Vittorio Bianchi
Caminho com a Heloísa pelas ruas de Nova Iorque e quando passamos pelo antigo prédio onde morei ela para bruscamente.
— O que foi pequena?? — pergunto preocupado, imaginando que ela esteja sentindo alguma coisa. — O bebê está bem?
Lembro que o Augustus me falou que ela não pode ter emoções fortes.
— Sim, meu amor, é só que… Lembra quando você me balançava naquele balanço?
Só então me dou conta que estamos em frente ao prédio onde por muitos anos foi meu lar. O lugar onde a Helô fugia, todas às vezes que seus pais a proibiam de algo.
E essas lembranças me doem, pois lembro que sempre a vi como a filha do Hugo e agora ela é minha mulher.
Por um instante, fico apenas observando Heloísa, perdida nas lembranças da infância. O brilho nostálgico em seus olhos faz meu peito apertar. Aquele balanço, aquele prédio, aquele passado... tudo era diferente agora. Ela não era mais a garota que fugia para minha casa em busca de refúgio. Ela era minha mulher. Minha.
Seguro sua mão com firmeza e dou um passo para frente, inclinando a cabeça em direção à entrada do prédio.
— Vem comigo. Quero te mostrar algo.
Ela pisca, confusa, mas permite que eu a conduza para dentro do edifício. O porteiro sequer me reconhece, ou talvez não se importe. O elevador range da mesma forma de anos atrás, o cheiro de madeira encerada ainda presente. Aperto o botão do andar que um dia chamei de lar e sinto Heloísa se aproximar, deslizando os dedos pela minha cintura.
— O que estamos fazendo aqui? — ela pergunta em um sussurro.
A porta do elevador se abre e avançamos pelo corredor. Paro diante da porta 503 e, com um sorriso misterioso, tiro a chave do bolso do casaco. Heloísa me olha surpresa.
— Você ainda tem a chave?
— Sempre tive. Nunca consegui me desfazer dela. Pois temos muitas recordações aqui.
Destranco a porta e a empurro suavemente. O apartamento está vazio, mas o cheiro da madeira e do passado ainda permanece. Dou um passo para dentro e puxo Heloísa comigo. Ela gira ao redor, absorvendo tudo, e sua respiração fica mais pesada.
— Quantas vezes eu estive aqui… — ela murmura.
Fecho a porta atrás de mim e a puxo para perto, colando meu corpo ao dela. Meu olhar desliza por seu rosto delicado, encontrando os olhos castanhos que um dia foram apenas inocentes. Agora, estão carregados de desejo.
— Quantas vezes você fugiu para mim... e eu nunca soube o que sentia por você de verdade — sussurro, meus lábios roçando sua pele. — Mas agora eu sei.
Heloísa suspira quando minhas mãos deslizam por sua cintura, puxando-a contra mim. O calor do seu corpo aquece o ambiente frio do apartamento vazio. Seu ventre levemente arredondado toca minha barriga, e me lembro do presente que ela carrega dentro de si. Meu filho. Nosso filho.

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