O relógio marcava quase meia-noite e a casa estava mergulhada num silêncio incomum. A luz suave da luminária de canto iluminava parte da sala de estar, onde Isabella permanecia sentada, com livro fechado sobre o colo. Ela não havia conseguido avançar uma página sequer. Seus olhos, apesar de voltados para as palavras impressas, estavam longe dali.
Lorenzo ainda não havia retornado.
Desde que voltou do concerto com Dr Stephano, ficou um pouco na sala de jantar com Antonella, Marta e Giulia, contando como tinha sido a apresentação, fingia naturalidade, mas por dentro estava tensa e preocupada com ele. Percebeu a ausência de Lorenzo em casa e até o momento, ele não havia retornado.
Isabella ouviu passos ecoando pelos corredores, esperando em vão que um deles fosse dele. Aurora já dormia tranquilamente, depois de mais uma história lida pela tia Giulia. E Isabella, sentindo o peito apertado, buscava um resquício de calma.
Vestia uma camisola de tecido leve, cor de champanhe, com alças finas que deslizavam suavemente sobre seus ombros. Por cima, uma manta cinza-clara que ela agarrava contra o peito como se fosse proteção contra algo que a ameaçava por dentro. Os pensamentos corriam soltos, inquietos, cada um mais barulhento que o outro. Tinha tentado não se preocupar, mas não podia evitar.
Onde ele estava? Será que ele havia saído com aquela morena?
— Para Isabella! Para de pensar nisso. O Senhor Vellardi é um homem impossível para você.
A dúvida era como uma brasa viva, queimando a cada minuto que passava.
De repente, o som da maçaneta girando quebrou o silêncio fazendo Isabella se sobressaltar. A porta da frente se abriu lentamente, e a figura de Lorenzo surgiu no vão, com os cabelos bagunçados, o rosto marcado pelo cansaço… e os olhos vermelhos.
Ele entrou sem dizer palavra, fechando a porta com mais força do que o necessário. Cambaleava levemente, o corpo estava rígido e a expressão tensa. Isabella se levantou num salto, deixando o livro escorregar do colo e cair no chão com um leve som abafado.
— Lorenzo? — chamou, com a voz baixa, tomada por preocupação. — Está tudo bem?
Mas ele não respondeu.
Apenas parou no meio da sala, com os olhos fixos nela, como se finalmente tivesse reencontrado algo que havia perdido. E então, com um movimento repentino, atravessou o espaço entre eles, segurou-a pelos braços e a puxou para si.
O beijo foi urgente, desgovernado, como se ele tivesse esperado o dia inteiro por aquilo. Os lábios de Lorenzo se colaram aos dela com uma fome antiga, mas era mais do que desejo, era necessidade, angústia, ternura e desespero comprimidos num só gesto. Isabella ofegou contra a boca dele, os dedos se agarrando à camisa amarrotada enquanto seu coração disparava.
Ela sentiu o gosto do uísque misturado ao sal das emoções contidas. Sentiu o calor da pele dele sob suas mãos e o cheiro inconfundível de Lorenzo, uma mistura de bergamota, madeira e noite.
Quando os dois se separaram por um breve segundo para respirar, ele encostou a testa na dela, com os olhos fechados e o peito arfando.
— Me desculpa — sussurrou, com a voz rouca. — Eu não queria sumir… mas eu precisava… pensar.
— Lorenzo… — ela começou, mas ele apenas balançou a cabeça.
— Não fala nada. Só vem comigo.
Sem esperar resposta, ele segurou a mão dela e a guiou escada acima. Os passos eram apressados, mas carregados de algo contido, como se cada degrau os levasse mais fundo para dentro de um segredo. Isabella não hesitou. Seu corpo já o reconhecia, sua alma já o entendia. E mesmo sem explicações, seguiu.
Quando entraram no quarto dele, a porta foi fechada com cuidado. A penumbra era cortada apenas pela luz suave do abajur aceso ao lado da cama.
Lorenzo se virou lentamente, com seus olhos azuis turvos de emoção. Isabella permaneceu parada à sua frente, o tecido da camisola ondulando levemente com o movimento do ar. Ele a observou em silêncio por um momento, como se estivesse tentando memorizar cada detalhe.
E então, com um gesto lento e reverente, aproximou-se.
Seus dedos tocaram o rosto dela com uma delicadeza inesperada. Traçaram o contorno da bochecha, a linha do maxilar, até repousarem sob o queixo, erguendo levemente o rosto dela para fitá-lo.
— Eu tentei… — murmurou ele. — Tentei afastar isso, racionalizar. Mas cada vez que fecho os olhos, é você que eu vejo.
Em seguida, ele retirou a calça com calma e, por fim, ficou diante dela em plena nudez, fazendo Isabella prender a respiração.
A forma como ele se erguia, forte, viril, majestoso, a fazia sentir-se ainda mais pequena, mais frágil, mais entregue. Mas ao mesmo tempo, completamente segura. A ereção dele era evidente, pulsante, e quando Lorenzo se deitou sobre ela, apoiando o peso com um dos braços para não esmagá-la, Isabella não conteve o tremor que percorreu sua espinha ao sentir o toque quente de sua glande roçar sua intimidade já úmida.
Ele não se apressou.
Acariciou seu rosto, espalhou beijos por seu peito, seus ombros, suas pálpebras. Como se cada parte dela precisasse ser despertada, amada, conhecida. E então, guiado pela respiração dela, pelo som de seus suspiros e do próprio coração, Lorenzo se posicionou entre suas coxas e quando ele finalmente a penetrou, foi com ternura e intensidade, com os olhos presos aos dela, como se quisesse ver cada emoção que provocava.
Isabella arqueou o corpo, fechando os olhos diante da invasão suave e profunda. Era intenso, novo. Doía e ao mesmo tempo era maravilhoso. E quando abriu os olhos de novo, encontrou os de Lorenzo sobre ela, fixos, cheios de uma emoção contida. Ela arqueou o corpo para recebê-lo, envolveu-o com as pernas, e deixou que a dança silenciosa começasse.
Fizeram amor devagar, como se o tempo tivesse desaparecido.
Os corpos se encaixavam com perfeição, os movimentos eram suaves e ritmados como as ondas do mar. O quarto era preenchido por suspiros, gemidos baixos e roçar de peles.
Não havia pressa, não havia pressões. Apenas dois corpos que se descobriram e duas almas que, mesmo em silêncio, sabiam que estavam atravessando uma fronteira invisível. A cada investida, ele a segurava com mais firmeza, e a cada movimento, ela sentia o calor se espalhar por todo o seu corpo.
Isabella sussurrava o nome dele, quase sem perceber, enquanto ele a embalava com o próprio corpo, os próprios lábios, os próprios olhos fazendo o tempo entre eles parar.
Os dois atingiram o clímax quase ao mesmo tempo, como se suas almas tivessem se encontrado ali, naquele instante eterno, foi como se algo dentro deles se alinhasse. Não era apenas o prazer. Era a conexão. Era o amor silencioso que crescia entre as frestas de tudo aquilo que eles ainda não tinham coragem de confessar.
Na escuridão do quarto, com os corpos suados e abraçados sob os lençóis amassados, Isabella adormeceu aninhada ao peito de Lorenzo, com o coração calmo e um sorriso tênue nos lábios, mas antes sussurrou com toda certeza do seu coração:
— Eu amo você….

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