não fez nada, apenas coloquei expectativas demais em alguém que não merece.
Minha mãe sorri de leve, como se já soubesse que eu não deixaria essa oportunidade passar.
— Daqui a uma semana. Meu amor, seja forte, não se deixe abalar.
Uma semana para me preparar. Para estar impecável. Para enfrentar Vittorio Bianchi sem que ele perceba o estrago que ainda causa dentro de mim.
Mas uma vez a náuseas insiste em voltar, mas dessa vez consegui disfarçar.
Meu peito aperta no instante em que vejo o nome de Vittorio Bianchi brilhando na tela do meu celular. Meus dedos ficam rígidos ao redor do aparelho, e por um momento, tudo ao meu redor some.
Ele.
O homem que me fez mulher. O homem que também me destruiu.
Minha respiração fica rasa. Parte de mim quer atender e despejar nele tudo o que ficou entalado na minha garganta. Outra parte quer jogar o celular longe e fingir que ele não existe.
A ligação cai na caixa postal, mas, antes que eu possa sequer respirar aliviada, o telefone volta a tocar. De novo. E de novo.
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