Vittorio Bianchi
O caminho de volta parecia não ter mais fim, podia sentir a tensão da Helô ao meu lado, por mais que esteja nervoso não irei deixar transparecer, pois tenho que ser o suporte que a Heloisa precisa. Chegamos na casa dos seus pais, a Heloisa sobe direto para seu quarto enquanto fico um pouco mais na varanda.
Quando de repente ouço um copo sendo quebrado, sigo o barulho e vejo que veio do escritório do Hugo, abro a porta preocupado e encontro o Hugo embriagado.
A cena diante de mim era desoladora. Hugo estava afundado em sua própria dor, com os olhos avermelhados e a garrafa de uísque pela metade sobre a mesa. Os estilhaços de vidro brilhavam no chão sob a luz amarelada do abajur, e o cheiro forte da bebida impregnava o ar.
— Hugo... — minha voz saiu baixa, mas firme. Dei um passo para dentro do escritório, fechando a porta atrás de mim.
Ele levantou os olhos pesados para mim, e, por um instante, vi algo além da embriaguez. Vi um homem destruído, esmagado pelo peso da própria impotência. Ele riu sem humor, balançando a cabeça.
— Você não entende, Vittorio. Nunca vai entender — murmurou, passando as mãos pelo rosto. — Minha filha... minha garotinha... Ela confiou em alguém que não soube protegê-la e agora está gravida... O pai, nem sei quem é, e ela teima em proteger o idiota.
Senti meu maxilar se contrair, mas mantive minha postura. Eu sabia que, no fundo, aquilo era mais do que apenas ressentimento. Era culpa. Era medo. Hugo era um homem acostumado a ter controle, e agora sua filha estava sofrendo, e ele não podia fazer nada para impedir.
— Eu não estou aqui para justificar nada — disse, me aproximando com cautela. — Mas quero que saiba que estou do lado da Helô. Sempre estarei. Não importa o que aconteça.
Ele bufou, virando o rosto para o lado. O silêncio se estendeu entre nós, tenso e pesado. Então, com um suspiro derrotado, ele pegou a garrafa e tomou mais um gole, os dedos trêmulos ao segurar o vidro.
— Você diz isso agora, Vittorio. Mas quando ela mais precisou, foi deixada para trás, no passado. Quando você fugiu não se sabe de quê? — Sua voz era um sussurro carregado de amargura. — Você não entende o que é ver sua filha chorar até não ter mais lágrimas. Você não sabe o que é sentir que falhou como pai. Afinal, você não é pai, jamais iria entender.
Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante, percebi que ele não falava apenas de Helô. Havia algo mais profundo ali, havia ressentimento, porque o deixei no passado.
— Talvez eu não entenda completamente — admiti, mantendo meu tom sereno. — Mas sei o que significa não querer falhar com alguém que se ama. Sei o que significa tentar ser o apoio de alguém, mesmo quando tudo parece perdido. E é isso que eu vou fazer pela Helô. Ser o suporte que ela precisa
Hugo me encarou por um longo momento, como se tentasse encontrar alguma mentira em minhas palavras. Mas não havia nenhuma. Ele soltou um suspiro pesado e desviou o olhar, balançando a cabeça.
— Espero que suas palavras não sejam apenas promessas vazias — murmurou, apoiando os cotovelos na mesa e passando as mãos pelo rosto. — Porque minha filha já sofreu o suficiente. Você é o único tio que ela conhece, sempre foi o suporte dela, porem vi minha menina definhar quando você a deixou um mês após o aniversário dela de quinze anos.
As palavras do Hugo me atingiram de tal forma que não tinha imaginado, mas naquele momento eu tinha que fugir, proteger a Heloisa.
— Ela não vai sofrer mais. Não enquanto eu puder impedir.
— Vittorio, você sabe quem é o pai dessa criança?
— Hugo, o que faria se eu falasse que sim? — pergunto.
— Você sabe, você sempre soube tudo sobre ela. O desgraçado é italiano?
Minha vontade é acabar logo com essa tortura, vou falar de uma vez que sou o pai desse bebê.
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