Ava Moura
Eu ainda estava processando a notícia maravilhosa que Heloísa e Vittorio me deram ontem. Meu coração transbordava de alegria: eu seria avó de um menino! Um menino! Um neto para mim, para nós.
Passei a manhã toda imaginando como seria segurá-lo nos braços pela primeira vez, vê-lo crescer, aprender a falar, a andar… Ele seria tão amado.
Mas, apesar da felicidade, um peso ainda pressionava meu peito. Hugo.
Ele continuava irredutível, recusando-se a sequer mencionar o nome de Heloísa ou de Vittorio sem que a raiva tomasse conta dele. E isso estava me matando.
Quando ele chegou para o café da manhã, sentei-me à mesa e decidi que precisava tentar de novo.
— Você dormiu bem? — perguntei, tentando começar a conversa de forma leve.
— O suficiente. — Ele respondeu sem me encarar, folheando o jornal como se aquilo fosse mais importante do que sua própria filha.
Suspirei, sentindo a paciência se esgotar.
— Hugo, por quanto tempo mais você vai continuar agindo assim?
Ele não respondeu, mas eu continuei:
— Você sabe que ela sente sua falta. Ela precisa de você agora mais do que nunca.
Ele virou a página do jornal bruscamente.
— Ela fez a escolha dela, Ava. Eu não vou implorar para que volte.
Meu coração doeu ao ouvir aquilo.
— Não seja cabeça dura, Hugo! Você vai acabar perdendo sua filha e o melhor amigo que já teve.
Ele abaixou finalmente o jornal e me olhou, irritado.
— Vittorio deixou de ser meu amigo no momento em que decidiu ficar com a Heloísa.
Balancei a cabeça, inconformada.
— Você sabe que isso não é verdade. Ele sempre te respeitou, sempre te considerou um irmão. E ele te queria por perto… A Heloísa também.
Ele bufou, cruzando os braços.
— Não quero falar sobre isso.
Foi então que as palavras saíram antes que eu pudesse contê-las:
— Você ao menos sabe que vai ser avô de um menino?
Hugo piscou, confuso, como se tivesse ouvido errado.
— O quê?
— Isso mesmo que você ouviu. Um menino, Hugo. Seu neto.
O silêncio que seguiu foi denso. Eu vi nos olhos dele que aquilo o abalou. Sua expressão endurecida vacilou por um momento, como se estivesse absorvendo a informação.
— Um menino… — ele murmurou, quase para si.
— Sim. E ele merece ter o avô por perto.
Ele desviou o olhar, cerrando os punhos sobre a mesa.
— Isso não muda nada, Ava.
Eu soltei um suspiro exasperado.
— Você é um teimoso, Hugo! E se continuar assim, vai perder sua filha de vez. Vai perder o Vittorio. Vai perder a chance de conhecer o seu neto.
Ele não respondeu, mas o silêncio dele me dizia que minhas palavras haviam atingido algum lugar dentro dele.
Talvez fosse um começo.
Talvez ainda houvesse esperança.
Hugo ficou em silêncio depois da minha última frase. Vi seu maxilar travar, os dedos apertando a borda da mesa com força. Eu sabia que ele estava processando a notícia, mas o orgulho não o deixava admitir o que realmente sentia.
— Você ouviu o que eu disse, Hugo? — insisti, cruzando os braços.
Ele respirou fundo, desviando o olhar.
— Ouvi.
— E não vai dizer nada?

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