Vittorio Bianchi
Ela voltou.
O simples pensamento faz meu peito se apertar, um misto de alívio e raiva queimando dentro de mim.
Passo a mão pelos cabelos, sentindo meu maxilar travar quando Luiz me informa que Heloísa recusou a carona.
Teimosa. Orgulhosa. Exatamente como eu lembrava.
— Ela disse alguma coisa? — pergunto, minha voz saindo mais dura do que o esperado.
— Apenas que sabe se virar sozinha, senhor.
Uma risada sem humor escapa dos meus lábios. Claro que disse.
Heloísa sempre teve essa mania de me desafiar. Mas o que ela ainda não entendeu é que eu nunca perco. Nunca deixo algo inacabado. E nós… ainda temos muito para resolver.
Aperto o telefone na mão, observando a tela. Minhas ligações ignoradas, minha mensagem sem resposta. Durante um mês inteiro, eu aguentei o silêncio dela. Aguentei vê-la desaparecer da minha vida sem poder fazer nada.
Mas agora, ela está aqui. E eu não vou permitir que me evite. Me viro para ele, meus olhos cravando os dele.
— Me leve até o hotel em que ela está.
Luiz parece hesitar por um instante, mas não ousa questionar.
— Sim, senhor.
Entro no carro e apoio o cotovelo na janela, meu olhar fixo na cidade que passa do lado de fora. Roma nunca pareceu tão pequena. Cada rua, cada prédio me lembra de Heloísa, do tempo que passamos juntos, dos sonhos que construímos… e que ela destruiu quando decidiu ir embora.
Eu sei que ela me odeia.
Mas o que ela não entende é que o ódio ainda é um sentimento. E, enquanto ela sentir algo por mim, não vou desistir.
Minutos depois, o carro para em frente ao hotel. Minha respiração se torna mais pesada quando olho para o prédio elegante. Eu sei que ela está ali, provavelmente se perguntando se fez a escolha certa ao voltar.
Eu poderia esperar até amanhã. Poderia dar a ela o tempo que precisa. Mas paciência nunca foi meu forte. Abro a porta do carro e saio, determinado. Se Heloísa acha que pode me evitar, está muito enganada.
A cada passo que dou pelo saguão do hotel, sinto a tensão crescer dentro de mim. Meu olhar percorre o ambiente luxuoso, mas nada me interessa além dela.
Heloísa.
Ela pode tentar me evitar, pode ter fugido, mas não pode apagar o que vivemos. E eu não vou permitir que esse seja o fim.
Me aproximo da recepção, apoiando as mãos no balcão de mármore frio. A recepcionista ergue os olhos para mim, oferecendo um sorriso polido.
— Boa noite, senhor. Como posso ajudá-lo?
— Preciso do número do quarto de Heloísa Moura.
A mulher franziu a testa.
— Sinto muito, mas não podemos fornecer informações sobre hóspedes.
Solto um suspiro impaciente e encaro a recepcionista com um olhar firme.
— Então, ligue para ela e diga que estou aqui. Diga que não vou sair até que ela desça.
A atendente hesita, mas acaba pegando o telefone. Acompanho cada segundo da ligação, vendo-a aguardar uma resposta. Então, ela desliga e me encara com um olhar apreensivo.
— Senhor, a senhorita Moura não está atendendo.
É claro que não.
Me viro sem dizer nada e sigo para o elevador. Não preciso que ninguém me diga onde ela está hospedada — conheço Heloísa o suficiente para saber que sempre escolhe o último andar, o mais alto possível.
O elevador se move lentamente, a pressão no meu peito aumentando a cada andar que passa. Quando as portas se abrem, caminho pelo corredor silencioso, analisando as portas até parar diante daquela que sei que é dela.
Bato. Nada. Bato novamente, dessa vez mais forte. Silêncio. Encosto a testa na porta por um breve instante, tentando conter a frustração, antes de soltar o ar lentamente. Então, sem hesitar mais, giro a maçaneta.
Trancada.Óbvio. Mas eu não cheguei até aqui para ser barrado por uma porta. Respiro fundo, fecho a mão e dou três batidas firmes.
— Heloísa, eu sei que você está aí.
Nenhuma resposta.
— Podemos fazer isso do jeito difícil ou do jeito fácil.
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