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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 108

A noite já havia tomado conta do céu quando Giulia saiu do escritório, deixando Lorenzo sozinho com seus pensamentos embaralhados e o coração pesado. Mas ele não ficou muito tempo lá dentro. Precisava de ar. De silêncio. De qualquer coisa que pudesse acalmar a culpa pulsando no peito.

Seguiu pelos corredores escuros da mansão como se caminhasse por dentro de si mesmo e tudo ali era um campo de ruínas. Abriu a porta da biblioteca e, sem acender as luzes, deixou-se cair no sofá de couro escuro. O cômodo era amplo, acolhedor, forrado de livros até o teto, impregnado com o aroma amadeirado que sempre o lembrava de seu pai. Era um dos poucos lugares da casa onde ele ainda conseguia respirar sem sentir que tudo estava desabando.

Poucos minutos depois, Antonela entrou. Sabia que encontraria o filho ali. Ela o conhecia bem demais para não perceber que ele sempre se escondia entre livros quando queria fugir do que sentia.

— Ela ia embora.

A voz de Antonela soou com firmeza, cortando o silêncio como uma lâmina.

Lorenzo ergueu os olhos devagar. Não perguntou “quem”. Sabia exatamente de quem a mãe falava. O nome dela pulsava em sua mente desde a noite anterior como um sussurro constante que ele não conseguia calar.

— E você… você não fez nada, Lorenzo. — acusou a mãe, os olhos tristes, mas sem desviar os deles.

Ele passou as mãos pelo rosto, exausto. O gesto de quem já havia se culpado mil vezes em silêncio.

— Eu sei.

— Sabe? — Antonela retrucou, dando um passo adiante. — Então por que diabos você está deixando isso acontecer? Você vai perder a melhor coisa que entrou na vida da sua filha desde que a Letícia se foi. Vai perdê-la por medo?

Lorenzo abaixou a cabeça. O orgulho, que sempre fora sua armadura, agora pesava como uma prisão. Ele não disse nada no primeiro momento. Apenas respirou fundo, como quem tentava reunir coragem para uma confissão.

E então murmurou:

— Eu vou viajar amanhã.

Antonela franziu o cenho, confusa.

— O quê?

— Rússia. Marco me ligou hoje. É um contrato importante… demanda presencial. Uma fusão de empresas com os russos. Alguns dias fora. Talvez uma semana. Talvez mais.

Antonela o olhou como se não estivesse reconhecendo o próprio filho.

— E você acha que fugir do país vai resolver o que está dentro de você? Vai deixá-la aqui, depois de tudo o que aconteceu?

Lorenzo suspirou. O cansaço era visível em cada linha de seu rosto.

— Ela vai ficar. Por Aurora.

Antonela cruzou os braços. O olhar agora era de pura decepção.

— Talvez… não por muito tempo.

Essas palavras o atingiram como um soco seco. Mas ele não reagiu. Apenas ficou ali, imóvel, deixando o peso daquela verdade se acumular sobre seus ombros.

✲ ✲ ✲

Do lado de fora da biblioteca, a mansão mergulhava em silêncio. Mas em outro ponto da casa, em um quarto modesto e abafado de emoções contidas, Isabella permanecia sentada na beira da cama, imóvel.

Capítulo 108 -  O Silêncio que Grita 1

Capítulo 108 -  O Silêncio que Grita 2

Capítulo 108 -  O Silêncio que Grita 3

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