Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 62

Vittorio Bianchi

Acordo e sinto como se estivesse tendo um djavú, sentir o cheiro da Heloísa em meus braços é como se eu tivesse no paraíso, meu filho, se mexe me trazendo a realidade. Não foi um sonho, a Helô, está em meus braços, passamos a noite juntos, como se nada tivesse acontecido.

Olho para baixo e vejo os fios dourados da Helô espalhados pelo meu peito. Sua respiração é tranquila, seus dedos entrelaçados aos meus. Meu coração aperta. Seis meses. Seis meses de distância, de mágoa, de noites em claro me perguntando se um dia voltaria a tê-la assim, tão perto.

Mas a realidade me puxa de volta. Meu filho se remexe novamente como se procurasse pelo meu calor, O instinto me faz me mover, mas antes que eu possa me levantar, Helô suspira e se aninha ainda mais em mim. Meu corpo reage ao toque dela, como se nunca tivéssemos passado tanto tempo afastados.

Fecho os olhos por um instante, absorvendo aquele momento que parece frágil demais, como se fosse desmoronar a qualquer segundo. Porque, no fundo, eu sei que vai. Sei que, quando ela acordar, quando a realidade se instalar entre nós, tudo pode ruir.

Afinal, o que aconteceu essa noite?

Não foi só desejo. Não foi só saudade. Foi mais. Sempre foi mais com a Heloísa. Mas será que ela também sente isso? Será que, ao abrir os olhos, ela vai me olhar como antes? Ou vai se arrepender de cada segundo?

Minha respiração pesa, e antes que eu possa me perder nessas dúvidas, ouço batidas na porta.

— Vittorio, podemos conversar? — a voz do Hugo me faz ver o peso do que aconteceu aqui.

Dormi com a filha do meu amigo, debaixo do teto dele.

Atrás de mim, ouço um movimento. Viro a cabeça e vejo Heloísa piscando devagar, se espreguiçando. Meu coração para.

Esse é o momento da verdade.

Os olhos de Heloísa se abrem devagar, pesados pelo sono, e por um segundo, vejo a confusão neles. Ela franze a testa, os lábios se entreabrem, e então percebo o exato instante em que a realidade a atinge.

Ela se encolhe ligeiramente, e seus dedos, antes entrelaçados aos meus, hesitam. O coração martela no meu peito enquanto espero sua reação.

— Vittorio… — a voz dela sai rouca, arranhada pelo sono e, talvez, por algo mais.

Antes que ela possa dizer qualquer coisa, as batidas na porta voltam, mais firmes.

— Vittorio? — Hugo chama de novo, e agora há impaciência na voz dele.

Engulo em seco. Sei que preciso responder, mas estou preso nos olhos de Heloísa. Ela também parece travada, olhando para mim como se estivesse tentando decifrar o que aconteceu entre nós, o que isso significa.

Eu poderia falar primeiro. Dizer que essa noite não foi um erro, que estar com ela sempre foi diferente. Que, por mais que as circunstâncias gritem o contrário, eu não me arrependo.

Mas antes que eu consiga, ela se move. Lenta, hesitante, como se ainda não soubesse como reagir. Seus dedos deixam os meus, e o frio preenche o espaço onde sua pele estava há segundos.

Meu peito aperta.

— Você tem que ir — ela sussurra, a voz baixa, quase inaudível.

Meus músculos enrijecem. Eu esperava qualquer coisa, menos isso.

— Helô…

Ela balança a cabeça, os olhos azuis faiscando com algo que não sei definir. Medo? Culpa?

— Meu pai não pode saber.

As palavras dela me atingem mais do que deveriam. Não porque discordo — Hugo descobrir agora seria um problema — mas porque, naquele momento, percebo o que realmente a assusta.

Não é só o medo do pai.

É o medo do que aconteceu entre nós.

As batidas na porta voltam, mais urgentes.

— Vittorio!

Solto o ar pesadamente e passo a mão pelo rosto. Tenho segundos para decidir o que fazer. O que dizer.

Então engulo o gosto amargo da frustração e me levanto, sentindo o peso do olhar dela em cada movimento.

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