A noite na fazenda tinha um perfume doce e úmido, carregado pelo vento leve que passava por entre as árvores, espalhando o aroma fresco da terra recém-respirada pela brisa, das folhas ainda úmidas e de algo que só podia ser chamado de promessa. Acima deles, o céu se abria como um oceano de estrelas, imenso, profundo, protegido pela lua cheia que brilhava como se tivesse decidido iluminar apenas aquele instante, apenas aquele amor.
— Talvez… — disse ela, com um brilho nos olhos — você não precise dormir tão cedo.
Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso e encantado.
— O que você está sugerindo, senhorita Isabella?
Ela riu e se afastou só o suficiente para deslizar os dedos pela mão dele e puxá-lo em direção à porta.
— Que tal um banho de riacho antes de dormir?
Lorenzo ficou imóvel por um segundo, depois sorriu largo, como um menino.
— Eu adoraria.
Lorenzo ainda segurava a mão de Isabella, e o calor do toque entrelaçado parecia ser o elo que mantinha os dois no mesmo compasso. Ela tinha os lábios entreabertos, o peito subia e descia rápido, não só pela expectativa, mas pela emoção que a envolvia.
Lorenzo a puxou pela mão, como um menino que convida a menina mais bonita da cidade para fugir de casa no meio da madrugada. Os dois atravessaram os corredores da fazenda em silêncio, com passos leves, para não acordar Aurora. A respiração contida, os olhares cúmplices. Mas, assim que cruzaram a porta dos fundos, a contenção se quebrou. Primeiro, vieram os sorrisos. Depois, as risadas. Por fim, uma corrida.
Descalços, eles atravessaram o gramado salpicado de orvalho. A grama fria roçava seus pés, e a cada passo levantava um cheiro fresco, misturado ao aroma das lavandas que cresciam perto do estábulo e ao toque adocicado do feno guardado. O som dos cascos dos cavalos ao longe, o canto distante de um grilo, tudo parecia compor uma sinfonia para acompanhá-los.
Isabella corria à frente, seus cabelos soltos dançando ao vento, e Lorenzo atrás, tentando alcançá-la. Ele gargalhava, mas não pela corrida, e sim pelo coração que parecia bater com a força de um homem vivo depois de muito tempo.
— Isso não é justo! — gritou ele entre risos. — Você corre leve como uma pluma!
— E você carrega esses músculos todos pra quê, então? — ela provocou, olhando por cima do ombro com um sorriso maroto.
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