Vittorio Bianchi
O silêncio é quebrado apenas pelo som da sua respiração tranquila. Ela dorme de lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, a mão repousando sobre o ventre.
Meu filho está ali. Minha família está ali. E hoje eu vou levá-los para casa.
Aproximo-me devagar, sentando ao seu lado na cama. Com um carinho que eu nunca imaginei ser capaz de ter, deslizo os dedos por seu rosto, afastando uma mecha de cabelo.
— Amore mio… — murmuro, minha voz baixa.
Seus olhos se abrem devagar, piscando algumas vezes antes de focar em mim. Um sorriso pequeno se forma em seus lábios.
— oi….
Meu peito se aquece. Deus, como eu amo essa mulher.
— Oi, meu amor. Como está se sentindo?
Ela se espreguiça levemente, suspirando.
— Melhor. Mas cansada.
Apoio minha mão sobre a dela, sentindo o calor da sua pele.
— Isso é normal. Você passou por muito. Mas a partir de agora, você vai descansar de verdade.
Ela arqueia uma sobrancelha, desconfiada.
— Vittorio… o que você está aprontando?
Solto um sorriso de lado.
— Nada. Só quero garantir que você seja tratada como uma rainha.
Ela solta um riso fraco e fecha os olhos por um instante.
— Então acho que posso me acostumar com isso.
Acaricio sua mão por mais alguns segundos antes de dizer:
— O médico disse que você pode ir para casa em algumas horas. Já pedi para trazerem suas coisas.
Seus olhos encontram os meus, e vejo a hesitação ali.
— Você está mesmo decidido, não é?
— Heloísa, eu já perdi tempo demais. Agora é você e eu.
Ela não responde de imediato. Apenas aperta minha mão. Isso é suficiente.
Agora, só estamos nós dois.
Olho para Heloísa, que parece tão frágil, mas tão decidida ao mesmo tempo.
— Está pronta? — pergunto.
Ela sorri, seus olhos ainda carregados de uma emoção que eu mal posso compreender.
— Sempre estive.
E essa é a resposta que eu precisava ouvir.
Amanhã, tudo vai mudar. Não há mais volta. Heloísa e eu, juntos, com nosso filho. Isso é o que importa agora.
O tempo parece desacelerar enquanto olho para Heloísa. Seus olhos, profundos e ainda carregados de incertezas, encontram os meus. Por um segundo, sinto a pressão da responsabilidade pesar sobre mim, mas logo me forço a afastar esses pensamentos. Eu escolhi este caminho. Eu a escolhi. E nada mais importa além de nós.
Levanto-me da cama, estendendo a mão para ela.
— Vamos. Sua recuperação começa agora. E eu vou estar ao seu lado o tempo todo.
Heloísa hesita, mas me observa com um olhar que mistura gratidão e, talvez, um pouco de medo. Sei que a decisão de ir para casa comigo não é fácil. Hugo, Ava… todos estão contra isso. Mas ela precisa de mim. Ela precisa do nosso filho. E eu não vou permitir que nada ou ninguém a impeça de estar comigo.
Ela pega minha mão com um suspiro cansado, mas aceitando o apoio que lhe ofereço.
— Eu não sei o que esperar, Vittorio. Não sei se estou pronta para tudo isso. Mas... eu quero tentar.
Sorrio suavemente, sentindo um alívio profundo por ela estar disposta a seguir em frente, a começar uma nova fase, apesar de todo o medo e incertezas.
— Estamos juntos nisso, Heloísa. Só depende de nós agora.
Começo a guiá-la até o banheiro, onde a enfermeira já deixou tudo pronto para que ela tome um banho rápido antes de sair. Enquanto ela se prepara, fico ali, ao lado dela, observando-a se mover com cuidado. Sei que cada passo é um esforço. Cada movimento é uma lembrança do que passou, do que ainda estamos tentando superar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo