Heloísa Moura
As palavras de Vittorio ficaram ecoando na minha mente.
"A única certeza que eu tenho com a volta da Liliane é que perdi o amor da minha vida."
“O que me prendeu na Itália foi o lançamento do Passione, o espumante que desenvolvi junto a Heloísa.”
Ele me olhava como se não houvesse mais ninguém na sala, como se quisesse que eu entendesse tudo o que estava por trás daquela frase.
Mas eu não podia. Não depois de tudo.
Engoli em seco e desvie o olhar, focando no prato à minha frente, mas a comida agora parecia sem sabor. Meu peito subia e descia com a respiração irregular, e minhas mãos tremiam levemente sobre a mesa.
— É uma situação complicada hein, Vittorio?. — disse meu pai. — Mas o importante é que minha menina está bem cuidada e o bebê terá um pai presente.
Pisquei algumas vezes, tentando absorver a situação. Vittorio continuava com os olhos fixos em mim, e o silêncio entre nós parecia gritar mais alto do que qualquer outra coisa. Como se ele pedisse para que tomasse alguma atitude.
Augustus, ao meu lado, apertou minha mão de leve, um gesto silencioso de apoio. Eu sabia que ele queria intervir, mudar o rumo da conversa, mas, pela primeira vez, ele permaneceu calado, me deixando decidir como reagir.
Respirei fundo e levantei o olhar, finalmente encarando Vittorio.
— Vamos terminar o jantar? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava.
— É melhor! — Disse minha mãe tentando mudar o rumo da conversa.
Eu vi algo se partir nos olhos dele. Um brilho diferente, uma dor que, por um instante, quase me fez hesitar.
Mas eu não podia mais hesitar. E se me machucasse novamente?
Vittorio soltou um longo suspiro, como se estivesse reunindo forças para não dizer algo que se arrependeria depois.
Então, ele apenas assentiu lentamente, pegou o guardanapo e limpou os lábios antes de se levantar da mesa.
— Obrigado pelo jantar — disse em tom formal, lançando um último olhar em minha direção antes de se virar e sair da sala.
O silêncio que ficou foi ensurdecedor.
Meu coração estava acelerado, minha respiração curta.
— Você está bem? — Augustus perguntou baixinho.
Fechei os olhos por um instante antes de assentir.
— O que foi, querida? Vocês precisam se resolver, você não pode fugir para sempre.
Eu olhei para ela, tentando buscar alguma força nas palavras dela, alguma direção, mas tudo o que eu sentia era uma mistura de frustração e confusão. Eu queria que as coisas fossem mais fáceis. Queria que o passado fosse apagado, que as escolhas erradas nunca tivessem sido feitas.
— Eu só preciso de um tempo, mãe. Para pensar. Para entender tudo isso. — Respondi, minha voz mais baixa, mais frágil do que eu gostaria. — E em questão de fugir aprendi com ele.
Ela assentiu lentamente, sua expressão suavizando, mas o olhar preocupante não desapareceu.
— Eu entendo, filha. Apenas saiba que você não está sozinha. Seja qual for sua decisão, estarei aqui para você. E filha, ele vai passar sua estadia em Nova Iorque aqui em casa.
O peso daquelas palavras me envolveu, mas ao mesmo tempo, a verdade delas me fez sentir ainda mais perdida. Estavam todos ao meu lado, tentando me apoiar, mas, no final das contas, só eu poderia tomar as decisões sobre minha vida, sobre o que eu queria para o futuro. E isso era o mais aterrador de tudo.
O jantar havia terminado de forma abrupta, sem mais palavras, sem mais conversas sobre o bebê, sobre os dias que virão. Eu só queria me afastar de tudo isso, de todos esses olhares, de todas as expectativas.
Fui até o meu quarto e me sentei na cama, olhando para a janela, onde a noite caía lentamente. Eu precisava de clareza, mas, por mais que tentasse, não conseguia ver a saída. Eu estava dividida entre o passado e o presente, entre o homem que me havia abandonado e aquele que estava ao meu lado agora, pronto para me apoiar.
Fechei os olhos e deixei a dor tomar conta de mim por um momento.
Eu não sabia qual caminho seguir. Eu só sabia que, no fundo, uma parte de mim ainda sentia a falta de Vittorio. Mas será que ele merecia um lugar na minha vida novamente? Eu não tinha as respostas. E o medo de tomar a decisão errada me paralisava.
Eu suspirei fundo, tentando encontrar algum alívio no silêncio da noite, mas, no fundo, sabia que essa paz temporária não duraria. O dilema estava apenas começando.

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