Heloísa Moura
Seis meses antes…
A viagem até minha casa foi mais longa do que imaginava, o jatinho não parecia ser apenas para minha pequena família e sim, aparentava que estávamos em um voo comercial com todos os assentos completos.
O silêncio no jatinho era sufocante. Meu pai cruzava os braços, o maxilar travado, enquanto minha mãe suspirava pesadamente ao meu lado. Desde que a confirmação da minha gravidez saiu da boca dela, ele parecia uma bomba prestes a explodir.
— Quem é ele, Heloísa? — Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina.
Fingi não ouvir, mantendo o olhar perdido na janela, observando as nuvens abaixo de nós.
— Heloísa! — ele repetiu, mais alto.
— Pai, eu já disse, isso não importa agora.
— Como assim não importa? — Sua incredulidade era quase palpável. — Um neto meu está para nascer e você quer que eu simplesmente aceite que não sei nada sobre o pai?
Minha mãe tocou o braço dele em um pedido mudo para que se acalmasse, mas ele a ignorou.
— Ele sabe? Esse… esse sujeito pelo menos sabe que vai ser pai?
— Eu vou cuidar disso — respondi, mantendo a voz firme.
— Isso não é resposta! Você está agindo como se fosse só sua responsabilidade!
— E é! — Encarei-o pela primeira vez, meu coração martelando. — Eu decidi que vou ter esse bebê, eu vou criá-lo, e eu não preciso que ninguém interfira nisso.
Ele riu, mas não havia humor em sua risada.
— Isso não funciona assim, Heloísa. Não no nosso mundo. Não com a nossa família.
— Pai… — minha mãe tentou intervir.
— Não, Ava! Você acha mesmo que ela vai conseguir esconder isso para sempre? Assim que essa barriga começar a crescer, a imprensa vai enlouquecer. Todos vão querer saber quem é o pai. E nós vamos precisar de respostas.
— Quando chegar o momento certo, eu falarei — menti, porque sabia que nunca diria.
Ele esfregou o rosto com as mãos, exasperado.
— Isso não acabou, Heloísa. Nem de longe.
Eu sabia disso. Mas, por enquanto, eu ainda tinha o controle da situação.
Uma semana depois…
O dia estava quente, o sol queimava minha pele enquanto eu caminhava pelo jardim da casa de praia. Precisava de um momento sozinha para organizar meus pensamentos, mas o universo parecia ter outros planos.
— Heloísa.
Meu coração pulou no peito ao ouvir a voz que eu não esperava encontrar tão cedo. Augustus estava ali, parado a poucos metros de mim, parecendo tão imponente quanto sempre.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, cruzando os braços.
— Eu precisava falar com você. — Ele respirou fundo antes de continuar. — Sobre a última vez que nos vimos… Eu fui um idiota. Eu queria me desculpar.
Assenti, mantendo a expressão neutra.
— Não se preocupe. Não precisa pedir desculpas.
— Preciso, sim. Eu agi como um covarde e não devia ter te deixado daquele jeito.
— Já passou, Augustus. — Forcei um pequeno sorriso. — Está tudo bem.
Ele me estudou por um momento, como se tentasse decifrar algo em meu rosto. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a voz de meu pai cortou o ar.
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