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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 88

Hugo Moura

Engoli em seco e, pela primeira vez, encarei os dois sem o véu do orgulho que tanto me cegara. Heloisa falava com uma firmeza que nunca antes havia visto nela, e o modo como suas mãos estavam entrelaçadas com as de Vittorio me dizia tudo. Era amor. Simples, genuíno e inabalável. E eu, durante tanto tempo, fui incapaz de enxergar.

— Eu nunca quis te magoar, pai. — A voz de Heloisa tremeu um pouco, mas seus olhos permaneceram fixos nos meus. — Mas eu também não podia viver uma mentira. Não podia seguir um caminho que não era meu.

Suspirei e passei a mão pelo rosto. Cada palavra dela pesava em minha consciência como um lembrete cruel dos erros que cometi. Então, finalmente, olhei para Vittorio.

— Eu fui injusto com você. — Minha voz saiu rouca, carregada de emoção. — Durante anos, confiei em você, vi como era leal à nossa família, e ainda assim, quando se tratou da minha filha, eu me ceguei pelo meu próprio orgulho. Te ataquei, te acusei, quando, na verdade, você estava apenas tentando fazer o que era certo.

Vittorio manteve sua expressão séria, mas algo em seus olhos suavizou. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que aquilo não era fácil para mim.

— Eu entendo, Hugo. — Ele respondeu, sua voz calma, mas firme. — Não vou dizer que não me magoou, porque magoou. Mas nunca quis tomar nada de você. Nunca quis ser um inimigo.

Assenti, sentindo o peso das palavras e a verdade nelas. O silêncio se instalou por um instante, mas não era mais um silêncio carregado de ressentimento. Era um silêncio de entendimento.

Respirei fundo, buscando as palavras certas.

— Eu demorei muito para ver o que estava na minha frente esse tempo todo. E perdi tempo demais brigando contra algo que nunca deveria ter sido uma batalha. Eu só quero que vocês sejam felizes. Quero recuperar o tempo perdido com você, Heloisa. Quero ser um avô presente para o Lorenzo. E, Vittorio, quero reconstruir a amizade que destruí por orgulho.

Os olhos de Heloisa se encheram de lágrimas, e ela apertou ainda mais a mão de Vittorio. Meu peito apertou, mas pela primeira vez em muito tempo, não era culpa ou raiva. Era alívio. Era esperança.

Vittorio assentiu devagar.

— Se é isso que você realmente quer, Hugo, então podemos começar de novo, sogrão.

Eu nunca pensei que essas palavras me trariam tanta paz. Mas ali, diante deles, eu soube que estava no caminho certo. Não seria fácil, mas estava finalmente disposto a lutar pelas coisas que realmente importavam.

— Tudo bem, Vittorio, te aceito na família, mas se me chamar de sogro novamente te acerto a cara — todos rimos divertidos.

O riso ainda ecoava no ambiente quando me permiti soltar um suspiro longo. Pela primeira vez em anos, o peso sobre meus ombros parecia menos esmagador. A dor da perda, os resquícios do orgulho e o medo do desconhecido ainda estavam lá, mas algo dentro de mim começava a mudar. Era sutil, mas era real.

Heloisa se aproximou e, hesitante, segurou minha mão. Seus dedos eram quentes, firmes, como se, apesar de tudo, ainda quisesse essa conexão comigo. Meu coração apertou. Durante anos, eu temi perdê-la, e ironicamente, foi minha própria intransigência que quase nos separou para sempre.

— Pai — ela murmurou, seus olhos brilhando. — Obrigada.

Eu engoli em seco, tentando afastar a emoção que ameaçava me sufocar.

— Não precisa agradecer, filha — respondi, minha voz rouca. — Eu que devo desculpas. Por tudo. Sei que palavras não são suficientes, mas eu quero mudar. Quero fazer parte da sua vida, da vida do Lorenzo. Não quero mais perder tempo com ressentimentos.

Ela sorriu, e era o sorriso mais genuíno que eu já vira nela em anos. Um sorriso que dizia que, mesmo depois de tudo, ainda havia espaço para o perdão. E talvez, para o amor.

Vittorio observava a cena em silêncio, seus olhos avaliando cada detalhe, cada nuance do momento. Eu sabia que ele era um homem de poucas palavras, mas de ações profundas. Quando ele assentiu, de maneira quase imperceptível, eu soube que aquele gesto valia mais do que qualquer discurso.

— Então, estamos mesmo começando de novo? — perguntei, quebrando o silêncio.

— Estamos — Heloisa afirmou, sem hesitar. — Mas, pai, tem uma condição.

Ela sorriu e apertou minha mão uma última vez antes de soltá-la. O gesto era pequeno, mas carregado de significado. Talvez ainda houvesse arestas a serem aparadas, feridas a serem curadas, mas ali, naquele momento, eu soube que um novo capítulo se iniciava para nós.

O jantar continuou com uma leveza que há anos eu não experimentava. Conversamos sobre o futuro, sobre os preparativos para a chegada de Lorenzo, sobre a vida que Heloisa e Vittorio estavam construindo juntos. Cada palavra, cada risada trocada era um lembrete silencioso de tudo o que eu quase destruí com meu orgulho. Mas também era uma prova de que ainda havia tempo para reconstruir.

Quando finalmente deixei a casa deles naquela noite, o ar frio bateu no meu rosto, clareando minha mente. Caminhei até o carro, mas não entrei de imediato. Em vez disso, apoiei-me na porta e olhei para o céu estrelado. Pela primeira vez em muito tempo, não senti um peso esmagador sobre meus ombros. Havia um caminho a seguir, e desta vez, eu estava disposto a percorrê-lo da maneira certa.

Puxei o celular do bolso e, sem pensar demais, disquei um número e liguei para Ava, não poderia esperar chegar em casa para contar as novidades.

— Hugo? — Sua surpresa era evidente. — Está tudo bem?

— Sim, Ava. — Minha voz saiu mais suave do que eu esperava. — Acho que, pela primeira vez em muito tempo, as coisas estão começando a ficar bem. A Heloisa me perdoou.

Um silêncio se instaurou do outro lado, mas não era um silêncio desconfortável. Era um silêncio de esperança. De algo que, assim como minha relação com Heloisa, ainda podia ser reconstruído.

— Quero conversar, Ava. Quero acertar as coisas. Quero que sejamos uma família de verdade, quero fazer as coisas certas.

Dessa vez, foi ela quem respirou fundo. E então, com uma doçura que me atingiu em cheio, respondeu:

— Então volte para casa, Hugo. Vamos conversar.

Desliguei o telefone e entrei no carro, sentindo meu peito se expandir com uma sensação que eu quase não reconhecia mais: paz. Talvez esse fosse apenas o começo, mas era um começo promissor. E eu estava pronto para lutar pelo que realmente importava.

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