Vittorio Bianchi
A Heloísa volta a dormir e a enfermeira fala que é por conta dos medicamentos, saio um pouco para tomar um ar.
Quando passo pela porta avisto Hugo e Ava ao longe quando me vê Ava se aproxima.
— Como ela está?
— Voltou a dormir, a enfermeira informou que ela está sobre efeito da medicação, mas amanhã ela já vai poder ir para casa. Ava, me faz o favor de arrumar as coisas dela, vou mandar alguém passar lá para deixar em meu apartamento.
Falo, tentando resolver tudo de uma vez.
— Vittorio, não seja irracional, ela vai precisar de cuidados e em casa podemos ajudar.
— Não Ava, ele não me quer lá, e não ficarei longe da minha mulher, nem do meu filho.
— Vocês estão de cabeça quente. De tempo ao tempo que vocês vão se resolver.
Ava solta um suspiro pesado e cruza os braços, me olhando como se eu fosse uma criança teimosa. Mas eu não sou. E não vou ceder.
— Vittorio, pelo menos pensa no que é melhor para a Heloísa — ela insiste.
— Eu estou pensando. E o melhor para ela sou eu.
Ava solta um riso seco.
— Engraçado, porque até ontem você era o pior para ela.
Sinto meu maxilar travar. Não preciso que ninguém me lembre dos meus erros, eu mesmo me torturo o bastante com isso. Mas agora não se trata do que eu fiz ou deixei de fazer. Se trata do que eu vou fazer daqui para frente.
— Já decidi, Ava. Se quiser ajudar, arrume as coisas dela.
Antes que ela possa retrucar, me afasto. Não quero ouvir sermões. Quero resolver isso. Quero minha mulher e meu filho comigo, sob meu teto.
Saio do hospital, sentindo o vento frio da noite bater no meu rosto. Respiro fundo, tentando colocar os pensamentos no lugar. Mas não há muito o que pensar.
Amanhã Heloísa sai do hospital e vai comigo para casa. Eu vou cuidar dela, e se Hugo tiver algum problema com isso, ele que se resolva sozinho.
Vou para o restaurante que fica em frente ao hospital e peço uma taça de vinho, para minha ironia é um vinho Casa Blanca, sorrio lembrando que eles quase levaram ela de mim. Ava acha que estamos de cabeça quente, mas a verdade é que nunca vi as coisas tão claras.
A Heloísa é minha. E eu não vou abrir mão dela. Mesmo que o Hugo seja tão cabeça dura.
Balanço a taça lentamente, observando o vinho girar no cristal. O nome no rótulo me faz rir sozinho. Casa Blanca. Como se fosse um aviso, uma lembrança de que aquela gente quase a tirou de mim. Mas não conseguiram.
Levo a taça aos lábios, sentindo o sabor seco se espalhar pela boca. Meus pensamentos estão um caos, mas uma coisa permanece firme dentro de mim: Heloísa vai ficar ao meu lado.
Pego o celular e encaro a tela por alguns segundos. Tenho vontade de ligar para ela, mesmo sabendo que ainda está dormindo. Só queria ouvir sua voz, confirmar que está bem. Mas me contento em enviar uma mensagem para meu motorista, pedindo que passe na casa dela e traga suas coisas para o meu apartamento. Quero que, quando ela sair do hospital, vá direto para casa. Para nossa casa.
— Obrigado por ajudar. Mas não preciso da sua aprovação.
Ava revira os olhos e se aproxima da cama, ajeitando o cobertor sobre Heloísa com cuidado.
— Não estou aqui para aprovar nada, Vittorio. Só quero que entenda que se você realmente ama a Heloísa, precisa fazer o que é melhor para ela. E às vezes o melhor não é você.
Minha mandíbula se contrai.
— Eu já cometi erros demais, quando a abandonei no passado, quando permiti que ela voltasse com vocês mesmo sabendo que ela esperava um filho meu. — digo, minha voz saindo mais dura do que o esperado. — Mas agora vou consertar tudo. E não vou deixar ninguém me impedir. Já perdemos tempo demais.
Ava me encara por mais alguns segundos, como se buscasse algum sinal de hesitação no meu rosto. Mas ela não encontra. Porque não há hesitação.
— Então espero que esteja pronto para lutar — ela diz, soltando um suspiro cansado. — Porque Hugo não vai deixar isso barato.
Sei disso. Sei que ele vai reagir. Mas não importa.
Me aproximo da cama e toco a mão de Heloísa com suavidade, sentindo o calor da sua pele contra a minha.
Amanhã, ela volta para casa comigo.
E ninguém vai mudar isso.

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