Heloísa Moura
Meus joelhos continuam fracos quando Vittorio me ajuda a entrar no carro. Meus dedos tremem enquanto seguro sua mão, como se precisasse de algo real para me ancorar na realidade.
— Está tudo bem agora, amor — ele murmura, apertando minha mão com carinho. — Eu estou aqui.
Quero acreditar nessas palavras, mas o medo ainda pulsa dentro de mim. O olhar de Liliane, sua voz cheia de veneno, suas ameaças... tudo ecoa na minha mente como um pesadelo que não acaba.
Vittorio dá a partida, e logo estamos na estrada, deixando aquele hotel maldito para trás. Mas, mesmo longe, sinto como se Liliane ainda estivesse à espreita, esperando a hora certa para atacar de novo.
— Ela falou alguma coisa? Fez algo com você? — Vittorio pergunta, sua voz carregada de preocupação.
Desvio o olhar para a janela, vendo as luzes da cidade passarem em borrões.
— Ela só queria me assustar — respondo baixinho. — Queria me mostrar que pode nos atingir a qualquer momento.
Ele aperta o volante, os nós dos dedos ficando brancos.
— Eu juro, Heloísa, ela não vai mais chegar perto de você.
Toco seu braço, tentando acalmá-lo.
— Eu sei que você vai me proteger, mas Liliane não é o tipo de pessoa que desiste fácil.
Vittorio respira fundo, claramente lutando contra a raiva.
— Então a gente não vai esperar ela atacar de novo. Vamos agir antes.
Suas palavras me pegam de surpresa, e meu peito aperta.
— O que você quer dizer com isso?
Ele não responde de imediato, apenas continua dirigindo com um olhar determinado. Sei que, na cabeça dele, já existe um plano se formando.
— Vittorio… — minha voz sai mais fraca do que gostaria. — Não faça nada que vá colocar você em perigo.
Ele solta um riso sem humor.
— O perigo já está aqui, Heloísa. Eu não vou mais ficar parado esperando ela tentar algo de novo.
O silêncio que se instala entre nós é pesado. Sei que ele está certo, mas a ideia de vê-lo se arriscar por minha causa me assusta mais do que tudo.
Quando chegamos em casa, Vittorio insiste para que eu tome um banho e descanse, mas o sono é impossível. Sinto o cansaço em cada músculo do meu corpo, mas minha mente está inquieta.
Deito na cama, encarando o teto escuro, e tudo que consigo pensar é no que poderia ter acontecido se Vittorio não tivesse chegado a tempo.
Se Liliane tivesse ido além das ameaças…
Engulo em seco, sentindo um arrepio percorrer minha espinha.
Os minutos se arrastam até que Vittorio entra no quarto, a expressão fechada. Ele senta na beira da cama, passando a mão pelos cabelos, claramente perdido em pensamentos.
— Você acha que ela vai tentar algo de novo? — pergunto baixinho.
Ele solta um suspiro, me olhando nos olhos.
— Eu não acho, Heloísa. Eu tenho certeza.
Aquelas palavras são como um soco no estômago.
— Então o que vamos fazer? — sussurro.
Ele pega minha mão entre as suas e a beija suavemente.
— Eu vou protegê-la, Heloísa. De qualquer jeito.
Sei que ele está falando sério. Mas também sei que Liliane não vai desistir tão fácil.
E isso me assusta mais do que qualquer coisa.
A tensão ainda paira no ar quando Vittorio se deita ao meu lado, mas seus braços me envolvem com força, como se quisesse me proteger até dos próprios pensamentos. Meu rosto encontra abrigo no seu peito, sentindo a batida firme do seu coração, mas nem mesmo isso é o suficiente para afastar o medo.
Meus olhos ardem, cansados, mas o sono não vem. Liliane está em todos os cantos da minha mente, como uma sombra que se recusa a desaparecer.
— O que você está pensando? — a voz de Vittorio corta o silêncio, baixa e rouca.
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