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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 120

O sol da tarde banhava a fazenda em tons dourados e quentes, iluminando os campos com uma luz terrosa que tornava tudo mais bonito, mais calmo, mais vivo. O cheiro de lavanda e capim fresco pairava no ar, e uma brisa leve carregava o perfume das laranjeiras que cercavam a casa.

Depois de um almoço farto e animado com Flora, Isabella decidiu que era hora de cumprir a pequena missão do dia, buscar na cidade vizinha os produtos frescos que a avó pediu pela manhã, farinha de trigo fresca e, se possível, algumas ervas para chá colhidas por dona Odete, a parteira mais antiga e sábia da vila.

Aurora, claro, ficou em êxtase ao ouvir que iriam até a cidade.

A pequena surgiu vestida com um de seus vestidos favoritos, florido, de mangas curtas, com estampas de margaridas em tons suaves de amarelo e branco. Nos cabelos loiros presos com tranças laterais, ela usava um chapéu de palha enfeitado por uma fita rosa que voava toda vez que ela girava em frente ao espelho. As botinhas de couro, levemente gastas de tanto uso na fazenda, completavam o visual de “pequena exploradora rural”, como ela mesma havia declarado orgulhosa.

— Tia Isa, posso segurar a lista de compras? — perguntou com a testa franzida e os olhinhos castanhos cheios de seriedade.

Isabella riu, encantada com o tom adulto da pergunta.

— Claro que pode, mocinha. Mas só se prometer que não vai perder.

— Eu prometo! — disse Aurora, apertando o papel contra o peito como se carregasse um mapa do tesouro. — Vai ser a nossa missão secreta!

Dentro do carro, a menina acomodou-se na cadeirinha e, logo que Isabella deu partida, já começou a apontar animadamente para tudo que via pelo caminho. A estrada de terra serpenteava entre campos verdes pontilhados por flores silvestres e árvores floridas que dançavam ao vento. Vacas pastavam preguiçosamente sob a sombra das figueiras, e cavalos trotavam ao longe, entre as cercas de arame farpado.

— Tia Isa! Olha! Uma vaca! — gritou, colando o rosto na janela. — E um cavalo! Ele é tão grande! Ele está olhando pra mim?

— Talvez esteja. — respondeu Isabella, rindo. — Acho que ele reconheceu uma fazendeira experiente.

Aurora deu uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.

Quando chegaram à cidadezinha, o coração de Aurora parecia saltar do peito. A praça central estava viva e movimentada, com barracas coloridas enfileiradas ao redor da fonte de pedra. Crianças corriam, senhoras vendiam flores e geleias, e o cheiro dos pães recém-assados invadia o ar. O som de risos, conversas e pregões dos feirantes criava uma trilha sonora típica do interior, acolhedora e familiar.

— Uau… — sussurrou Aurora. — Tia Isa, esse lugar é mágico?

— É especial. — disse Isabella, segurando sua mão. — E hoje ele é todo seu.

A menina correu de uma barraca à outra como se estivesse em um parque de diversões. Tocava as frutas, cheirava os temperos, cumprimentava os comerciantes como uma pequena dama da cidade. Quando chegaram às maçãs, ela pediu para escolher.

— Preciso encontrar as mais felizes — disse, passando a mão nas frutas. — Essas aqui… essas estão sorrindo pra mim!

Isabella não discutiu. Deixou que Aurora selecionasse uma a uma, com um critério muito particular que ninguém ousou questionar.

Pegaram farinha moída na hora, açúcar mascavo e uma barra de chocolate especial — “porque a vovó merece um pedaço doce extra”, segundo Aurora. Depois, escolheram um buquê de ervas de chá que exalava o perfume das montanhas.

Antes de saírem do mercado, Aurora lançou o olhar pidão:

— Tia Isa… posso escolher uma bala?

— Uma só — respondeu Isabella, firme.

Aurora pensou um segundo.

— Duas? Por favor, por favor?

Isabella não resistiu e cedeu, rindo da esperteza.

No caminho de volta, com as sacolas acomodadas no banco de trás, as duas começaram a cantar. Inventaram uma música sobre cavalos que comiam torta de maçã, galinhas cantoras e pintinhos astronautas. Era uma verdadeira sinfonia de rimas estranhas e gargalhadas, que fez até um fazendeiro parado na estrada acenar para elas, sorrindo.

Mas então, depois de um tempo, a voz de Aurora amansou, quase como se o cansaço e a saudade tivessem se enroscado no peito dela.

— Tia Isa… — começou, num tom mais baixo. — Eu tô com saudade do papai.

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