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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 87

Hugo Moura

Ao chegar em casa, senti o peso da minha consciência como nunca antes. Cada palavra dita por Vittorio ainda ecoava na minha mente, como um lembrete incômodo de que eu estava falhando com as pessoas que mais importavam na minha vida.

Ava estava sentada no sofá, absorta em um livro, mas assim que me viu entrar, ergueu os olhos, percebendo de imediato a minha inquietação.

— Hugo? Aconteceu alguma coisa?

Passei a mão pelos cabelos, suspirando. Sentei ao lado dela, sentindo meu peito apertar.

— Aconteceu, sim. E eu preciso admitir que estive errado esse tempo todo.

Ela fechou o livro e se virou completamente para mim, aguardando. Seu olhar sempre atento e compreensivo me encorajou a continuar.

— Eu fui um idiota, Ava. Um irresponsável com a minha filha e um péssimo amigo para o Vittorio. — Respirei fundo antes de continuar. — Ver a maneira como ele protege a Heloisa, como está disposto a tudo para o bem dela, me fez enxergar o que eu estava ignorando. Eu deveria ser o pai dela. Eu deveria ser o primeiro a defendê-la, a cuidar dela. Mas em vez disso, só agi com orgulho e teimosia. Tudo porque ela se apaixonou pela pessoa que sempre considerei e mantive por perto. E agora, afastei duas pessoas que amo.

Ava segurou minha mão, seu toque gentil, mas firme, me trazendo de volta para o presente.

— O mais importante é que você percebeu isso, Hugo. Ainda dá tempo de corrigir as coisas.

Assenti, sentindo a garganta apertar.

— Eu vou procurar a Heloisa. Vou pedir perdão por tudo. Ela merece um pai que esteja realmente presente, que a ame sem reservas, sem egoísmos. E também preciso falar com o Vittorio. Ele não merecia a forma como o tratei.

Os olhos de Ava brilharam com orgulho e carinho.

— Isso significa muito, Hugo. Para Heloisa, para o Vittorio... e para você também. Tenho certeza de que essa conversa será difícil, mas necessária.

Engoli em seco e assenti mais uma vez. Pela primeira vez em muito tempo, sentia que estava prestes a dar um passo certo. E mesmo que o medo do que viria pela frente me consumisse, eu sabia que era hora de enfrentar as consequências dos meus atos e reconstruir os laços que eu mesmo fragilizei.

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No dia seguinte, acordei decidido. O peso em meu peito ainda estava lá, mas agora parecia menos sufocante. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa simples e saí de casa sem pensar duas vezes.

A cada passo que dava em direção à casa de Heloisa, meu coração acelerava. E se ela não quisesse me ouvir? E se fosse tarde demais? Afastei esses pensamentos e toquei a campainha.

Demorou alguns segundos até a porta se abrir. Quando vi minha filha parada ali, seus olhos carregavam um misto de surpresa e cautela.

— Pai? O que você está fazendo aqui?

Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas.

— Eu vim para pedir perdão, Heloisa. Por tudo. Por ter sido ausente, por deixar meu orgulho me afastar de você. Eu não quero mais ser esse homem. Quero ser o pai que você merece. O Avô que o Lorenzo merece.

Ela me olhou por alguns instantes, e naquele silêncio, senti que meu destino estava nas mãos dela. Meu coração pulsava forte, esperando uma resposta que poderia mudar tudo.

Heloisa ficou em silêncio por um longo momento, seus olhos avaliando cada detalhe da minha expressão. Senti o coração martelando no peito, a ansiedade crescendo a cada segundo que passava sem uma resposta.

— Você realmente acredita que basta pedir desculpas? — A voz dela era firme, mas não havia raiva. Apenas um cansaço profundo.

Engoli em seco e assenti.

— Não. Eu sei que palavras não são suficientes. Sei que passei tempo demais me afastando, justificando meus erros ao invés de consertá-los. Mas estou aqui agora. E quero fazer diferente.

Ela cruzou os braços e suspirou.

— Eu nunca quis te magoar, pai. — A voz de Heloisa tremeu um pouco, mas seus olhos permaneceram fixos nos meus. — Mas eu também não podia viver uma mentira. Não podia seguir um caminho que não era meu.

Suspirei e passei a mão pelo rosto. Cada palavra dela pesava em minha consciência como um lembrete cruel dos erros que cometi. Então, finalmente, olhei para Vittorio.

— Eu fui injusto com você. — Minha voz saiu rouca, carregada de emoção. — Durante anos, confiei em você, vi como era leal à nossa família, e ainda assim, quando se tratou da minha filha, eu me ceguei pelo meu próprio orgulho. Te ataquei, te acusei, quando, na verdade, você estava apenas tentando fazer o que era certo.

Vittorio manteve sua expressão séria, mas algo em seus olhos suavizou. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que aquilo não era fácil para mim.

— Eu entendo, Hugo. — Ele respondeu, sua voz calma, mas firme. — Não vou dizer que não me magoou, porque magoou. Mas nunca quis tomar nada de você. Nunca quis ser um inimigo.

Assenti, sentindo o peso das palavras e a verdade nelas. O silêncio se instalou por um instante, mas não era mais um silêncio carregado de ressentimento. Era um silêncio de entendimento.

Respirei fundo, buscando as palavras certas.

— Eu demorei muito para ver o que estava na minha frente esse tempo todo. E perdi tempo demais brigando contra algo que nunca deveria ter sido uma batalha. Eu só quero que vocês sejam felizes. Quero recuperar o tempo perdido com você, Heloisa. Quero ser um avô presente para o Lorenzo. E, Vittorio, quero reconstruir a amizade que destruí por orgulho.

Os olhos de Heloisa se encheram de lágrimas, e ela apertou ainda mais a mão de Vittorio. Meu peito apertou, mas pela primeira vez em muito tempo, não era culpa ou raiva. Era alívio. Era esperança.

Vittorio assentiu devagar.

— Se é isso que você realmente quer, Hugo, então podemos começar de novo. Agora, sou realmente da família, sogrão.

Eu nunca pensei que essas palavras me trariam tanta paz. Mas ali, diante deles, eu soube que estava no caminho certo. Não seria fácil, mas estava finalmente disposto a lutar pelas coisas que realmente importavam.

Meus olhos estavam fixos em um ponto qualquer, mas minha mente fervilhava com cada palavra de Heloisa. A revelação me atingia como uma onda bruta, uma mistura de surpresa, arrependimento e culpa. Durante tanto tempo, eu havia me agarrado à minha visão do que era certo e errado, sem ao menos considerar os sentimentos dela.

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