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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 65

Heloísa Moura

O olhar do meu pai pesa sobre mim como um julgamento silencioso. Ele não precisa dizer nada para que eu saiba exatamente o que está pensando. E, por Deus, eu não estou pronta para essa conversa.

— Podemos conversar? — A voz dele é baixa, mas firme, carregada de algo que me faz engolir em seco.

Lanço um olhar para Vittorio, que me observa em silêncio. Ele não diz nada, mas há algo nos olhos dele que me dá coragem.

— Claro — murmuro, tentando esconder o nervosismo.

Caminho com meu pai para um canto mais afastado. Sinto os olhares sobre nós, especialmente o de minha mãe, que provavelmente previu que isso aconteceria. Meu coração b**e forte, mas mantenho a postura.

Assim que paramos, meu pai se vira para mim.

— O que está acontecendo, Heloísa?

Seu tom não é acusador, mas há preocupação genuína em sua voz.

Cruzo os braços, tentando manter minha expressão neutra.

— Do que você está falando, pai?

Ele solta um suspiro pesado, passando a mão pelo rosto.

— Não me trate como um idiota. Eu vejo como você olha para o Vittorio. Como ele olha para você.

Minha respiração falha por um segundo.

— Pai…

— Você está grávida, Helô. — Ele aperta os olhos, me analisando. — E desde que o Vittorio voltou, você mudou. Está diferente.

Eu sabia que ele notaria. Ele sempre foi observador demais.

— Vittorio e eu temos uma história, você sabe disso.

Ele balança a cabeça, impaciente.

— Não me venha com essa conversa. Isso não é só amizade. — Seus olhos se estreitam. — Me diz a verdade, Heloísa. Esse bebê… é dele?

Meu estômago se revira. Eu sabia que essa pergunta viria, mas não esperava que doesse tanto ouvi-la em voz alta.

— Pai…

— É ou não é?

Minha garganta se fecha. Por um instante, penso em mentir. Em dizer que não, que ele está enganado, que é tudo um mal-entendido. Mas, ao mesmo tempo, não posso simplesmente jogar a verdade assim.

Então respiro fundo e ergo o olhar.

— Eu já disse antes, pai. O pai do meu filho não faz parte da minha vida.

Ele franze a testa, claramente insatisfeito com a resposta.

— Isso não explica a forma como você e o Vittorio estão se comportando.

Cruzo os braços, sentindo a pressão aumentando ao meu redor.

— O Vittorio voltou agora, depois de meses longe. E eu… eu estou tentando seguir em frente. Ele me apoiou quando estive no hospital, só isso.

Meu pai me analisa por longos segundos, como se tentasse encontrar alguma fissura na minha defesa.

— Você está me dizendo a verdade, Heloísa?

Seguro seu olhar, tentando parecer firme.

— Estou.

Ele solta um suspiro pesado, mas parece relutante em insistir mais.

— Espero que sim. Porque se eu descobrir que o Vittorio tem algo a ver com essa história…

Ele não termina a frase, mas não precisa. O aviso está claro.

Engulo em seco e aceno com a cabeça, mesmo que por dentro meu coração esteja acelerado.

— Eu entendo, pai.

Ele suspira novamente, como se estivesse cansado.

— Só quero o melhor para você, Helô.

Por um instante, a culpa me invade. Mas não posso contar a verdade. Não agora.

Então apenas forço um sorriso e murmuro:

— Eu sei.

Ele assente lentamente e, sem dizer mais nada, se afasta.

Fico ali, sentindo meu peito pesado. Não sei por quanto tempo vou conseguir sustentar essa mentira. Mas, por enquanto, é o que preciso fazer.

Meu coração ainda estava acelerado quando meu pai se afastou. Senti um nó apertando minha garganta, como se toda a pressão daquela conversa estivesse pesando em meus ombros.

Respirei fundo, tentando me recompor antes de voltar para perto dos outros. Mas assim que dei um passo à frente, senti alguém ao meu lado.

— Você está bem?

A voz baixa e rouca de Vittorio me fez fechar os olhos por um instante.

— Estou — murmurei, sem muita convicção.

Ele soltou um suspiro e deu um passo mais perto.

— Seu pai desconfia.

Não era uma pergunta.

Assenti lentamente, ainda encarando o chão.

— Sim. Mas eu não disse nada.

Houve um silêncio entre nós. Quando finalmente levantei o olhar, encontrei Vittorio me observando com aquela intensidade que sempre me desarmava.

— Até quando, Helô?

Minha respiração falhou por um segundo. Eu sabia do que ele estava falando. Sabia que essa dúvida me consumiria mais cedo ou mais tarde.

— Eu não sei — admiti, minha voz saindo mais baixa do que eu gostaria.

Ele passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado.

— Não podemos esconder isso para sempre.

A angústia em seu tom me fez apertar os punhos.

— Eu sei, mas… — Fechei os olhos por um instante, buscando as palavras certas. — Você viu como meu pai reagiu só com a desconfiança. Imagina se ele souber a verdade.

Vittorio suspirou, cruzando os braços.

— Ele vai ter que saber em algum momento.

— Não agora — insisti, sentindo um arrepio percorrer minha espinha. — Não depois de tudo.

Ele não respondeu de imediato, apenas me encarou por alguns segundos antes de assentir lentamente.

Seu tom era firme, sem hesitação. E, por mais que eu tentasse me afastar, saber que ele estava ao meu lado trazia um alívio que eu não queria admitir.

— Obrigada — murmurei.

Vittorio abriu um pequeno sorriso antes de balançar a cabeça.

— Vamos sair daqui. Você precisa respirar.

Eu queria dizer que não, que estava bem. Mas a verdade era que ficar ali, cercada por olhares suspeitos e dúvidas não ditas, estava me sufocando.

Então, pela primeira vez naquela noite, fiz algo por mim.

— Tudo bem — concordei.

E, sem olhar para trás, saímos juntos.

O ar fresco da noite foi como um alívio imediato quando saímos da casa. Minha cabeça ainda estava cheia, e meu coração batia rápido, mas pelo menos agora eu podia respirar.

Vittorio caminhava ao meu lado em silêncio. Ele não tentou falar, nem me pressionou para dizer algo. Apenas seguiu comigo, como sempre fazia.

— Para onde estamos indo? — perguntei, cruzando os braços para me proteger do vento frio.

Ele enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros.

— Só queria tirar você de lá. Mas se quiser um destino específico, podemos ir a algum lugar.

Pensei por um momento. Eu não queria voltar para casa ainda.

— Vamos dar uma volta. Só… andar um pouco.

Vittorio assentiu e começou a caminhar ao meu lado pela calçada pouco iluminada.

Por um tempo, o silêncio reinou entre nós. Mas era um silêncio confortável. Um que dizia mais do que palavras.

Depois de alguns minutos, senti Vittorio me lançar um olhar de lado.

— Você tem certeza de que quer continuar escondendo isso?

Fechei os olhos por um instante antes de responder.

— Eu não tenho escolha, Vittorio. Você viu como meu pai reagiu só com a suspeita. Se ele souber a verdade…

— Ele vai ter que saber em algum momento — insistiu ele.

Suspirei, sentindo um peso no peito.

— Eu sei. Mas não agora.

Vittorio passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado.

— E até lá, o que acontece? Você vai continuar fingindo que está tudo bem enquanto carrega isso sozinha?

A emoção em sua voz fez meu coração apertar.

— Eu não estou sozinha — murmurei, olhando para ele.

Seus olhos encontraram os meus, e, por um momento, vi algo ali. Algo que ele tentava esconder, mas que eu conhecia bem demais.

Ele estava ali. Comigo.

E isso significava mais do que eu poderia colocar em palavras.

— Vamos continuar andando — murmurei, desviando o olhar.

Vittorio soltou um suspiro, mas não insistiu mais.

E assim seguimos em frente, sem saber até onde aquela noite nos levaria.

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