Entrar Via

A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 113

A mansão respirava em silêncio.

Do lado de fora, a chuva batia ritmada contra os vitrais altos, escorrendo em veios tortos como lágrimas contidas. Do lado de dentro, apenas o arrastar de malas e o som macio das botas de Aurora correndo pelo mármore quebravam a quietude.

Isabella conferia pela terceira vez o zíper da última mala. Dobrou o cachecol da menina, ajeitou o capuz do casaco felpudo e checou, com a calma treinada de quem esconde tempestades, se o remédio para a madrugada de Aurora estava no bolso interno da mochila.

A menina corria de um lado para o outro, animada com a viagem para a casa da avó, o que fazia o coração de Isabella se aquecer, apesar da dor que ainda pulsava ali.

A menina assentiu, satisfeita, mas logo franziu o cenho.

— A sua vovó mora numa fazenda?

— Sim.

— E TEM CAVALO LÁ?!

— Tem. Cavalos, bois e muitas galinhas.

— TIA ISA, VAI SER DEMAIS!

O riso de Aurora voou pelo saguão, iluminando o ar pesado como um raio de sol teimoso — e foi aí que uma voz, com perfume de veneno e veludo, cortou a cena:

— Que cena… adorável.

Isabella se virou, devagar, como quem já sabia de onde vinha o veneno e deu de cara com Vereda. A mulher estava impecável como sempre. Vestido azul-marinho de seda que abraçava o corpo com arrogância, saltos suficientes para se impor sem dizer palavra, cabelos soltos e um batom vermelho vivo. Seus olhos eram frios, avaliadores, com o desprezo afiado de quem se acha dona do território.

— Vereda. — Isabella a cumprimentou com uma calma segura, erguendo levemente o queixo. — é um prazer revêv-la.

— Pena que não possa dizer o mesmo.

— Faça como eu… minta.

As duas se entreolharam por uns segundos.

— O que deseja?

— Soube que Giulia voltou da Europa. Vim visitá-la. — Os olhos varreram as malas, o casaco de Aurora, a proximidade entre as duas. — Mas vejo que encontrei algo mais interessante. — O sorriso torto desenhou-se. — Então Lorenzo finalmente te colocou no seu lugar?

O sangue de Isabella ferveu, mas a expressão permaneceu firme. Ela tomou a mãozinha de Aurora, que observava a cena com o cenho franzido, e respondeu com a voz mais baixa e letal que já havia usado:

— Talvez não da maneira que você gostaria, Vereda.

A outra parou, surpresa por um segundo. Em seguida, ergueu o queixo e sorriu maliciosamente.

— Você… — ela riu, com desdém. — Você acha mesmo que é suficiente para ele?

— Eu não preciso achar nada. — Isabella deu um passo à frente, com uma postura impecável e o olhar seguro. — Eu não sou um troféu. E, diferente de você, eu não preciso de um sobrenome para saber quem eu sou.

O rosto de Vereda endureceu, como porcelana trincando.

— Você se engana de tantas formas, menina. — O “menina” veio cheio de veneno. — Trabalhar aqui, dormir sob este teto, te deu a impressão de que você pertence. Mas não se iluda. Você é substituível. Como qualquer outra babá.

Aurora apertou a mão de Isabella mais forte. Isabella sorriu desviando o olhar para Aurora, apenas para lhe tranquiliza-la, mas em seguida, ergueu novamente o olhar encarando Vereda nos olhos e disse:

— Substituível? — sorriu de canto. — Quem costuma ser substituída é quem se oferece como opção. Não é o meu caso.

Vereda abriu a boca, pronta para retrucar, quando ouviu o som de passos pela escada principal.

— Isabella! — A voz doce da irmã de Lorenzo surgiu antes dela.

Giulia apareceu linda, em uma saia lápis preta e uma blusa creme, os cabelos soltos como se nada nunca abalasse sua estrutura. Desviou os olhos azuis para Vereda e parou.

O sorriso em seus lábios não alcançou os olhos.

— Vereda… quanto tempo.

O tom era educado, cortês e friamente distante. Vereda estufou o peito, sorrindo com contenção.

O nosso preço é apenas 1/4 do de outros fornecedores

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar