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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 116

Enquanto a menina se encantava com o mundo lá fora, Isabela se perdeu em pensamentos. A estrada parecia interminável, e cada quilômetro percorrido afastava-a fisicamente de Lorenzo, mas não conseguia arrancá-lo do coração. Era estranho. Doía, mas ao mesmo tempo, era necessário. Ela precisava de distância para respirar, para se encontrar de novo.

Fechou os olhos por alguns segundos, lembrando do olhar dele na noite anterior. Um olhar que dizia tanto e, ao mesmo tempo, escondia tudo.

O carro seguiu por entre as estradas de terra batida, ladeadas por campos vastos de verde vivo, onde o vento soprava livre e o céu parecia mais próximo da terra. Isabella sentia o coração bater mais forte a cada quilômetro que se aproximavam da fazenda. Já fazia tempo demais desde sua última visita, e agora, voltar com Aurora ao seu lado tornava tudo ainda mais especial… e mais doloroso.

A cidade ficou para trás, e logo a estrada se abriu diante delas como uma fita cinza cercada de verde. Campos se estendiam até onde a vista alcançava. Aurora, completamente fascinada, não parava de apontar e comentar:

— Tia Isa, olha aquele pássaro azul! Você viu?

— Vi, querida. É um pássaro muito bonito.

— Tudo aqui é diferente. Não é como na cidade… — disse Aurora, apoiando o rosto na janela.

Aurora ficou alguns minutos em silêncio, apenas observando o mundo passar pela janela. As árvores, os campos, os pequenos córregos cortando a paisagem. Às vezes, ela soltava exclamações espontâneas.

— Isa… — a vozinha da garotinha que segurava sua mão no banco de trás a despertou. — A gente já chegou?

— Quase, meu amor… — respondeu com um sorriso sereno, ainda que seu peito estivesse em descompasso.

Quando o carro entrou por uma estrada de terra ladeada por cercas de madeira, Aurora praticamente gritou de felicidade.

— Olha, tia Isa, vacas! — disse, colada ao vidro. — Nossa, elas são enormes!

— São mesmo. E daqui a pouco você vai ver cavalos de perto, não apenas de longe.

— Sério? — os olhos dela brilharam. — Eu posso tocar?

— Pode, sim. — Isabella sorriu. — Vamos pedir para o vovô mostrar o estábulo.

Quando dobraram a última curva, o portão de madeira rústica da fazenda surgiu, ladeado por cercas brancas e árvores antigas de copa frondosa. Uma placa com letras esculpidas à mão indicava: Sítio Boa Esperança.

Ao passarem pelo portão, Aurora arregalou os olhos.

— Cavalos! Tia Isa, cavalos de verdade! — Ela apontava animada para os animais pastando. — E olha as galinhas! E aquele ali é um pato?

Isabella sorriu com ternura ao ver o brilho nos olhos da pequena. Aquela era exatamente a reação que esperava.

— Você vai ver muito mais que isso, minha princesa.

A casa da família de Isabella surgiu entre as árvores. O cheiro de terra molhada e madeira envernizada preencheu o ar.

Aurora mal conseguia conter a empolgação, pulando no banco do carro.

— Posso conhecer tudo agora, tia Isa? Agora?

— Primeiro vamos cumprimentar a vovó, depois exploramos cada cantinho. — Isabella respondeu com paciência, embora seu coração estivesse batendo rápido ao voltar para aquele lugar cheio de memórias.

Enquanto o carro estacionava, Isabella teve a sensação de que essa viagem seria mais do que um simples descanso. Seria um reencontro com o passado, com a força que ela achava que tinha perdido… e talvez até com uma nova versão de si mesma.

A casa principal era simples, com varanda ampla, balanço de corda preso numa árvore antiga e canteiros de flores multicoloridas espalhados pelo jardim. Da porta, uma senhora de cabelos brancos e presos em um coque baixo esperava com os braços abertos. O vestido florido balançava com a brisa, e o olhar era um oceano de ternura.

— Minha menina… — sussurrou ela, assim que Isabella desceu do carro.

Isabella correu até a avó, envolvendo-a num abraço apertado, daqueles que curam dores antigas. E, por um instante, foi como se o tempo parasse.

— Vó… — a voz da jovem falhou. — Senti tanto a sua falta.

— Minha flor… você voltou. — A avó apertou com os olhos marejados. — E trouxe um anjo com você?

Aurora observava a cena com timidez, segurando firme a alça da mochilinha.

— Vem cá, docinho — chamou a senhora, agachando-se com dificuldade e abrindo os braços.

Aurora olhou para Isabella, que assentiu sorrindo, e então correu, jogando-se nos braços da mais velha.

— Você cheira a bolo de cenoura! — disse a menina, arrancando uma risada emocionada da avó.

— É porque tem um no forno, meu bem. Aqui na roça, toda chegada é recebida com bolo e café quentinho.

Capítulo 116 - A chegada à fazenda 1

Capítulo 116 - A chegada à fazenda 2

Capítulo 116 - A chegada à fazenda 3

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