Matheu e Isabella
Desde que vi a felicidade e a luta que a Heloísa fez para manter o relacionamento dela com o senhor Vittorio, me deu forças para enfrentar os obstáculos que enfrentasse. Porque amar nunca é fácil quando o mundo te mostra todos os dias que vocês pertencem a lugares diferentes. Mas o coração não conhece essas fronteiras. E o meu já era dele há muito tempo.
Matheu.
Só de pensar no nome dele, já sinto meu peito apertar e a pele arrepiar. Era como se ele sempre estivesse por perto, mesmo quando não estava. Filho do braço direito do senhor Vittorio, cresceu ali naquela mansão quase como um herdeiro — com ares de nobreza, postura impecável e aquele olhar curioso que sempre me tirava do eixo. Eu, filha da empregada da casa, vivia à sombra dos grandes salões e das ordens silenciosas. Mas com ele… era diferente.
Nos conhecemos ainda pequenos, correndo pelo jardim, brincando de esconde-esconde entre as roseiras que a senhora Vittoria tanto prezava. Eu escondia minha boneca atrás das colunas de mármore e ele fingia não achar só para ficar mais tempo comigo. Naquela época, não sabíamos o que era amor. Só sabíamos que queríamos estar juntos. Sempre.
Com o tempo, a infância foi dando lugar a algo mais forte. Mais urgente. Os olhares ficaram mais demorados. Os toques, mais intensos. Eu sabia que era errado — pelo menos era isso que o mundo nos dizia. Mas como poderia ser errado algo que fazia o tempo parar quando ele segurava minha mão?
Lembro da primeira vez que ele me beijou. Foi no estábulo, numa tarde qualquer, enquanto chovia lá fora e os cavalos batiam os cascos impacientes no chão de terra batida. Ele tirou um fiapo de feno do meu cabelo, sorriu do jeito dele — meio torto, meio travesso — e antes que eu dissesse qualquer coisa, seus lábios estavam nos meus. Foi doce e desesperado ao mesmo tempo, como se ambos soubéssemos que aquele momento, por mais perfeito que fosse, carregava o peso de tudo o que não podíamos ser.
Mas desde então, não conseguimos mais esconder.
Nos olhares cruzados durante os jantares. Nos bilhetes escondidos entre os livros da biblioteca. Nas madrugadas silenciosas em que eu escapava do quarto da minha mãe para encontrá-lo no pomar. A cada encontro, nosso amor crescia — selvagem, indomável, perigoso.
Matheu dizia que enfrentaria o pai, o Senhor Luiz, se fosse preciso. Que nada o afastaria de mim. Eu acreditava, embora, no fundo, soubesse que o mundo lá fora era mais cruel do que nossos sonhos. Mas também sabia que a coragem nasce quando o amor é verdadeiro. E o nosso… era. É.
Quando a Senhorita Heloisa, chegou, o senhor Luiz colocou o Matheu a disposição dela e isso me deixou louca de ciúmes no início. Até que uma noite escutei uma conversa dela com o Sr. Vittorio, e ali vi que ela não queria nada com o Matheu, mas ela nutria um amor ainda mais proibido que o meu.
Naquela noite, depois de escutar a conversa da Senhorita Heloísa com o Senhor Vittorio, algo dentro de mim mudou. Não foi só alívio por saber que ela não estava interessada no Matheu — foi algo mais profundo. Foi como se eu tivesse enxergado nela um reflexo meu: alguém que também lutava contra as amarras invisíveis que nos prendem ao que é "aceitável", ao que é "certo".
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