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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 72

Heloísa Moura

Os dias têm sido confusos. Às vezes, eu acordo no meio da noite, sem saber por que estou tão tensa, mas ao olhar para o lado, vejo Vittorio ao meu lado e tudo parece um pouco mais claro. Ele está ali, presente, e de certa forma, isso me dá segurança. Mas também sinto o peso das minhas escolhas, o medo do que o futuro nos reserva. Eu sempre fui alguém que procurou estabilidade, mas, agora, tudo parece incerto, até mesmo a minha relação com ele.

Morar com Vittorio tem sido uma experiência em constante aprendizado. Ele tem sido atencioso, mas também muito intenso. Às vezes, sinto que ele não percebe que eu estou tentando me reconstruir aos poucos, depois de tudo o que aconteceu. Não é fácil passar por tudo o que passei e, de repente, me ver inserida em um novo cenário, em uma nova rotina que não envolve mais meu pai, minha casa, minha vida antes disso tudo.

É difícil não pensar em meu pai. Ele foi o primeiro a me proteger, o primeiro a me cuidar de todas as formas. Mas eu sei que ele não me entende agora. Ele não entende que, por mais que eu tenha escolhido Vittorio, uma parte de mim ainda se sente insegura, e ele não pode lidar com isso. Meu pai só vê o que ele quer ver: que eu estou errada. Que eu tomei uma decisão impulsiva e que deveria estar ao lado dele, como se nada tivesse mudado.

A verdade é que estou perdida. Vittorio me ajuda a me sentir segura em momentos de fragilidade, mas também sinto que estou me afastando de mim mesma. Não sei mais o que é o certo. Não sei mais qual é o meu lugar.

Fico sentada na cama, olhando para o celular, hesitando em ligar para meu pai.

Me levanto da cama, me dirigindo até a janela. A vista da cidade é tranquila, as luzes distantes oferecem um certo consolo.

Vittorio entra no quarto, quebrando meu transe. Ele olha para mim com os olhos cautelosos, como se estivesse me estudando, procurando algo.

— Heloísa — ele diz suavemente, como se soubesse o que está se passando na minha cabeça. — Você está bem?

Eu forço um sorriso, tentando afastar o turbilhão de emoções que ainda me consome.

— Sim, só pensando em algumas coisas.

Ele se aproxima, puxa uma cadeira e se senta ao meu lado. Eu sei que ele quer que eu fale, mas, neste momento, estou tão confusa que nem sei por onde começar.

— Eu sei que as coisas não têm sido fáceis — ele começa, sua voz suave, mas firme. — Mas eu estou aqui. E, qualquer que seja o seu medo, você pode me contar. Nós vamos superar isso juntos.

Eu olho para ele, vendo a sinceridade em seus olhos, e, ao mesmo tempo, uma sensação de desconforto se instala no meu peito. Eu quero acreditar nele, quero confiar que, ao lado dele, poderei me reconstruir. Mas, por um segundo, me vejo diante de um abismo. O que está além desse ponto? O que eu vou perder ao continuar aqui, sem olhar para o que deixei para trás?

Vittorio parece perceber o meu silêncio, então ele coloca a mão sobre a minha, me dando um aperto suave, como se tentasse me passar calma.

— Eu não quero que você se sinta sozinha. Não é isso. Eu sei que você tem as suas dúvidas, mas não precisa enfrentá-las sozinha. Eu vou te ajudar a passar por tudo isso.

Eu fecho os olhos por um momento, sentindo uma mistura de alívio e pesar. Não sei mais quem sou nesse momento. Eu sei que ele quer o melhor para mim, que ele está me oferecendo apoio. Mas ainda assim, me sinto dividida.

— Eu só... não sei o que fazer, Vittorio — digo, finalmente, com a voz falhando. — Tenho medo de ter feito a escolha errada.

Me levanto do sofá, ando pela casa como um animal preso em uma jaula. Não sei o que mais fazer. Eu tentei ser o pai que ela precisava, tentei ser o suporte que ela sempre teve, mas, aparentemente, não foi o suficiente. Não foi o suficiente para mantê-la ao meu lado. Não foi o suficiente para fazê-la perceber que, por mais que Vittorio a queira agora, ele a deixou no passado. Ele foi o responsável por todo o sofrimento dela, e agora ele quer se redimir, mas não por amor genuíno. Ele está fazendo isso porque ela é a última peça que falta no quebra-cabeça dele.

Eu sei que isso soa irracional, mas é assim que me sinto. Eu quero a minha filha de volta. Quero que ela entenda que, ao invés de confiar em Vittorio, ela deveria confiar em mim. Porque, por mais que ele a tenha, eu sou a pessoa que vai estar lá para ela quando as coisas derem errado. E eu sei que, com ele, as coisas vão dar errado.

Ligo para o celular de Heloísa mais uma vez, como uma tentativa desesperada de alcançar alguma parte dela que ainda lembra de mim, da nossa relação. Mas, mais uma vez, a chamada vai para a caixa de mensagens. Ela não quer falar comigo. Ela não quer ouvir.

— Por que você não me escuta? — murmuro para mim mesmo, sentindo uma pontada de frustração em meu peito. — Você vai se arrepender, Heloísa. Eu só quero te proteger. Eu só quero que você veja o que ele é realmente.

Me sento na poltrona ao lado da janela, olhando para a rua vazia. A vida continua lá fora, mas aqui dentro, tudo parece paralisado. Eu sei que não posso controlar as escolhas dela, mas isso não impede que eu sofra com elas. Não posso simplesmente deixar ela seguir seu caminho sem mais nem menos.

Eu a criei para ser forte, para ser independente, para ser capaz de tomar suas próprias decisões. Mas não foi isso que ela escolheu. Ela escolheu se afastar de mim, escolher Vittorio, e, por mais que eu tente, não posso obrigá-la a voltar para casa.

A dor da rejeição é uma coisa estranha. Não é física, mas chega a ser mais profunda. Algo que rasga sem dó. Eu só queria que ela visse o quanto me importo, que ela entendesse que, por mais que ela tenha feito sua escolha, eu ainda estarei aqui, esperando que ela perceba que, por mais que ela cresça, por mais que ela se distancie, ainda sou seu pai. E não importa o que aconteça, sempre estarei aqui para ela.

Porém, a realidade é clara: ela já fez a escolha dela. E, por mais que eu sofra, não posso mais controlá-la. Ela está com Vittorio. Agora, o que me resta é esperar. Esperar que, com o tempo, ela perceba que o que eu sempre quis foi o melhor para ela.

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