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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 173

A pergunta pousou no quarto com o peso exato de uma pedra jogada num lago calmo. O corpo de Isabella reagiu primeiro que a mente. Os dedos dela apertaram os dele um tiquinho a mais, a respiração perdeu um compasso e voltou. Os olhos ficaram brilhantes, não de choro, mas de receio, insegurança, medo.

Isabela tinha medo de contar a Lorenzo, que havia sido Vereda a causadora do acidente. Tinha medo do que ele pudesse fazer.

Lorenzo percebeu. Não soltou a mão. Apenas se aproximou mais um pouco, apoiou a testa na dela, e esperou.

Isabella respirou curto. A pergunta de Lorenzo ainda vibrava no ar, funcionando como um sussurro que não encontrava pouso. Ela mordeu o canto do lábio, como fazia quando precisava ganhar tempo, e deixou os olhos fugirem para a janela. A cortina mexia pouco, a luz do fim de tarde invadia o quarto o aquecendo.

Lorenzo sentiu o tremor mas não recuou. Aproximou-se mais um pouco, os joelhos encostando no colchão, os cotovelos apoiados de leve ao lado do quadril dela. O olhar dele não tinha pressa mas era intenso. Com a ponta dos dedos, ele desenhou um caminho lento pelas costas da mão de Isabella, subindo até o punho, como quem devolve ritmo ao que saiu do compasso.

— Eu estou aqui. — disse, baixo. — Mas eu preciso saber o que aconteceu.

Ela fechou os olhos um momento, procurando dentro de si um chão que não fosse feito de sirene. O barulho dos pneus voltaram com tudo, ela conseguia sentir o cheiro da borracha queimada, o impacto no chão, a maneira que ela levou a mão ao ventre… e por último, o medo que ela sentiu por achar que nunca mais o veria.

— Isa… — Lorenzo levou a mão ao queixo dela, levantando o rosto para que seus olhos encontrassem os dele. — Eu preciso saber, por favor.

— Eu… — começou, e a voz falhou. Respirou fundo, tentando novamente, agarrando-se às mãos de Lorenzo como quem atravessa uma ponte estreita. — Eu tenho medo de te dizer e te perder para a raiva.

Ele inclinou o rosto e encostou a testa na dela, num gesto simples que dizia muito. O azul dos olhos dele ficou perto o bastante para ela ver a ternura escondida no canto, aquela que só aparece quando o amor decide ser abrigo.

— Olha pra mim, Isa. — sussurrou enquanto segurava o seu rosto com as duas mãos. — O que quer que você diga, eu não vou te perder. Nem você vai me perder. Mas preciso saber da verdade, para proteger vocês dois.

Ela abriu os olhos devagar.

— Foi a Vereda.

As três palavras saíram limpas, sem desviar. A frase ficou suspensa entre os dois por um instante que pareceu maior do que o segundo que o relógio indicava. Lorenzo piscou uma vez, duas, três. O maxilar desenhou uma linha mais firme. A mão que segurava a dela apertou, o corpo de Lorenzo tencionou, seus olhos, antes azuis e límpidos, escureceram e cintilaram. Era uma luta entre sentir e conter. Isabella percebeu, mas não hesitou e continuou falando:

— Eu estava voltando da escola e ele intimidou, mas eu não fiquei calada. Então… — Isabella suspirou fundo como se buscasse forças para continuar — me empurrou contra o carro. — os dedos de Isabella subiram, instintivos, para a barriga — eu só consegui proteger ele. O resto… eu não consigo lembrar direito. Houve vozes, passos, alguém correndo… e o rosto dela. O rosto dela olhando como se aquilo fosse… — ela procurou a palavra e desistiu — música.

Lorenzo não respirou por um segundo. Algo atravessou os olhos dele como uma sombra rápida. Ele passou a mão pelo rosto, tentando controlar o desejo insano de se vingar.

Capítulo 173 - O nome da Serpente 1

Capítulo 173 - O nome da Serpente 2

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