O sol nascia preguiçoso sobre os campos da fazenda, tingindo tudo com tons dourados. A brisa fresca carregava o perfume da grama molhada pelo orvalho e o canto das galinhas ao longe anunciava que o dia começava. Aurora, encantada, observava tudo pela janela do quarto em que estava hospedada, seus olhos azuis brilhavam como se cada detalhe daquele lugar fosse um presente novo.
— Tia Isa, olha! Tem uma vaquinha ali! — gritou empolgada, apontando para um ponto distante no pasto.
Isabella sorriu, ainda ajustando os cabelos da menina, que estavam cuidadosamente trançados em duas longas tranças. Para completar o visual, Aurora usava um vestidinho florido em tons de amarelo e verde, com uma saia rodada que balançava conforme ela se mexia. As botas marrons de borracha, aquelas que Antonela insistiu em colocar na mala, agora pareciam o calçado mais perfeito do mundo para aquele dia. Na cabeça, um chapéu de palha com fita rosa completava o charme.
— Você está simplesmente linda, sabia? — Isabella disse, dando um beijo na bochecha rosada da menina. — Parece uma princesinha do campo.
— Princesas do campo usam chapéu? — Aurora perguntou curiosa.
— Usam. E também botas, porque precisam cuidar dos porquinhos, colher ovos e ajudar a tia Isa a trabalhar na fazenda.
Aurora abriu a boca num "O" de surpresa e correu até a porta.
— Vamos agora? Vamos?
— Calma, mocinha — Isabella riu, pegando o avental florido. — Primeiro, café da manhã.
O café da manhã na fazenda era uma festa de sabores. Na mesa, a avó de Isabella havia colocado pão fresco, queijo branco, manteiga, compotas caseiras e um jarro de leite recém-tirado. Aurora estava fascinada.
— Tia Isa, esse queijo é diferente do da cidade. É fofinho!
— Porque é fresquinho — respondeu a avó, sorrindo. — A vaca quase nem piscou e ele já virou queijo.
Aurora gargalhou, achando graça. Depois do café, começou a grande aventura da manhã. Isabella amarrou o avental na cintura da menina e a levou até o galinheiro.
— Vamos devagar, meu amor. As galinhas podem se assustar — disse Isabella, enquanto Aurora caminhava com passos cuidadosos.
— Elas botam os ovos de manhã, né? — perguntou a menina.
— Exatamente. E agora vamos pegá-los para o café da vovó.
Aurora colocou as mãos delicadamente na cesta de vime e pegou os ovos com uma concentração tão grande que Isabella precisou conter uma risada.
— Pareço uma galinha? — Aurora perguntou, séria.
— Parecida não, mas mais cuidadosa que muitas galinhas por aí — Isabella respondeu com carinho.
Quando terminaram no galinheiro, seguiram para o pomar. O ar estava impregnado com o doce perfume das maçãs maduras. Aurora ajudava como podia, levantando os bracinhos para pegar as frutas mais baixas enquanto Isabella esticava-se para alcançar os galhos altos.
— Tia Isa, essas maçãs são as mais bonitas que eu já vi! — disse Aurora, abraçando uma como se fosse um tesouro.
Logo, foram até a área dos porcos. Aurora, com o nariz franzido, olhou para os animais gorduchos.
— Eles fedem um pouquinho, né?
— Um pouquinho — Isabella riu. — Mas são muito bonzinhos. Quer dar comida a eles?
Aurora hesitou, mas quando viu Isabella jogar milho no cocho, imitou a babá e ficou radiante ao ver os porquinhos correndo para comer.
— Eu sou fazendeira agora! — anunciou, com orgulho.
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