Lorenzo se aproximou de Isabella com aquele passo seguro que parecia comandar o ambiente sem precisar de uma única palavra. O olhar dele, firme, profundo, carregado de uma ternura que se mesclava a um desejo silencioso, encontrou o dela e, por um instante, o tempo pareceu suspenso. Era como se todo o barulho do mundo tivesse ficado para trás, restando apenas o compasso compassado das respirações e o som suave de um relógio distante marcando o passar dos segundos.
Sem dizer nada, Lorenzo inclinou-se lentamente, aproximou o rosto até que Isabella pudesse sentir o leve aroma amadeirado do perfume que ele sempre usava, misturado àquele calor sutil que vinha da pele dele. Então, capturou seus lábios num beijo que, embora breve, carregava intensidade suficiente para deixá-la sem fôlego. Era um toque profundo, cheio de significados, como se nele houvesse uma promessa velada e a reafirmação de algo que já estava gravado no coração dos dois.
Ao se afastar, ainda com aquele olhar que dizia muito mais do que qualquer frase, Lorenzo abaixou-se e pousou um beijo suave na testa da filha.
Aurora encarava os dois com os olhinhos brilhando, estendeu os braços para segurar o rosto do pai por um segundo, como se quisesse guardá-lo ali, só para ela. Ele sorriu de volta, um sorriso que tinha o poder de derreter qualquer resistência. Endireitou-se, ajeitando o paletó com o mesmo cuidado de quem se prepara para algo importante, e então anunciou com uma naturalidade quase divertida:
— Preciso sair um pouco… — disse, ajustando o caimento perfeito do tecido nos ombros. — Vou namorar.
Aurora soltou uma risadinha cristalina, achando graça na escolha das palavras, e Isabella, embora mantivesse a expressão serena, sentiu uma onda quente subir pelo corpo. Seus olhos acompanharam cada passo dele até que Lorenzo atravessou a porta e desapareceu de vista. O peito dela se apertava num calor confortável, um misto de admiração e carinho que lhe acalmava a alma e, ao mesmo tempo, fazia o coração disparar.
— Mamãe… — a voz de Aurora soou doce, curiosa, e quebrou aquele silêncio contemplativo. — Você olha para o papai igualzinho nos filmes de princesa… — ela fez uma pausa dramática, como se tivesse descoberto algo importante — apaixonada.
Isabella sentiu as bochechas queimarem e soube que estava corando, mas não desviou o olhar da filha. Pelo contrário, sorriu e se inclinou até encostar a ponta do nariz no dela, respirando aquele cheirinho infantil que sempre a fazia lembrar do quanto era sortuda por ter Aurora em sua vida.
— Eu amo vocês dois… — disse com uma sinceridade que parecia aquecer o ar ao redor, como se a frase tivesse peso próprio. — Agora… o que acha de brincarmos um pouco no jardim?
— Oba! — Aurora comemorou, batendo palminhas, o entusiasmo saltando nos gestos.
Isabella a colocou no chão e, num impulso leve e alegre, as duas atravessaram o corredor iluminado pela luz suave da manhã, os passos apressados ecoavam levemente no piso de madeira. Aurora, com suas mãozinhas pequenas e quentes, apertava firmemente a da mãe, como se aquele gesto fosse um elo secreto entre as duas, e era. A porta dos fundos se abriu, revelando o jardim, e imediatamente o aroma fresco de terra úmida e flores invadiu os sentidos das duas.
— Está sentindo, mamãe? — Aurora ergueu o rosto, fechando os olhos por um instante. — Cheiro de princesa que acordou cedo. Isabella riu, um riso leve que escapou sem esforço.
— Então acho que somos duas princesas hoje.
O gramado verde brilhava sob o orvalho, e cada passo deixava um rastro de pegadas minúsculas, que se apagavam rapidamente com o calor do sol. Aurora se soltou e correu alguns metros, os cabelos loiros cacheados dançavam ao vento. Isabella a observava, sentindo o peito se encher de um orgulho silencioso e de um amor que doía de tão grande.
— Vem, mamãe! — a pequena chamou, apontando para um ponto no meio da grama. — Vamos deitar e procurar nuvens mágicas!

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