Vereda Catani
Saí daquela mansão com o sangue fervendo.
Cada passo que dava pelos degraus de mármore era como um trovão, como se a própria casa tivesse me escutado e estivesse rindo da minha cara.
“Senhora da mansão”… — o atrevimento de Giulia ecoava na minha mente como uma punhalada repetida. A audácia daquela garota, aquela… babá, se colocar no meu caminho como se tivesse algum direito.
A porta se fechou atrás de mim com um estrondo. A chuva gelada me acertou o rosto, mas eu não recuei. Naquele momento, meu ódio era fogo suficiente para me manter quente. Entrei no meu carro com um movimento brusco, jogando a bolsa no banco do passageiro. Minhas mãos tremiam de raiva sobre o volante, e a cada respiração pesada eu sentia meu orgulho ferido latejando.
— Talvez não da maneira que você gostaria, Vereda… — repeti baixinho, imitando o tom dela, com o veneno transbordando na voz.
Como aquela mulher ousava? Quem ela pensa que é? Só porque Lorenzo tem uma filha e uma ferida mal curada, ela se acha no direito de ocupar um espaço que não é dela?
Bati as mãos contra o volante, sentindo a raiva explodir dentro de mim.
Giulia, aquela mocinha metida a diplomática, ainda teve a audácia de me dizer aquilo.
— Ela vai se tornar a senhora da mansão… — foi o que disse, sorrindo como se me apunhalasse com prazer.
Eu conheço bem o jogo dessa família. Sei como funcionam essas teias de conveniência. Mas o que Giulia esquece é que eu também sei jogar.
Olhei meu próprio reflexo no espelho retrovisor. Meus olhos estavam mais escuros, a maquiagem perfeita intacta, mas a fúria queimava sob aquela superfície impecável. Eu jamais deixaria uma garota qualquer, principalmente uma babá, me derrotar assim.
Lorenzo é um homem confuso, sempre foi. A dor o endureceu, e isso o torna vulnerável. Isabella pode ter sido um tropeço, uma fraqueza passageira, mas nada que eu não possa destruir.
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