Marina Bernard
Desde que soube que o Augustus estava sendo obrigado a se casar, meu coração ficou em pedaços. Tentei de tudo, mas ninguém me deu ouvidos.
Agora estou aqui a caminho de Londres para “meu noivado” não tenho ideia de quantas lágrimas já derramei, entretanto, ninguém me escuta.
— Filha, de um sorriso, parece que está indo para seu velório ao invés do seu noivado.
— Porque é assim que me sinto. Não serei feliz ao lado de alguém que não amo.
— O que é amor, para você? Aquela coisa suja que você tinha com seu primo? Marina, o Augustus vai fazer o que tem de ser feito, casar e seguir com o legado da família.
— Então prefiro morrer, pois não seremos felizes. De que adianta ter dinheiro e não ter amor?
— Desde quando amor enche barriga, deixe de ser estúpida e case com o rapaz que seu pai escolheu.
Assim que minha mãe encerra a conversa com um bufar de irritação, eu me afundo no banco do carro. Meu coração está pesado, e a ideia de cruzar aquelas portas para um noivado que não desejo me sufoca. A paisagem de Londres passa borrada pela janela, mas minha mente está longe, perdida na lembrança de Augustus.
Minhas mãos tremem quando o carro para em frente ao hotel. O motorista abre a porta, e desço sem pressa, como se cada passo em direção ao meu destino selasse minha sentença.
Então, meu telefone toca.
Meu coração salta quando vejo o nome dele na tela. Atendo depressa, sem pensar.
— Marina — a voz dele soa urgente, e meu peito aperta. — Eu não vou me casar com Heloísa.
A respiração escapa dos meus lábios como se eu tivesse sido liberta de uma corrente invisível.
— O quê? — Minha voz sai trêmula, uma mistura de alívio e incredulidade. — por quê?
— Estou nos fundos do hotel. Venha agora. Vamos fugir.
Meu corpo reage antes que minha mente possa acompanhar. Giro nos calcanhares e, sem olhar para trás, disparo pelo corredor do saguão. Ignoro o chamado dos criados que tentam levar minha bagagem e corro em direção à saída lateral. Meu coração martela no peito, a adrenalina zunindo em meus ouvidos.
Quando atravesso a porta dos fundos, Augustus está lá, vestido com roupas simples e uma expressão que mistura ansiedade e esperança. Seu olhar encontra o meu, e naquele instante, sei que estou fazendo a única escolha possível para mim.
Sem hesitar, corro para ele. Ele me puxa para seus braços, e, por um momento, tudo desaparece — o hotel, minha família, o noivado forçado.
— Tem certeza? — ele sussurra contra meus cabelos.
— Eu nunca tive tanta certeza de algo na minha vida — respondo.
Ele segura minha mão com firmeza e, juntos, corremos para a liberdade.
Entro no carro de Augustus com o coração disparado, sentindo a adrenalina pulsar em cada fibra do meu corpo. Assim que bato a porta, ele pisa no acelerador e partimos sem olhar para trás. O hotel, minha família, o noivado forçado — tudo fica para trás em questão de segundos.
O vento noturno sopra pelos vidros semiabertos, bagunçando meu cabelo enquanto encaro Augustus. Ele mantém os olhos fixos na estrada, mas a tensão nos músculos de seu maxilar denúncia que ainda há algo a ser dito.
— Não posso acreditar que você veio — murmuro, minha voz embargada pela emoção.
Ele solta um suspiro, como se estivesse se livrando de um peso invisível.
Seguro sua mão com força, temendo que, se soltar, tudo desmorone.
— Eu não me importo para onde vamos — minha voz sai rouca, carregada pela emoção. — Contanto que seja com você.
Augustus aperta minha mão de volta, e um sorriso aparece no canto de seus lábios.
— Então prepare-se, porque nossa vida está prestes a mudar.
Ele acelera um pouco mais, deixando para trás a cidade que nos aprisionava. O peso das expectativas da minha família começa a se dissipar, mas ainda há medo dentro de mim.
— E se eles vierem atrás de nós? — pergunto, mordendo o lábio.
— Vão vir — ele responde sem hesitação, mas há uma calma surpreendente em sua voz. — Mas dessa vez, não vamos fugir. Vamos enfrentar.
Assinto, embora meu coração ainda martelasse com a possibilidade do confronto. Minha mãe nunca aceitaria isso. Meu pai… ele era um caso ainda pior.
— Mas até lá, Marina… — Augustus continua, desviando os olhos da estrada apenas por um segundo para me encarar. — Vamos viver.
Aquelas palavras são como um abraço quente, dissipando minhas dúvidas, enchendo-me de uma coragem que nunca soube que tinha.
Fecho os olhos por um momento, sentindo o vento no rosto. Pela primeira vez na vida, estou escolhendo o amor. Estou escolhendo nós.
— Então vamos viver, Augustus. Vamos viver sem olhar para trás.
Ele sorri e, com um último olhar para Londres pelo retrovisor, seguimos em frente, rumo ao desconhecido, rumo ao nosso próprio destino.

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