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Proibida para Mim: Apaixonado pela filha do meu amigo romance Capítulo 93

Arthur Bernard

Augustus passou a dormir lá com frequência. Se oferecia para cuidar de Lucas durante a noite, me deixando descansar algumas horas a mais. Ele ainda era um jovem tentando entender o próprio lugar no mundo, mas com Lucas nos braços, ele parecia ter encontrado um propósito. Algo maior que ele mesmo.

— Ele gosta do meu colo — Augustus disse uma noite, com um sorriso bobo enquanto balançava Lucas suavemente. — Ou eu sou muito bom nisso, ou ele me reconhece como irmão.

Sorri, observando os dois. Era estranho — e ao mesmo tempo lindo — ver meu filho mais velho assumindo com tanta naturalidade o papel de irmão mais velho. Às vezes, ele se pegava falando com Lucas como se o bebê pudesse entender tudo:

— Você ainda vai saber tudo sobre mim, sabia? E eu também vou saber tudo sobre você. Vamos crescer juntos, de um jeito meio torto, mas vamos.

Enquanto isso, eu tentava organizar as coisas: documentos, agenda com o advogado, exames, e principalmente meu emocional. Havia noites em que ainda acordava tomado pelo medo — de não conseguir, de falhar, de repetir erros do passado.

Mas aí eu olhava para o berço, e Lucas estava ali. E Augustus também. E isso, de alguma forma, bastava.

Numa tarde de domingo, estávamos os três sentados na sala. Lucas dormia no sofá entre travesseiros, e Augustus assistia um desenho qualquer só pra manter a TV ligada. Eu aproveitei o raro momento de silêncio pra me abrir.

— Filho… eu errei muito com você. E mesmo assim, você tá aqui.

Ele me olhou, surpreso, mas não disse nada. Esperei, então continuei:

— Eu quero fazer diferente agora. Com o Lucas. Mas também com você, Augustus. Não quero perder vocês.

— Você não perdeu — ele respondeu, com simplicidade. — Você só… demorou pra perceber o que realmente importa.

As palavras dele foram como um alívio. Não um perdão completo, mas um começo. Um caminho.

— Obrigado por estar aqui. Eu não sei o que seria de mim se não tivesse você agora.

Augustus riu de leve.

— Eu também não sei o que seria de mim se esse bebê não tivesse aparecido. É estranho dizer isso… mas ele me deu um propósito. De algum jeito, eu sinto que a gente precisava dele tanto quanto ele precisa da gente.

Nos entreolhamos por um instante, e ali entendi que, pela primeira vez em muito tempo, estávamos prontos para recomeçar. Juntos.

Aquela casa já não era feita apenas de dor e arrependimento. Agora havia risos, choros de bebê, mamadeiras e promessas silenciosas de fazer melhor. Um pai, um filho e um bebê. Três corações tentando se curar — e, talvez, finalmente, conseguindo.

A segunda-feira amanheceu calma, com um sol discreto entrando pelas frestas da cortina. Lucas dormia tranquilamente no berço improvisado no meu quarto, e Augustus, deitado no colchão ao lado, ainda ressonava baixinho.

Levantei devagar, tentando não fazer barulho, e fui até a cozinha preparar uma mamadeira. A rotina começava a ganhar um ritmo — mesmo que tudo ainda parecesse surreal. Em poucos dias, meu mundo tinha virado de cabeça pra baixo, mas, de algum jeito, esse caos tinha me trazido um tipo estranho de paz. Pela primeira vez em anos, eu sentia que estava exatamente onde devia estar.

— Bom dia — ouvi a voz rouca do Augustus atrás de mim.

Me virei e sorri. Ele esfregava os olhos, com o cabelo todo bagunçado.

— Dormiu bem?

— Eu sei — respondi, apertando sua mão.

Ficamos ali em silêncio, com Lucas dormindo no quarto e a cidade quieta do lado de fora. Nada mais importava. Aquele momento era só nosso. Nossa pequena família, improvável e real.

Naquela noite, o silêncio da casa era quase confortável. Não o tipo de silêncio que machuca, que pesa no peito. Era um silêncio leve, preenchido pelo som da respiração tranquila do Lucas no quarto e pelo calor da presença do Augustus ali, ao meu lado.

Ainda era difícil acreditar em tudo o que tinha mudado em tão pouco tempo. Algumas semanas atrás, eu estava sozinho, perdido, tentando juntar os pedaços do que sobrou depois de uma queda feia demais pra simplesmente levantar e seguir em frente. Mas agora… agora eu tinha motivos. Tinha eles.

Me levantei do sofá com cuidado, tentando não acordar Augustus, que acabara adormecendo com a cabeça no meu ombro. Peguei uma manta e cobri seus ombros antes de seguir até o quarto. Me aproximei devagar do berço e me apoiei na beirada, observando Lucas dormir com aquele jeitinho de quem ainda não conhece o peso do mundo. Queria poder garantir que ele nunca precisaria conhecer. Que seria amado todos os dias da vida dele, mesmo quando eu errasse — porque sim, eu ainda ia errar. Mas, dessa vez, eu não ia desistir.

Estendi a mão e acariciei de leve sua barriguinha. Ele se mexeu um pouco, soltando um som abafado entre o sono e o conforto. Sorri. Aquilo era tudo. Tudo que eu precisava.

Voltei pra sala e sentei de novo ao lado do Augustus. Ele ainda dormia, agora com a expressão mais tranquila. Talvez ele também tivesse encontrado uma espécie de paz aqui, no meio desse caos organizado. Talvez, assim como eu, ele só estivesse esperando por um lugar onde pudesse parar de correr.

Fiquei ali por mais algum tempo, só ouvindo o som da casa viva. A casa onde a dor deu lugar ao cuidado. Onde o amor, mesmo torto e cheio de cicatrizes, começava a fazer morada.

Peguei o celular e abri a câmera, tirando uma foto do Augustus dormindo com a manta nos ombros. Depois, fui até a porta da varanda e encostei por um momento no batente, deixando o vento leve da noite tocar meu rosto. O céu estava limpo, algumas estrelas visíveis mesmo com as luzes da cidade. Um novo começo. Era isso que aquilo parecia. Nada grandioso ou cinematográfico — apenas real.

E foi nessa realidade que eu finalmente entendi: eu não precisava mais tentar ser o homem perfeito, o pai ideal, o salvador de ninguém. Eu só precisava estar presente. Só precisava continuar, mesmo que devagar, mesmo que tropeçando.

Porque agora… agora eu não estava mais sozinho.

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