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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 60

Heloísa Moura

Não consigo dormir direito, meu bebê está inquieto, como se sentisse a presença do pai. Sorrio com meu pensamento.

O Vittorio está aqui, em minha casa, a praticamente um passo de distância. Involuntariamente levanto da minha cama e vou até o quarto no qual sei que ele está.

Abro a porta devagar, sentindo um frio na barriga. A luz do corredor ilumina o quarto o suficiente para que eu veja a silhueta de Vittorio na cama. Ele está deitado de lado, respirando profundamente, como se estivesse realmente dormindo. Mas eu o conheço bem demais para acreditar nisso.

Dou um passo hesitante para dentro, sentindo o coração acelerar. Meu bebê se mexe em meus braços, resmungando baixinho, e meu instinto é balançá-lo suavemente para acalmá-lo. Não quero acordar Vittorio, mas ao mesmo tempo, quero que ele acorde. Quero que me veja. Quero que perceba que estou aqui, assim como ele está.

— Sei que você não está dormindo — murmuro, encostando-me no batente da porta.

Por um momento, há apenas silêncio. Então, ele se move. Lentamente, vira-se na cama, e mesmo no escuro, sinto seu olhar pousar sobre mim. É intenso. Carregado de tudo o que nunca dissemos um ao outro.

— Você sempre soube demais sobre mim — ele responde, a voz rouca da madrugada.

Engulo em seco. Não sei o que esperava encontrar aqui, mas a presença dele parece ainda mais avassaladora do que durante o dia. Talvez seja a quietude da noite. Ou talvez seja porque, no fundo, ainda sou aquela garota que amou Vittorio com toda a intensidade da juventude.

— Ele sente você — digo, olhando para meu bebê, que agora está mais calmo. — Desde que chegou, ele não para quieto. Como se soubesse que o pai está por perto.

Vittorio se senta devagar, apoiando os antebraços sobre os joelhos. A luz fraca revela sua expressão cansada, mas seus olhos estão fixos no pequeno ser em meus braços. Ele abre a boca, mas hesita.

— Posso senti-lo?

Minha respiração falha por um instante. Tento decifrar o que vejo em seu rosto: arrependimento, esperança, medo? Talvez tudo isso. E talvez eu também sinta um pouco de cada coisa.

Mas, mesmo com todas as dúvidas, dou um passo à frente. E, com o coração acelerado, levanto a blusa expondo a barriga para que ele sinta nosso filho.

Vittorio hesita por um momento, seus olhos presos à minha barriga como se não soubesse ao certo o que fazer. Então, devagar, ele estende a mão. Seus dedos roçam minha pele com delicadeza, e um arrepio percorre meu corpo.

Seus olhos encontram os meus antes que ele espalme a mão inteira sobre minha barriga. É um toque suave, quase temeroso. Meu bebê, que até agora estava inquieto, se move novamente, como se respondesse ao contato.

Vittorio prende a respiração.

— Ele… ele realmente sente — ele murmura, mais para si mesmo do que para mim.

Assinto, incapaz de dizer qualquer coisa. O momento é tão íntimo, tão cheio de significados, que palavras parecem desnecessárias.

Ele começa a acariciar minha pele em movimentos lentos, como se tentasse memorizar cada detalhe. Fecho os olhos por um instante, permitindo-me sentir. Permitir-me lembrar.

— Eu deveria ter estado aqui antes — sua voz é baixa, carregada de culpa.

Meu peito aperta. Sei disso. Ele sabe disso. Mas o passado não pode ser mudado. Só o que temos é este instante.

Porque quando ele desliza os lábios pelo meu pescoço, quando sua mão percorre minha pele com aquela familiaridade devastadora, percebo que nunca deixei de ser dele.

Meu bebê se mexe entre nós, lembrando-me de que não estamos mais sozinhos nessa história. E talvez seja isso que me traga de volta à realidade.

Vittorio também para. Seus olhos escuros me analisam no silêncio do quarto, seu peito subindo e descendo rápido. Ele percebe minha hesitação e recua um pouco, afastando uma mecha do meu cabelo com ternura.

— Eu não quero te machucar — ele diz, e a sinceridade em sua voz me atinge como um choque.

Engulo em seco, passando a mão pelo rosto. A respiração ainda está descompassada, meu corpo ainda pede pelo dele, mas minha mente grita que preciso de mais do que desejo.

— Não é sobre machucar, Vittorio — sussurro, sentindo um nó na garganta. — É sobre o que vem depois.

Ele fecha os olhos por um instante, como se absorvesse minhas palavras. Quando os abre novamente, há uma promessa neles.

— Eu estou aqui. E não vou mais a lugar nenhum.

Quero acreditar. Deus, como quero acreditar.

Mas será que posso?

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