Heloisa moura
Minha cabeça latejava quando finalmente abri os olhos. Tudo estava escuro. A única luz vinha de uma pequena fresta no alto da parede, fraca demais para iluminar completamente o ambiente. Tentei me mexer, mas meus pulsos estavam amarrados.
A lembrança veio como um soco no estômago. Liliane. O sequestro. O carro acelerando pela estrada.
Engoli em seco, forçando minha respiração a ficar sob controle. Pânico não me ajudaria agora. Precisava entender onde estava e encontrar uma forma de sair.
— Finalmente acordou. — A voz de Liliane soou próxima, e meu corpo se enrijeceu.
Ela surgiu da escuridão, sentando-se à minha frente com um sorriso vitorioso nos lábios. Seu olhar era calculista, cheio de uma satisfação doentia.
— Você devia agradecer, Heloísa. Eu poderia ter feito isso de um jeito muito pior.
— O que você quer? — minha voz saiu rouca, a garganta seca.
Ela inclinou a cabeça, como se estivesse se divertindo com a pergunta.
— Quero que você entenda seu lugar. — Ela cruzou as pernas, jogando o cabelo para trás. — Você acha que venceu, não é? Que tem Vittorio, que tem uma família perfeita. Mas você só roubou o que não era seu.
Meu peito subiu e desceu rapidamente. Eu queria gritar, queria dizer que ela estava errada, mas sabia que discutir não mudaria nada. Liliane estava completamente fora de si.
— Vittorio nunca foi seu, Liliane. — Minha voz saiu firme, apesar do medo. — Ele nunca te amou.
O tapa veio rápido e forte, fazendo minha cabeça virar para o lado. Um gosto metálico se espalhou pela minha boca.
— Cale-se! — ela gritou, os olhos brilhando de ódio. — Você não sabe nada!
Fechei os olhos por um instante, sentindo a dor pulsar em minha bochecha. Mas quando voltei a encará-la, mantive minha postura.
— Se você acha que me machucar vai mudar alguma coisa, está enganada. Vittorio nunca vai amar você.
Liliane apertou os punhos, respirando fundo, tentando se controlar. Então, um sorriso perigoso surgiu em seu rosto.
— Não se preocupe, querida. Eu tenho outros planos para você. — Ela se levantou, me observando de cima. — E quando Vittorio perceber que te perdeu… talvez ele finalmente entenda o que significa sofrer.
Um arrepio gelado percorreu minha espinha.
— O que você vai fazer?
Ela riu baixinho, dando alguns passos para trás.
— Você vai descobrir em breve.
E com essas palavras, Liliane saiu da sala, trancando a porta atrás de si.
Meu coração martelava no peito. Eu estava sozinha, presa, e não sabia o que ela planejava. Mas uma coisa era certa: eu precisava sair dali antes que fosse tarde demais.
Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo no silêncio sufocante daquele quarto escuro. Minhas mãos estavam amarradas atrás da cadeira, os pulsos doíam com a corda apertada. O gosto metálico do sangue ainda estava na minha boca, uma lembrança do tapa de Liliane.
Fechei os olhos por um momento, tentando manter a calma. Eu precisava pensar. Precisava encontrar uma forma de sair dali.
Vittorio.
Onde ele estava agora? Será que já havia percebido meu desaparecimento? Será que estava me procurando?
Engoli em seco. Não podia contar apenas com ele. Se Liliane fosse esperta — e eu sabia que ela era —, tomaria cuidado para que ninguém me encontrasse tão cedo.
Abri os olhos, tentando enxergar melhor o ambiente ao meu redor. Era um cômodo pequeno, com paredes de concreto e um cheiro forte de mofo. O único móvel ali era a cadeira onde eu estava presa. A porta parecia velha, de madeira, mas tinha uma tranca pesada.
Me mexi devagar, testando as cordas. Não estavam frouxas, mas talvez, se eu insistisse…
De repente, ouvi passos do lado de fora. Minha respiração ficou presa na garganta.
A chave girou na fechadura, e a porta se abriu com um rangido.
Liliane entrou, segurando um copo de água.
— Imagino que esteja com sede. — Ela sorriu, como se estivesse se divertindo.
Eu a encarei, sem dizer nada.
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