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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 170

Lorenzo Vellardi

Dizem que existem momentos que mudam o rumo da vida. Eles não chegam com aviso, não pedem licença, simplesmente acontecem e você entende, no exato segundo, que não vai esquecer.

Naquele dia, o ar da sala parecia mais denso, como se todos estivessem respirando o mesmo compasso de expectativa que eu. Os risos e conversas se misturavam, mas para mim já soavam distantes, abafados, como se um pano invisível tivesse sido colocado sobre o som. Meu coração batia num ritmo que eu reconhecia: o mesmo de quando vi Isabella pela primeira vez.

Eu não planejei discursos, mas senti que precisava dizer mais do que um simples “quer casar comigo?”. Eu queria que ela entendesse que cada palavra vinha de dentro de mim.

— Posso roubar a cena um minuto? — perguntei, e não foi só a voz que fez o barulho diminuir; foi a maneira como eu a olhava.

As conversas cessaram aos poucos, como se alguém tivesse girado um botão de volume. Fui até o centro da sala, puxei todo o ar que coube nos pulmões e me ajoelhei diante de Isabella. O gesto saiu tão natural que eu soube, ali, que já estava ajoelhado por dentro desde o primeiro sorriso que ela me deu, com a boca e com os olhos.

— Eu pensei nesse momento muitas vezes. — comecei, com a voz falhando —, e em todas as versões eu terminava agradecendo. Porque foi isso que você me ensinou desde que chegou, agradecer até o que a gente não entende. Obrigado por ter voltado, Isabella. Obrigado por ter ficado. Obrigado por me deixar aprender a ser pai outra vez, homem outra vez, casa outra vez. — Respirei e a sala, inteira, respirou comigo. — Eu não sei prometer um mundo sem sustos, mas sei prometer que, quando eles vierem, eu fico. Eu seguro a tua mão. Eu esquento a sopa. Eu te dou meus dois ombros e, se faltar, eu invento mais. Eu quero todos os seus dias, os enfadonhos, os de festa, os de consulta, os de dormir cedo, os de rir alto, os de chorar junto. Quero ser teu abrigo e teu exagero, teu silêncio e teu barulho. Isabella… — tirei do bolso a caixinha pequena que minha mãe me deu há dias, a qual continha um anel da família que foi dela e da minha avó — casa comigo?

Eu ouvi um “ahhh” coletivo, e por um segundo fiquei tenso. Mas aí vi os olhos de Isabella encherem ao ponto de transbordarem, e a mão vir à boca num gesto que eu conheço desde a primeira vez em que a beijei.

Aurora tapou a própria boca, como se segurasse o grito. Dona Flora já chorava abraçada a Maria e a minha mãe. Giulia e Beatriz se abraçaram emocionadas. Dr. Stephano tinha um sorriso largo e orgulhoso no rosto.

Isabella não fez suspense. Estendeu a mão, o riso e o choro misturados, e disse com a voz que eu queria para todas as manhãs:

— Sim. — E, como se quisesse apagar qualquer resquício de dúvida no mundo, repetiu, mais baixo, para mim somente: — Mil vezes sim.

O anel deslizou no dedo dela como se já morasse lá. Aurora pulou, correndo até nós dois nos abraçando e gritou para a sala inteira ouvir:

— A MAMÃE DISSE SIM!

Maria bateu palmas, Antonella juntou as mãos no peito e agradeceu em voz alta, Flora abraçou a neta com cuidado sussurrando um “você merece toda a felicidade do mundo”, Beatrice filmou os últimos segundos porque alguém no futuro iria querer rever, e eu… eu simplesmente encostei a testa na dela, e beijei as lágrimas que caíam pelo lado de fora e as que acalmavam por dentro.

— Agora a gente tem uma missão dupla. — Isabella disse, afagando meu rosto com a mão quente. — Casar e esperar o Benjamim.

— E comer bolo — Aurora acrescentou, muito séria, como quem escreve a ata da assembleia. — Porque todo casamento começa com bolo.

Rimos. Eu me levantei, sentei ao lado da Isabella, e ela se recostou em mim com um suspiro que dizia “estou em casa”. Aurora deitou a cabeça na perna da mãe e ficou ali, fazendo desenhos invisíveis no tecido do vestido. Dr. Stephano levantou um copo de suco como quem levanta uma taça.

— À saúde. — brindou — à casa e às segundas chances.

Capítulo 170 - Ela disse Sim 1

Capítulo 170 - Ela disse Sim 2

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