Vittorio Bianchi
O barulho do motor do carro era a única coisa que preenchia o silêncio enquanto eu dirigia sem rumo pelas ruas. Eu tinha saído do hospital, mas minha mente ainda estava presa naquele quarto, naquela conversa.
Heloísa tinha sido direta. Dura.
"Eu aprendi a viver sem você."
As palavras ecoavam na minha cabeça, repetindo-se como um mantra cruel.
Passei as mãos pelo volante, sentindo a tensão prender meus músculos. Eu queria voltar, queria encontrá-la de novo, queria exigir respostas… mas algo dentro de mim dizia que, se eu fizesse isso, só pioraria as coisas.
Ela tinha Augustus ao lado.
E eu?
Eu era apenas o homem que a deixou sozinha por seis meses.
Meu peito pesava com a realidade que eu tentava negar desde que pisei aqui. Eu achava que, assim que visse Heloísa, tudo se resolveria. Que ela me perdoaria, que entenderia por que fui embora.
Mas agora eu percebi o quanto fui ingênuo.
Heloísa sempre foi forte. Sempre enfrentou tudo de cabeça erguida. E, quando percebeu que não podia contar comigo, encontrou outro apoio.
Talvez tarde demais para eu tentar voltar.
Estacionei o carro em frente a casa dos pais de Heloísa. Fiquei ali, encarando o reflexo da cidade no vidro.
O que eu faria agora?
Desistiria?
Aceitaria que ela seguisse em frente sem mim?
Ou tentaria lutar por ela, mesmo sabendo que podia ser tarde demais?
Fechei os olhos e respirei fundo. Uma coisa era certa: eu não podia deixá-la ir sem pelo menos tentar.
Cheguei e fui direto ao canto que ficavam as bebidas. Minha mente estava uma bagunça, um turbilhão de sentimentos que eu não conseguia controlar. Peguei um whisky, bebendo de um gole só, mas nem o álcool foi capaz de apagar a dor que crescia dentro de mim.
Heloísa estava esperando um filho meu. Meu filho. E, mesmo assim, me olhou nos olhos e disse que aprendeu a viver sem mim.
Passei as mãos pelo rosto, frustrado. Será que ela realmente acreditava nisso? Ou estava apenas tentando se proteger?
Peguei outro drink, mas quando peguei o copo à minha frente, percebi que a bebida não resolveria nada. Não era isso que eu queria.
O que eu queria, na verdade, estava em outro lugar.
A casa dos pais de Heloísa era aconchegante, mas, naquele momento, eu me sentia sufocado ali dentro. Sentado no sofá da sala, com um copo nas mãos, minha mente estava longe.
Heloísa estava grávida.
Meu filho estava crescendo dentro dela, e eu passei seis meses sem saber.
— Você está muito calado, Vittorio — Ava comentou, sentando-se ao meu lado. — Algo incomodando?
Olhei para ela, tentando esconder a tempestade que se passava dentro de mim.
— Só estou cansado da viagem — menti. — Apenas isso.
Ela sorriu de leve, mas seus olhos analisavam cada detalhe do meu rosto.
— Imagino. E seu filho? Já foi vê-lo? A barriga da Heloisa está enorme.
Assenti, apenas para encerrar o assunto.
Hugo entra na sala logo em seguida, cruzando os braços. Ele sempre teve uma presença forte, alguém que impunha respeito sem precisar dizer nada.
— Soube que você esteve no hospital hoje — ele comentou, direto ao ponto.
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