O dia no escritório tinha começado como tantos outros para Lorenzo. A mesa estava coberta de pastas abertas, relatórios espalhados e a tela do notebook ainda exibia a minuta de um contrato que ele precisava revisar. Marco, sentado na poltrona ao lado, conversava com ele sobre uma reunião marcada para o fim da tarde, enquanto o aroma forte do café recém-passado preenchia a sala. Era uma manhã comum, ou pelo menos parecia ser.
Lorenzo tinha um raro sorriso no rosto. Marco, que conhecia muito bem o amigo, sabia que aquilo só podia significar uma coisa, ou melhor, alguém. Sorriu e se acomodou melhor na cadeira e disse:
— Esse sorriso aí não é de contrato assinado. — brincou Marco, ajeitando a gravata. — Vai me dizer o que está por trás dele?
Lorenzo soltou uma risada curta.
— Hoje pela manhã, Aurora me pediu uma coisa… — começou, enquanto se acomodava melhor na cadeira. — Na verdade, ela não apenas pediu a mim, mas a Isabella tambem.
— Nossa, posso saber o que minha afilhada pediu?
Lorenzo sorriu largo e respondeu:
— Disse que queria um irmãozinho.
Marco abriu um sorriso cúmplice.
— Minha afilhada é esperta. E o que foi que vocês disseram?
— Que já estava providenciando isso.
Marco gargalhou alto feliz pelo amigo.
— Imagino a cara que sua mãe fez quando respondeu isso.
Lorenzo se levantou e foi até o cabideiro, tirou o paletó que estava ali e vestiu com cuidado. Depois, quase num gesto cerimonioso, levou a mão ao bolso interno e retirou uma pequena caixa de veludo azul. Colocou-a sobre a mesa e abriu lentamente, revelando um anel de design elegante, com um diamante que brilhava sob a luz suave.
Marco arregalou os olhos, erguendo as sobrancelhas.
— Então vai pedir a mão dela?
— Sim. — Lorenzo afirmou sem hesitar. — Não tenho mais dúvidas de que quero a Isabella na minha vida como minha esposa.
— E quando vai fazer isso? — Marco perguntou, cruzando os braços, genuinamente interessado.
— Descobri com a minha mãe que, na próxima semana, é o aniversário dela. Pretendo fazer um jantar apenas com a família, você e a Cristina. Vou mandar buscar a Dona Flora e a prima dela. Quero que tudo seja especial.
Marco sorriu com orgulho.
— Estou feliz por você, meu amigo. Feliz por ter encontrado uma mulher como a Isa. Tenho certeza que Letícia está feliz também.
Lorenzo baixou a cabeça e sorriu. Logo em seguida, ele continuou:
— Com certeza, Lorenzo. — Sua voz saiu segura, mas suave. — Letícia apenas quer que você e Aurora sejam felizes. Sempre foi isso que ela quis.
Por um instante, os dois permaneceram assim, num silêncio pesado, mas confortável. Lorenzo respirou fundo e assentiu, olhando diretamente nos olhos de Marco.
— Obrigado por sempre ter estado ao meu lado.— respondeu, com a voz firme, mas o tom carregado de emoção.
Com cuidado, ele pegou a pequena caixa que estava à sua frente. Era de madeira escura, polida, e tinha um fecho simples. Suas mãos, normalmente firmes, agora agiam com delicadeza quase reverente. Fechou-a com movimentos lentos, como se estivesse guardando não apenas um objeto, mas um pedaço importante de sua história. A caixa fez um leve estalo ao se trancar, e Lorenzo manteve a mão sobre a tampa por alguns segundos, respirando fundo, como se dissesse a si mesmo que era hora de seguir em frente.
Marco permaneceu ao lado dele, respeitando o silêncio e entendendo que, naquele instante, nenhuma palavra seria mais importante do que a decisão que Lorenzo havia acabado de tomar a de viver de verdade outra vez.
Até que o toque estridente do celular quebrou a normalidade como um raio rasgando o céu. Lorenzo olhou para o visor e viu o nome da mãe. Sorriu instintivamente, mas esse sorriso morreu antes mesmo de se formar quando atendeu e ouviu o som do choro do outro lado da linha.
— Lorenzo… — a voz de Antonella estava quebrada, trêmula, sufocada. — Filho… é a Isabella…
Ele ficou imóvel, sentindo o corpo inteiro enrijecer
— O que aconteceu com ela, mãe?
Do outro lado, a respiração da mãe parecia um soluço constante.
— Ela… ela sofreu um acidente. Um atropelamento. Está no hospital… disseram que o estado é grave.

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