— Ela… ela sofreu um acidente. Um atropelamento. Está no hospital… disseram que o estado é grave.
As palavras atravessaram Lorenzo como lâminas frias, cada sílaba cravava fundo, roubando-lhe o fôlego. Por um instante, ele ficou completamente imóvel, como se o corpo tivesse sido petrificado. O ar simplesmente não vinha. As paredes da sala de reuniões pareciam se fechar ao redor, e a voz de Antonella, embargada pelo choro, ecoava repetidamente em sua mente, martelando de forma cruel.
Não podia ser verdade. Não podia.
Ele fechou os olhos com força, como se isso pudesse apagar o que tinha acabado de ouvir. Quis acreditar que era um mal-entendido, que alguém estava exagerando, que Isabella não estava ferida… mas a respiração trêmula e desesperada de Antonella do outro lado da linha não deixava espaço para ilusões.
O som ao redor sumiu. Marco estava dizendo algo, talvez chamando seu nome, mas ele não ouvia. No lugar disso, um velho fantasma ergueu-se, trazendo uma lembrança que ele sempre tentou enterrar. O peso frio do corpo de Letícia em seus braços, a visão do rosto dela sem vida, o perfume doce misturado ao cheiro metálico e sufocante do sangue. Lembrou-se do silêncio sepulcral, do grito que nunca conseguiu soltar, do vazio que se abriu dentro dele naquele dia e que nunca se fechou.
E, de repente, o medo tomou forma.
Um medo gelado, feroz, que subiu pelo seu corpo como um veneno. O medo de reviver aquela cena. De chegar tarde demais. De ver Isabella deitada, imóvel, nos mesmos braços que antes havia segurado a morte. O pavor não era apenas perder a mulher que amava, era ser jogado de volta ao mesmo inferno que ele jurou nunca mais atravessar.
As mãos dele começaram a tremer, primeiro de forma quase imperceptível, depois com mais força. O corpo inteiro hesitava entre o impulso de correr e a paralisia diante do que poderia encontrar. O coração batia rápido demais, mas, ao mesmo tempo, parecia que cada batida exigia um esforço sobre-humano.
Marco, percebendo o olhar vazio e distante do amigo, aproximou-se rápido e segurou-lhe os ombros com firmeza.
— Ei, olha pra mim. — A voz dele veio grave, carregada de urgência. — Isso não vai acontecer, Lorenzo. Você está me ouvindo? Nós vamos chegar lá a tempo. Ela vai ficar bem.


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