Mas antes que pudesse fazer mais algum comentário espirituoso, a porta se abriu com um estrondo e Aurora entrou correndo pela cozinha, os cabelos soltos esvoaçavam atrás dela e um brilho impaciente nos olhos.
— TIA BIA!
Beatriz se virou a tempo de vê-la se atirar nos seus braços. Ela se abaixou abraçando a menina com ternura e saudade.
— Florzinha, estava com saudades.
— Eu também! — disse ela, rindo. — Mas eu estou indo embora nem vamos poder brincar. — disse fazendo um biquinho.
— Não fique triste, logo logo eu e a vovó estaremos indo fazer uma visitinha. Quem sabe eu acabe não arrumando um namorado por lá? — respondeu sorrindo. Os olhos de Aurora brilharam com uma ideia que surgiu na sua mente.
— Tem o doutor Stefano, ele é bonito e muito legal.
Flora gargalhou alto e Isabella se aproximou da menina sorrindo e perguntou:
— Agora além de enfermeira virou casamenteira?
Aurora sorriu e suas bochechas coraram fazendo todas rirem de sua inocência.
Beatriz, fingindo enxugar uma lágrima imaginária, suspirou:
— Alguém me dá uma panqueca antes que eu comece a chorar de verdade.
— Eu também quero panquecas! — gritou Aurora animada se sentando no colo de Isabella e já pegando um pratinho e colocando mel em cima.
— É muito mel, Aurora! — dizia Flora, entre risos. — Essa panqueca vai parecer um doce!
— Mas eu amo doce, vovó! — respondeu a garotinha, vestida com um short jeans e uma blusinha branca com desenho de vaquinha.
— Tia Isa, a gente vai mesmo embora hoje?
Isabella tocou o rostinho da menina e disse com ternura:
— Vamos, meu amor. Mas a gente volta, tá bom? A vovó Flora vai ficar esperando. E quem sabe da próxima vez a gente planta cenoura juntas?
— Isso seria maravilhoso!
Depois do café, Aurora foi escovar os dentes e terminar de arrumar a sua bolsa, enquanto as primas caminhavam juntas até o jardim.
— O doutor Stefano examinou a vó. Disse que ela estava bem, mas passou umas vitaminas. Garanta que ela tome tudo e que não se esforce muito.
— Você sabe como a avó é. Vi que tem novos funcionários na fazenda….
— Sim. Lorenzo, contratou para ajudar, ele quer que a vovó descanse e se divirta um pouco.
— Pelo visto teremos bingo no final de semana novamente.
As duas sorriram.
Em seguida, Beatriz apenas arqueou uma sobrancelha e olhou discretamente para o jardim, onde Lorenzo conversava com o motorista ao lado do carro.
Ele usava um terno escuro, impecavelmente alinhado ao corpo largo, o colarinho aberto no pescoço e as mangas arregaçadas até os antebraços. O sol matinal recortava sua silhueta com precisão quase cruel, destacando os ombros largos e a postura confiante. Estava sério, concentrado na conversa, e a expressão sóbria fazia com que parecesse ainda mais atraente.
O coração de Isabella deu um pulo no peito. O corpo inteiro reagiu àquela imagem. Como era possível desejar tanto um homem apenas por vê-lo parado, falando com outro?
— Está tão ferrada. — sussurrou Beatriz rindo, percebendo o rubor no rosto da prima. — Ele vai fazer você perder a cabeça. E, honestamente? Sobrevive quem se entrega.
Antes que Isabella pudesse responder, a risada de Aurora cortou o ar. A menina apareceu na varanda correndo, seguida por Flora, que caminhava com calma, mas com os olhos úmidos de emoção.


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