Lorenzo sabia que precisava se acalmar. Não podia deixar o ódio tomar conta de si. Precisava ser frio e calculista. Olhou novamente para a sua imagem no espelho e deixou o homem que tinha enterrado voltar para o seu corpo. O homem frio, determinado e disposto a tudo para proteger quem ama. Vereda ia pagar pelo o que fez e definitivamente ela iria desaparecer de sua vida.
Despiu-se devagar, como se cada peça de roupa fosse um peso que caía no chão, mas a tensão não se dissipava. Entrou no box, girou o registro, e a água quente começou a escorrer, primeiro tímida, depois intensa, batendo no topo de sua cabeça, nos ombros, descendo pelo corpo. Fechou os olhos por um instante, respirando dentro do vapor, tentando se centrar, mas o sangue ainda pulsava com força demais.
Foi então que sentiu.
Um toque leve, quase uma brisa, pousando nas suas costas. Um beijo suave, quente, contrastando com a água que caía. Em seguida, um braço se enroscou em sua cintura, apertando-o com doçura.
Lorenzo abriu um sorriso involuntário, pequeno, quase cansado, e virou-se devagar. E lá estava ela com os cabelos já úmidos pela névoa, os olhos brilhando com algo que misturava amor, desejo e um pedido silencioso de cura.
— Pequena… — ele murmurou, com a voz baixa e rouca. — Nós não podemos…
Mas antes que pudesse completar, ela aproximou-se ainda mais. Seus dedos deslizaram pela sua pele molhada, enquanto ela o olhava com intensidade.
— Por favor, meu amor… — sussurrou, com a voz carregada de vulnerabilidade e urgência. — Faz amor comigo.
O ar pareceu evaporar. A raiva que queimava nele se misturou a um calor diferente, mais profundo, que vinha dela. Lorenzo soube, naquele instante, que aquela noite não era sobre planos de vingança. Era sobre promessas de vida.
Lorenzo sentiu o pedido dela atravessar a água quente como uma corrente elétrica. O vapor desenhava contornos na pele de Isabella, transformando cada gota em brilho. Ele tocou o rosto dela com as duas mãos, devagar, como se estivesse recebendo algo sagrado, e pousou um beijo na testa antes de descer para a linha do nariz, a ponta do queixo, o canto da boca.
— Você tem certeza? — perguntou baixo, com a voz rouca e o olhar buscando o dela como quem procura a casa depois de um temporal.
Isabella assentiu, com os olhos úmidos mais pelas sensações do que pelo vapor. Os dedos dela percorreram o maxilar dele, sentindo a tensão que ainda morava ali, o resto da raiva e a sombra da promessa de vingança. Ela aproximou a boca do ouvido dele.
— Eu preciso te sentir…
A frase se aconchegou no peito de Lorenzo e o desarmou. Ele encostou as costas na parede do box, trazendo-a para perto, fechando o espaço entre os dois até que já não houvesse distância, só calor. As mãos dele percorreram as costas dela, subindo pela coluna numa trilha que acalmava e acendia ao mesmo tempo. Isabella respirou fundo quando a água, desviada pelos corpos, começou a cair de lado, como se o banho tivesse aprendido os contornos daquele abraço.
— Me diz se algo te incomodar. — ele pediu, com a palma aberta sobre as costas dela, atento ao menor gesto, a qualquer sinal.
— Só me ama. — ela respondeu, e havia nessa simplicidade uma ordem e uma oração.
Os lábios se encontraram de novo, mais seguros. O beijo começou manso, como quem aprende de novo o gosto de uma promessa, e foi ganhando urgência nos intervalos da respiração, sem pressa de acabar. Isabella se ergueu um pouco nas pontas dos pés, e Lorenzo a encaixou no abraço, sustentando-a com uma facilidade que não era só força, era cuidado.
A boca dele explorou a curva do pescoço dela, deslizando sobre a pele quente, deixando atrás um rastro de arrepios. Ela desceu as mãos pelo peito dele, sentindo o músculo que se contraía e relaxava, e o coração que batia forte. A cada toque, ele respondia com um suspiro, com um beijo mais demorado, com um roçar de nariz que a fazia sorrir entre um gesto e outro.
— Eu te amo tanto… — ele disse, simples, como quem assina um documento que não precisa de testemunhas.
Isabella fechou os olhos um instante, deixando que a frase entrasse inteira. Quando abriu, havia luz. A luz que ela sempre reconhecia nele quando ele parava de brigar com o mundo e lembrava que, no fim, o que o segurava de pé era a família que estavam construindo.
— Então me prova… .
Lorenzo a virou de leve, só o suficiente para que a água caísse agora sobre os ombros dela, derramando um rio quente pelo caminho das escápulas. Ele a envolveu pela cintura, a levantando com cuidado. Isabella circulou as pernas ao redor do quadril, e gemeu ao sentir a ereção de Lorenzo roçando em sua intimidade já úmida e pulsante. O beijo voltou, profundo e intenso.
Isabella deixou que a cabeça caísse de leve para trás, oferecendo-lhe o pescoço. Lorenzo entendeu a entrega, percorreu com os lábios a linha da pele e sentiu o pulso dela acelerar sob a própria boca. O som que ela fez ficou guardado, como um segredo trancado no bolso do coração dele.

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